sexta-feira, 29 de abril de 2011

Literatura: vitalidade para o pensamento humano



Segundo Mario Vargas Llosa, em artigo publicado pela revista Seleções Reader’s Digest de maio de 2003, pág.98-102, a literatura é atividade das mais nobres e estimulantes à criatividade dos seres humanos. Por isso, deveria fazer parte de todas as formas de educação, desde as primeiras idades, no lar, até os programas educativos nas escolas. Gostar de ler não é questão de tempo, e sim, de hábito. E quanto mais cedo esse hábito tem início em nossas vidas, mais ele se torna uma necessidade vital para nossos espíritos, assim como o alimento o é para o corpo.

É incontestável que a especialização traz benefícios às pessoas, por possibilitar o progresso da sociedade por meio de pesquisas e experimentos úteis para vida coletiva. Mas também pode dificultar a permuta de pensamentos culturais diversos, dificultando a comunicação e a solidariedade, segregando as pessoas nos seguimentos culturais particulares. Somente a literatura pode unir a sociedade e não a deixar se desintegrar em centenas de especialidades. A tecnologia e a ciência, portanto, não conseguem exercer essa função unificadora da cultura de que a literatura é a base.

Os bons romances permitem-nos enxergar com clareza, nas manifestações da criatividade humana, a grande verdade da igualdade entre todos nós, independentemente da raça, da cultura, da riqueza material, do posicionamento político, da religiosidade ou não de cada criatura. A boa leitura nos permite aprender o que somos e como somos perante o mundo, com nossos atos, idealismos, ousadias, medos ou fantasias. A literatura estabelece um elo fraterno entre os seres humanos que transcende todas as barreiras do tempo e espaço.

A pessoa que lê muito, refletidamente, tem como benefício o domínio linguístico, passando a exprimir-se com mais riqueza de detalhes, mais criativamente, com clareza e correção. Por outro lado, quem nunca ou pouco lê pode até falar muito, mas sempre dirá pouco, porque dispõe de um repertório mínimo de palavras para se expressar.

Sem a literatura, a mensagem crítica sofreria irreparável perda, pois a boa literatura proporciona radical questionamento do mundo em que vivemos. O bom texto literário sempre nos faz refletir, emociona, informa e, de algum modo, transforma.

Uma sociedade livre precisa contar com cidadãos livres, intelectualmente, críticos, responsáveis e criativos. É essa liberdade que nos permitirá examinar o mundo em que vivemos para buscar torná-lo em o mundo onde gostaríamos de viver. Não fosse a insatisfação, a rebeldia dos idealistas de todos os tempos, estaríamos ainda num mundo primitivo, sem progressos científicos, sem direitos humanos e, consequentemente, sem liberdade.

A figura de D. Quixote, na visão de Llosa, inspira os utopistas de todos os tempos a lutarem por uma humanidade real, na qual todos os homens se igualem como seres que merecem respeito, tratamento digno, oportunidades iguais e, por fim, uma vida melhor. Este é o papel da literatura: libertar consciências para transformar utopias em realidades.

Outro objetivo da literatura é o de agir como o traço de união entre as mais diversas culturas, sem o que a criatura, por mais conhecimento técnico que possua, será sempre alienada intelectualmente.

A boa literatura não somente é instrumento importantíssimo de ampliação cultural do leitor, como, também, é base para a produção de textos criativos. Podemos, pois, encerrar com esta expressão de Llosa (op.cit., pág. 98): “A Literatura é mais do que passatempo. É um meio indispensável para formar cidadãos”.

Autor: Jorge Leite de Oliveira

Referência bibliográfica:

OLIVEIRA, Jorge Leite de. Texto Acadêmico: Técnicas de redação e de pesquisa científica, Editora Vozes, 2011.

Esse e outros textos que postarei do mesmo autor são excelentes exemplos de dissertação argumentativa. Ele desenvolve um raciocínio bem sequenciando, ideias bem articuladas; apresenta um bem elaborado projeto de texto o que indica o completo domínio desse gênero. Sigam a sugestão do autor: Leiam textos literários! Próximo texto é um bom exemplo do discurso literário.

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