segunda-feira, 13 de junho de 2011

A uma amiga do coração:


Os Piriris

E tem a história do Nascimento, que um dia quase brigou com o garçom porque chegou na mesa, cumprimentou a turma, sentou, pediu um chope e depois disse:
- E traz aí uns piriris.
- O quê? – disse o garçom.
- Uns piriris.
- Não tem.
- Como não tem?
- “Piriris” que o senhor diz é...
- Por amor de Deus. O nome está dizendo. Piriris.
- Você quer dizer – sugeriu alguém, para acabar com o impasse – uns queijinhos, uns salaminhos...
- Coisas para beliscar – completou outro, mais científico.

Mas o Nascimento, emburrado, não disse mais nada. O garçom que entendesse como quisesse.
O garçom, também emburrado, foi e voltou trazendo o chope e três pires. Com queijinhos, salaminhos e azeitonas. Durante alguns segundos, Nascimento e o garçom se olharam nos olhos. Finalmente o Nascimento deu um tapa na mesa e gritou:
- Você chama isso de piriris?
E o garçom, no mesmo tom:
- Não. Você chama isso de piriris!

Tiveram que acalmar os ânimos dos dois, a gerência trocou o garçom de mesa e o Nascimento ficou lamentando a incapacidade das pessoas de compreender as palavras mais claras.
- Por exemplo, “flunfa”. Não estava claro o que era flunfa? 
Todos na mesa se entreolharam. Não, não estava claro o que era flunfa.
- A palavra está dizendo – impacientou-se Nascimento. – Flunfa. Aquela sujeirinha que fica no umbigo. Pelo amor de Deus!

Autor: Luís Fernando Veríssimo

Ofereço esse texto a minha amiga Eva de Mercedes.

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