terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

FALÁCIAS - ARGUMENTAÇÃO


Como Evitar Falácias

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa! (...)

A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...

Cecília Meireles -
Romanceiro da Incofidência

1. Introdução

Cuidado com as palavras! Cuidado com o que você ouve, lê ou escreve. Você não deve acreditar em tudo o que ouve ou lê. Você deve ter habilidade para lidar com discursos, com textos, com o que lhe dizem, com argumentos que lhe apresentam nos debates do dia-a-dia. Deve distinguir o que o vulgo confunde. Deve ter critérios para aceitar ou rejeitar enunciados, argumentos, declarações feitas. Muitas carecem de fundamentação.

São ardilosas. Enganadoras. Fraudulentas. Falsas. Falaciosas.

Como você reagiria, por exemplo, aos enunciados abaixo? Quais você aceitaria? Como você argumentaria para rejeitar os que devem ser rejeitados? Tente.

  1. Se eu abrir uma exceção para você, deveria abrir também para João. Se abrir para João, devo abrir para André. E para Marcos também. Depois para Maria, Madalena, etc.
  2. Você deve votar de acordo com o partido! Ou será expulso!
  3. A professora chamou a atenção de Joãozinho na semana passada (duas vezes) e nesta (segunda, quarta e sexta). Não adianta mais chamar a atenção dele. Vamos suspendê-lo. 
  4. Os brasileiros gostam de praia, café, carnaval e futebol. 
  5. A lei que reduz o porte de armas de fogo deve ser abolida, pois, desde que entrou em vigor, a criminalidade aumentou. 
  6. Os empregados são como pregos: temos que bater para que cumpram suas funções. 
  7. Deve-se coibir usos como estes: "Me dá um cigarro", "eu vi ele", "tu foi", etc., porque, com essa permissividade, vamos reduzir a língua de Camões a uma falação de brutos, a uma língua pobre, de poucas palavras e alguns grunhidos. 
  8. Sabia que o casal X está se separando? Mas cuidado: em briga de marido e mulher ninguém põe a colher. 
  9. Aqui se faz, aqui se paga. 
  10. Você confia num dentista que foi aprovado com média cinco no vestibular? 
  11. É perigoso viajar em carro dirigido por mulher. 
  12. Crentes, muçulmanos, são todos uns fanáticos. 
  13. Os padres são pedófilos, os padres são mulherengos, os padres só pensam em dinheiro, os advogados são uns enroladores, os políticos são corruptos, os médicos uns açougueiros, os alunos são uns deitados, etc. 
  14. O elo perdido entre o homem e o macaco não foi encontrado: por isso a teoria da evolução está errada e a Bíblia está certa. 
  15. A ingestão de vinho faz bem. 
  16. O vinho é uma bebida saudável, que faz bem ao coração. É estimulante. Assim foi reconhecido por todos os povos antigos. Inclusive o Apóstolo São Paulo recomendava vinho em suas epístolas. 
  17. Tratava-se de discutir e eleger o perfil do professor ideal: ele seria autoritário ou deveria dar plena liberdade aos alunos? 
  18. A egiptóloga Fulana de Tal é uma principiante, obteve o doutorado há pouco tempo, tem limitada experiência: não pode julgar um descobrimento tão importante. 
  19. Não vou votar nele para presidente: ele bebe. 
  20. Todo nordestino é hábil, L. é nordestino, L. é hábil - Toda pessoa hábil é bom político. Ele é hábil. Ele é bom político, - Todo bom político é bom administrador. Ele é bom político. Ele é bom administrador. - Todo bom administrador merece ser eleito. Ele é bom administrador. Ele merece ser eleito. 
  21. Dez milhões de pessoas não podem estar erradas. Junte-se a nossa igreja você também. 
  22. Isso é uma verdade tão sublime que um milhão de pessoas já a aceitaram como regra de fé. 
  23. A Astrologia é uma arte adivinhatória praticada há milhares de anos no Oriente. Conta-se que os antigos reis da Babilônia teriam feito uso dela para saberem os dias mais propícios para as batalhas. Até os antigos imperadores chineses recorriam aos astros para guiarem seus passos no governo. É inadmissível que ainda hoje não a considerem uma ciência. 
  24. Essas práticas remontam aos primeiros séculos de nossa igreja. Como você pode questioná-las? 
  25. Milhares de pessoas acreditam no poder das pirâmides. Sem dúvida, elas devem ter algo especial. 
  26. Os índices de analfabetismo têm aumentado muito depois do advento da televisão. Obviamente ela compromete a aprendizagem. 
  27. A grande maioria das pessoas deste país são favoráveis à pena de morte como meio de reduzir a violência. Ser contra a pena de morte é, pois, ridículo. 
  28. Não acredite nos lingüistas: eles estão a serviço de uma ideologia de esquerda; são liberais, revolucionários e populistas. 
  29. Não é preciso conhecer matemática para vencer na vida. Meus conhecimentos dessa matéria não vão além das quatro operações e das frações ordinárias; no entanto tenho um salário maior do que o de muitos engenheiros. 
  30. O senhor não tem autoridade para criticar nossa política educacional, pois nunca concluiu uma faculdade. 
  31. Espero que o senhor aceite o portfólio e dê uma ótima nota, pois passei cinco noites sem dormir e ainda por cima cuidando de minha avó, que está muito doente. 
  32. Professor, eu preciso tirar boa nota. Se eu aparecer em casa com nota tão baixa, minha mãe pode sofrer um ataque cardíaco. 
  33. Eu não votei em Lula: afinal ele nem sabe falar direito. 
  34. Por que deveria eu ouvir uma ignorante como você?
Todos os enunciados acima devem ser rejeitados. São falácias. São enunciados ou tentativas de persuadir o leitor mediante em raciocínio errôneo, mediante um argumento fraudulento, enganoso.

Essas falácias, como você pode constatar, estão em todos os discursos: na publicidade, na política, nas religiões, na economia, no comércio, etc.

Falácia é, pois, todo o raciocínio aparentemente válido, mas, na realidade incorreto, que faz cair em erro ou engano.

Tradicionalmente, distinguem-se dois tipos de falácias: o paralogismo e o sofisma. O paralogismo é uma falácia cometida involuntariamente, sem má-fé; o sofisma, uma falácia cometida com plena consciência, com a intenção de enganar.

Essa distinção não é, no entanto, aceitável, pois introduz um critério exterior à lógica - a ética. Dito de outro modo, não compete à lógica apreciar as intenções de quem argumenta. Por isso, tornam-se como sinônimos os termos falácia e sofisma.

A seguir, apresentam-se os principais tipos de falácias.


2. Tipos de falácias

2.1 Apelo à Força (argumentum ad baculum)

Definição:
Consiste em ameaçar com conseqüências desagradáveis se não for aceita ou acatada a proposição apresentada.

Exemplo:
- Você deve se enquadrar nas novas normas do setor. Ou quer perder o emprego?
- É melhor exterminar os bandidos: você poderá ser a próxima vítima.
- Cala essa tua boca, ou não te dou o dinheiro para o show.
- Ou nós, ou a desgraça, o caos.

Contra-argumentação:
Argumente que apelar à força não é racional, não é argumento, que a emoção não tem relação com a verdade ou a falsidade da proposição.

2.2 Apelo à Misericórdia, à Piedade (argumentum ad misericordiam, ignorância de questão, fuga do assunto)

Definição:
Consiste em apelar à piedade, à misericórdia, ao estado ou virtudes do autor.

Exemplo:
Ele não pode ser condenado: é bom pai de família, contribuiu com a escola, com a igreja, etc.

Contra-argumentação:
Argumente que se trata de questões diferentes, que o que é invocado nada tem a ver com a proposição. Quem argumenta assim ignora a questão, foge do assunto.

2.3 Apelo ao Povo (argumentum ad populum)

Definição:
Consiste em sustentar uma proposição por ser defendida pela população ou parte dela. Sugere que quanto mais pessoas defendem uma idéia mais verdadeira ou correta ela é. Incluem-se aqui os boatos, o "ouvi falar", o "dizem", o "sabe-se que".

Exemplo:
Dizem que um disco voador caiu em Minas Gerais, e os corpos dos alienígenas estão com as Forças Armadas.

Contra-argumentação:
Os educadores, os professores, as mães têm o argumento: se todos querem se atirar em alto mar, você também quer? O fato de a maioria acreditar em algo não o torna verdadeiro.

2.4 Apelo à Autoridade

Definição:
Consiste em citar uma autoridade (muitas vezes não - qualificada) para sustentar uma opinião.

Exemplo:
Segundo Schopearhauer, filósofo alemão do séc. XIX, "toda verdade passa por três estágios: primeiro, ela é ridicularizada; segundo, sofre violenta oposição; terceiro, ela é aceita como auto-evidente". (De fato, riram-se de Copérnico, Galileu e outros. Mas nem todas as verdades passam por esses três estágios: muitas são aceitas sem o ridículo e a oposição. Por exemplo: Einstein).

Contra-argumentação:
Mostre que a pessoa citada não é autoridade qualificada. Ou que muitas vezes é perigoso aceitar uma opinião porque simplesmente é defendida por uma autoridade. Isso pode nos levar a erro.

2.5 Apelo à Novidade (argumentum ad novitatem)

Definição:
Consiste no erro de afirmar que algo é melhor ou mais correto porque é novo, ou mais novo.

Exemplo:
Saiu a nova geladeira Pólo Sul. Com design moderno, arrojado, ela é perfeita para sua família, sintonizada com o futuro.

Contra-argumentação:
Mostre que o progresso ou a inovação tecnológica não implica necessariamente que algo seja melhor.

2.6 Apelo à Antigüidade (argumentum ad antiquitatem)

Definição:
É o erro de afirmar que algo é bom, correto apenas porque é antigo, mais tradicional.

Exemplo:
Essas práticas remontam aos princípios da Era Cristã. Como podem ser questionadas?

Contra-argumentação:
Argumenta que o fato de um grande número de pessoas durante muito tempo ter acreditado que algo é verdadeiro não é motivo para se continuar acreditando.

2.7 Falso Dilema

Definição:
Consiste em apresentar apenas duas opções, quando, na verdade, existem mais.

Exemplos:
- Brasil: ame-o ou deixe-o.
- Você prefere uma mulher cheirando a alho, cebola e frituras ou uma mulher sempre arrumadinha?
- Você não suporta seu marido? Separe-se!
- Quem não está a favor de mim está contra mim.

Contra-argumentação:
Simples. Mostre que há outras opções.

2.8 Falso Axioma

Definição:
Um axioma é uma verdade auto-evidente sobre a qual outros conhecimentos devem se apoiar. Por exemplo: duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si. Outro exemplo: a educação é a base do progresso. Muitas vezes atribuímos, no entanto, "status" de axioma a muitas sentenças ou máximas que são, na realidade, verdades relativas, verdades aparentes.

Exemplo:
Quem cedo madruga Deus ajuda.

Contra-argumentação:
Mostre que muitas frases de efeito, impactantes, bombásticas, retóricas, muito respeitadas podem ser meras estratégias mediantes as quais alguém tenta convencer, persuadir o ouvinte/leitor em direção a um argumento. No caso dos provérbios, mostre que se contradizem:
- Ruim com ele, pior sem ele X Antes só do que mal acompanhado.
- Depois da tempestade vem a bonança X Uma desgraça nunca vem sozinha.
- Longe dos olhos, perto do coração X O que os olhos não vêem o coração não sente.

2.9 Generalização Não - Qualificada (dicto simpliciter)

Definição:
É uma afirmação ou proposição de caráter geral, radical e que, por isso, encerra um juízo falso em face da experiência.

Exemplo:
A prática de esportes é prejudicial à saúde.

Contra-argumentação:
Mostre que é necessário especificar os enunciados. Othon Garcia (Comunicação em Prosa Moderna, FGV, 1986, p. 169) ilustra como se pode especificar a falácia acima, dada como exemplo: A prática indiscriminada de certos esportes violentos é prejudicial à saúde dos jovens subnutridos.

2.10 Generalização Apressada (erro de acidente)

Definição:
Trata-se de tirar uma conclusão com base em dados ou em evidências insuficientes. Dito de outro modo, trata-se de julgar todo um universo com base numa amostragem reduzida.

Exemplos:
- Todo político é corrupto.
- Os padres são pedófilos.
- Os mulçumanos são todos uns fanáticos.

Contra-argumentação:
Argumente que dois professores ruins não significam uma escola ruim; que em ciência é preciso o maior número de dados antes de tirar uma conclusão; que não se pode usar alguns membros do grupo para julgar todo o grupo. Faça ver que se trata, na maioria das vezes, de estereótipo: imagem preconcebida de alguém ou de um grupo. Faça ver também que são fonte de inspiração de muitas piadas racistas, como as piadas de judeus (visto como avarento), de negro (vista como malandro ou pertencente a uma classe inferior), de português (visto no Brasil como sem inteligência), etc. É por isso que essa falácia está intimamente relacionada ao preconceito.

2.11 Ataque à Pessoa (argumentum ad homimem)

Definição:
Consiste em atacar, em desmoralizar a pessoa e não seus argumentos. Pensa-se que, ao se atacar a pessoa, pode-se enfraquecer ou anular sua argumentação.

Exemplo:
- Não dêem ouvidos ao que ele diz: ele é um beberrão, bate na mulher e tem amantes.
Observação: Uma variação de "argumentum ad homimem" é o "tu quoque" (tu também): Consiste em atribuir o fato a quem faz a acusação. Por exemplo: se alguém lhe acusa de alguma coisa, diga-lhe "tu também"! Isso, evidentemente, não prova nada. 

Contra-argumentação:
Mostre que o caráter da pessoa não tem relação com a proposição defendida por ela. Chamar alguém de corrupto, nazista, comunista, ateu, pedófilo, etc. não prova que suas idéias estejam erradas.

2.12 Bola de Neve (derrapagem, redução ao absurdo reductio ad absurdum)

Definição:
Consiste em tirar de uma proposição uma série de fatos ou conseqüências que podem ou não ocorrer. É um raciocínio levado indevidamente ao extremo, às últimas conseqüências.

Exemplos:
- Mãe, cuidado com o Joãozinho. Hoje, na escolinha, ele deu um beijo na testa de Mariazinha. Amanhã, estará beijando o rosto. Depois.... Quando crescer, vai estar agarrando todas as meninas.
- O álcool e uma dieta pobre também são grandes assassinos. Deve o governo regular o que vai à nossa mesa? A perseguição à indústria de fumo pode parecer justa, mas também pode ser o começo do fim da liberdade. (Veja, agosto 2000, p.36) 

Contra-argumentação:
Argumente dizendo que as conseqüências, os fatos, os eventos podem não ocorrer.

2.13 Depois Disso, logo por Causa Disso (post hoc engo propter hoc)

Definição:
É o erro de acreditar que em dois eventos em seqüência um seja a causa do outro. No extremo, é uma forma de superstição: eu estava com gravata azul e meu time ganhou; portanto, vou usá-la de novo.

Exemplo:
- O chá de quebra-pedra é bom para cálculos renais. Tomei e dois dias depois expeli a pedra.
Observação: uma variação deste sofisma é o chamado "non sequitur" (não se segue, "nada a ver") em que uma conclusão nada tem a ver com a premissa: Venceremos, pois Deus é bom. (Deus é bom, mas não está necessariamente a seu lado; os inimigos podem dizer a mesma coisa). 

Contra-argumentação:
Mostre que correlação não é causação: o fato de que dois eventos aconteçam em seqüência não significa que um seja a causa do outro. Diga que pode ter sido apenas uma coincidência.

2.14 Falsa Analogia

Definição:
Consiste em comparar objetos ou situações que não são comparáveis entre si, ou transferir um resultado de uma situação para outra.

Exemplos:
- Minhas provas são sempre com consulta a todo tipo de material. Os advogados não consultam os códigos? Os médicos não consultam seus colegas e livros? Não levam as radiografias para as cirurgias? Os engenheiros, os pedreiros não consultam as plantas? Então?
- Os empregados são como pregos: temos que martelar a cabeça para que cumpram suas funções.
- Tomei mata-cura e fiquei bom. Tome você também.

Contra-argumentação:
Argumente que os dois objetos ou situações diferem de tal modo que a analogia se torna insustentável. Mostre que o que vale para uma situação não vale para outra.

2.15 Mudança do Ônus da Prova

Definição:
Consiste em transferir ao ouvinte o ônus de provar um enunciado, uma afirmação.

Exemplo:
Se você não acredita em Deus, como pode explicar a ordem que há no universo?

Contra-argumentação:
Mostre que o ônus da prova, isto é, a responsabilidade de provar um enunciado cabe a quem faz a afirmação.

2.16 Falácia da Ignorância (argumentum ad ignorantiam)

Definição:
Consiste em concluir que algo é verdadeiro por não ter sido provado que é falso, ou que algo é falso por não ter sido provado que é verdadeiro.

Exemplos:
- Ninguém provou que Deus existe. Logo, Deus não existe.
- Não há evidências de que os discos voadores não estejam visitando a Terra; portanto, eles existem. 

Contra-argumentação:
Argumente que algo pode ser verdadeiro ou falso, mesmo que não haja provas.

2.17 Exigência de Perfeição

Definição:
É o erro de reivindicar apenas a solução perfeita para qualquer plano.

Exemplo:
A automação cada vez maior dos elevadores desemprega muitas pessoas. Isso, portanto, é ruim, economicamente desaconselhável.

Contra-argumentação:
Argumente que planos, medidas ou soluções não devem ser vistos como integralmente perfeitos ou prejudiciais. Mostre que podem existir objeções para qualquer medida. Que os desvantagens de um plano são suplantados pelas vantagens.

2.18 Questão Complexa (pergunta capciosa, falácia da interrogação, da pressuposição)

Definição:
Consiste em apresentar duas proposições conectadas como se fossem uma única proposição, pressupondo-se que já se tenha dado uma resposta a uma pergunta anterior.

Exemplos:
- Você já abandonou seus maus hábitos?
- Você já deixou de roubar no mercado onde trabalha?

Contra-argumentação:
Mostre que existem duas proposições e que uma pode ser aceita e outra não.

OUTROS:


https://berakash.blogspot.com.br/2012/01/falacias-e-tipos-de-argumentos-mais_21.html


3. Conclusão

À guisa de conclusão, três convites:
  1. Releia as 34 falácias que se encontram na introdução deste trabalho e classifique-as.
  2. Leia o conto "O amor é uma falácia" (http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/amorfalacia.htm), do autor M. Sulmam. O conto faz parte da coletânea de contos intitulada "As cacinhas cor-de-rosa do capitão" (Porto Alegre, Globo, 1973) O conto põe em evidência, de forma bastante humorística, a necessidade de dominarmos o assunto aqui exposto, para não sermos enganados (e persuadidos) por argumentos falaciosos.
  3. Consulte também o "Guia das Falácias Lógicas do Stephem" (http://www.str.com.br/Scientia/falacias2.htm), de Downes Stephen, Brandom, Manitoba, Canadá, 1995-1998.

 FONTE: http://pucrs.br/gpt/falacias.php

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

SAPERE AUDE: "ATREVA-SE A CONHECER"! (kANT)


"Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.

A preguiça e a cobardia são as causas de os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio (naturaliter maiorennes),[482] continuarem, todavia, de bom grado menores durante toda a vida; e também de a outros se tornar tão fácil assumir-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que em vez de mim tem consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de bom grado tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de terem, primeiro, embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo não é assim tão grande, pois acabariam por aprender muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores.

É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tomou [483] quase uma natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir do seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer semelhante tentativa. Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional, ou antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais pequeno fosso, porque não está habituado ao movimento livre. São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade e encetar então um andamento seguro.


Mas é perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça."

 (...) 

TEMA DA FUVEST-SP (2017):  " O Homem saiu da sua menoridade?"

CONTINUE LENDO!

MODELOS DE TESES - DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA



Vamos iniciar o nosso estudo teórico-prático sobre a parte central da estrutura do texto tipo argumentativo: a Tese. Ela é também conhecida como o ponto de vista, e como tal deve ser clara, objetiva e concisa, preferencialmente. Por ser a ideia central do texto, coordena e sequencia o raciocínio - necessita ser discutida, comprovada, mediante argumentos, e  concluída.

Seguem exemplos de teses, visto que uma das reclamações dos alunos é sempre esta: “Professora, eu não sei começar!"

Assim, os exemplos ajudarão a resolver esse impasse, dando inúmeras possibilidades ao aluno.

Vale lembrar que na tese deve sempre estar presente a palavra-chave do tema proposto.

1 – Cena descritiva:
 
Exemplo:
O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os passantes. Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da metrópole. Uma fumaça densa e ameaçadora empresta a São Paulo o aspecto de fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a paisagem tristonha da poluição.

2 – Uma frase declarativa ou afirmação: 

Exemplo:
O artista contemporâneo, diante de um mundo complexo e agitado, tem por missão traduzir o mais fielmente possível essa realidade. Mesmo que pareça impossível impedir que o subjetivismo esteja presente, deve-se despir de opiniões já estabelecidas de pré-julgamentos ou preconceitos, a fim de que essa tradução seja fidedigna.

3 – Frases ou expressões nominais: 

Exemplo:
Baixos salários. Médicos descontentes. Enfermagem pouco qualificada. Falta de medicamentos. Desvio de verbas. Hospitais insuficientes e mal aparelhados. Atendimento precário. Esse é o retrato da saúde pública brasileira.

4 – Resgate histórico ou dados retrospectivos:
 
Exemplo:
As primeiras manifestações de comunicação humana nas eras mais primitivas foram traduzidas por sons que expressavam sentimentos de dor, alegria ou espanto. Mais tarde, as pinturas rupestres surgiram como primeiros vestígios de tentativa de preservação de uma era...

5 – Citação: textual e comentada.

Exemplo:
Textual: "O escravo brasileiro, literalmente falando, só tem uma coisa: a morte." Joaquim Nabuco, grande teórico do movimento abolicionista brasileiro. Nabuco revela uma das características que o pensamento antiescravista apresenta: a nota de comiseração pelo escravo.
Comentada: O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte. O movimento brasileiro antiescravista, quando já fortalecido, deixou bem clara essa pungente acusação nas palavras dos abolicionistas.

6 – Pergunta ou uma sequência de perguntas: 

Exemplo:
Os pensadores do século XIX propuseram nos termos da época as questões que, apesar de toda a posterior realidade, continuam a intrigar os críticos sociais: como funciona a mente de um político? Quais são os fatores imponderáveis que o levam a agir desta ou daquela maneira?

7 – Definição: 

Exemplo:
O envelhecimento é um processo evolutivo que depende dos fatores hereditários, do ambiente e da idade, embora ainda não tenham sido descobertas as causa precisas que o determinam em toda a sua amplitude e diversidade.

8 – Linguagem figurada: 

Exemplo:
Os meios de comunicação, com sua velocidade estonteante de informação, fazem de cada homem um condômino do mundo. De repente, todos ficaram sabendo quase tudo, sem tempo para digerir 90% das informações que recebem; é uma ilha cercada de comunicações por todos os lados.

9 – Narração: 

Exemplo:
O ano de 1997 foi marcado pela expansão da informática no país: realizaram-se as mais importantes feiras do mundo, apresentando novidades que deslumbraram os brasileiros. Os mais ávidos por se atualizar transformaram-se em presas definitivas de um dos mercados mais lucrativos do planeta.

10 - Ideias contrastantes ou ponto de vista oposto: 

Exemplo:
Enquanto muitos políticos brasileiros praticam a corrupção ao desviarem altíssimas somas em dinheiro do tesouro público, cerca de 30% da população sobrevive com menos de um salário mínimo. E para agravar, ainda temos episódios inaceitáveis como a proposta de aumento do salário dos deputados de R$ 12.000 para R$ 21.000!!

11 – Comparação: 

Exemplo:
A era da informática veio aprofundar os abismos do país: de um lado, assistimos ao avanço tecnológico desfrutado por cerca de 2% da população; de outro, assistimos à crescente marginalização da maioria que sequer consegue alfabetizar-se minimamente.

12 – Contestação ou confirmação de uma citação: 

Exemplo:
O computador liberta, afirmou Nicholas Negroponte, o pioneiro da era digital. Contudo, o modo como a informática vem se impondo parece angustiar o homem, gerando ansiedade que, longe de libertar, escraviza.

13 – Declaração surpreendente: 

Exemplo:
Jamais houve cinema silencioso. A projeção das fitas mudas era acompanhada por música de piano ou pequena orquestra. No Japão e outras partes do mundo, popularizou-se a figura do narrador ou comentador de imagens, que explicava a história ao público. Muitos filmes, desde os primórdios do cinema, comportavam música e ruídos especialmente compostos.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA


I – MACROESTRUTURA:  TESE + ARGUMENTOS + SOLUÇÕES

II – MICROESTRUTURA:

1. Introdução: Contextualização do assunto + inserção da TESE.

2. DESENVOLVIMENTO: Tópico frasal 1/2 + Desenvolvimento (recursos: análise de dados, fatos; comparações, exemplos, justificativas, citações, etc. + CRÍTICAS) + Fechamento (desse modo, dessa maneira, dessarte, portanto, enfim, então, dessa forma, sendo assim, etc.)

3. CONCLUSÃO: Termo de fechamento (conjunção ou expressão conclusiva) + reafirmação da tese + inserção das soluções + ARREMATE (citação direta ou fechamento do assunto discutido).


PROJETO DE TEXTO DISSERTATIVO:

     1. Assunto: Violência

     2. Tema: Bullying: brincadeira ou crime?

     3. Tese: Bullying, em decorrência dos prejuízos psicológicos e sociais sofridos pela vítima, pode, sim, ser considerado crime.

4. ARGUMENTAÇÃO:
4.1 TÓPICO FRASAL 1: Esse tipo de abuso, geralmente, está associado a problemas psicológicos.

4.2 TÓPICO FRASAL 2: Outro fator criminalizador desse ato decorre das complicações sociais entre os envolvidos.

5. SOLUÇÕES:
1.TF1: Debate sobre o tema e orientações (pais, professores, psicólogos); sessões: em casa, na escola e nos consultórios (filmes educativos, palestras, terapia). Espera-se que o estudante melhore a autoestima, e haja punição para o agressor e mudança de comportamento.


2.TF2: Ações sociais contra o bullying, na comunidade (autoridades: diretores de escolas, delegacias): Desenvolver projetos de cooperação, da não tolerância da prática (“Eu não gosto de falar mal dos outros, podemos mudar de assunto?”).  Criar um grupo de ouvidoria entre os próprios alunos. Construir um ambiente seguro, de autonomia dos sujeitos.




quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

REDAÇÃO NOTA MIL (2016)



"Orgulho Machadiano”

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da jsutiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.

Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agr e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil.

Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar."

TEMA (ENEM  2016): "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil"

https://fundacaoais.files.wordpress.com/2014/11/mapa-acn-religious-f20c2b3.jpg

https://blog.comshalom.org/carmadelio/51781-relatorio-estarrecedor-334-milhoes-de-cristaos-sofrem-perseguicao-hoje-no-mundo

http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/06/cristofobia.html


ENEM: REDAÇÃO NOTA MIL (2015)


Equilíbrio Aristotélico

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à problemática.

Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.


Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.

TEMA (Enem 2015):  “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira“.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

MACHADO DE ASSIS E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE




Machado de Assis: Um menino que cresceu órfão de pais e de escola. Embora destituído de posses e epilético decidiu contrariar a pobreza e todas as improbabilidades de vencer na vida e se tornou o maior de todos os brasileiros! 

"O último gênio da Literatura Brasileira", conforme afirma o crítico americano Harold Bloom. É uma pena que a maioria dos estudantes desse século não ousem aventurar pelos seus contos e romances. Essa inadequação para o pensar, para a leitura e para a escrita é responsável por distanciar o aluno atual do incrível e tão singular Brasil machadiano. 

Então fica a proposta: "Ao vencedor, as batatas!"

1. A Causa Secreta:


2. O Enfermeiro:



3.  Uns Braços:



4. A Cartomante: 



5. A Missa do Galo:

http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/machado108.pdf


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: Nasceu dia 31 de outubro de 1902 em Itabira do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais. Descendente de uma família de fazendeiros tradicionais da região, marcou passagem pela literatura brasileira.

Desde pequeno Carlos demonstrou grande interesse pelas palavras e pela literatura.

Estudou  no internato jesuíta no Colégio Anchieta, no interior do Rio de Janeiro, Nova Friburgo e foi destaque em “Concursos Literários”.

Formou-se em Farmácia na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, porém não exerceu a profissão.

Um de seus poemas mais conhecidos é “No meio do caminho”.  Na época, foi considerado um dos maiores escândalos literários do Brasil:

No meio do caminho tinha uma pedra
 
Tinha uma pedra no meio do caminho
 
Tinha uma pedra
 
No meio do caminho tinha uma pedra.
 
Nunca me esquecerei desse acontecimento
 
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
 
Tinha uma pedra
 
Tinha uma pedra no meio do caminho
 
No meio do caminho tinha uma pedra.

Além da reconhecida arte poética - Drummond também se dedicou a escrever contos. Por essa razão, você pode hoje usufruir de tão belas narrativas escritas por ele.


6 e 7. A Doida e Presépio (Carlos Drummond):

https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13223.pdf


Por: Delinha Pereira de Almeida Vilas Boas