sexta-feira, 29 de abril de 2011

Parte: XII

Transcorreram o segundo e o terceiro dia  e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro, aterrorizado, fugira para sempre de casa. Não tornaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria  em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura.  
          
No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, à minha casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobrira jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca.   
          
Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira  ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo oporão, de ponta a ponta. Com os braços cruzados no peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair. O júbilo que me inundava o coração era forte demais pra que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tornar duplamente evidente a minha inocência.    
        
- Senhores – disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada -, é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita.           

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