domingo, 27 de agosto de 2017

PAÍS DA INTOLERÂNCIA




Vamos falar sobre intolerância escolar? Um tema pouco debatido, porém muito recorrente nas escolas desse Brasil. A intolerância é um problema grave e comum nas escolas deste país. Em um trabalho realizado em sala de aula fiz este artigo e pesquisa onde exponho minha visão sobre assunto. Todos nós temos força para mudar este mundo, ás vezes com simples palavras podemos mover grandes montanhas.

Artigo de opinião

Intolerância Escolar: os mais jovens também sabem ser cruéis

 Por Maria Irmany de S. Ribeiro

Trata-se da falta de compreensão ou aceitação em relação a algo. O indivíduo não consegue aceitar divergentes pontos de vista, ideias ou culturas. O problema possui diversas ramificações sendo que, às vezes, a religião, o estrato social, a orientação sexual, modo de ser e personalidade são motivos suficientes para que haja uma agressão. A grande questão está em não respeitar o próximo como este é. A intolerância surge em algum ponto da vida, está presente em muitas pessoas de forma até inconsciente, podendo acontecer sem que a pessoa perceba, sendo, assim, um hábito comum e oculto.
O Brasil é miscigenado, no entanto há pessoas que insistem em destilar ódio pelas ruas deste país. O caso recente da Miss Brasil Monalysa Alcântara é um dos vários casos que exemplificam uma dura realidade: o Brasil está doente, demasiadamente afetado pelo mal da intolerância.
Na escola não é diferente. Berço da formação parcial de nosso ser, a intolerância dentro do ambiente escolar é um fato inegável. A sociedade influencia os jovens. As crianças por mais inocentes que possam ser também estão aprendendo a dominar tal maldade. O aluno que vemos em sala de aula é um reflexo da educação que o mesmo recebe dentro de casa, dessa forma, a intolerância vista entre os estudantes não formou-se da noite para o dia, mas ao longo do tempo pelas influências externas(que há muito tempo não são dignas de felicidade). O respeito é algo importante dentro de um lar, mas nem sempre ele pode ser encontrado neste lugar.
Em uma pesquisa realizada com um grupo* de 115 pessoas com idades entre 10 a 25 anos, em que 95,7% apresentam idades entre 11 a 18 anos, 78,3% dos entrevistados já sofreu intolerância escolar. Com esse dado alarmante observamos um problema grave: a falta de respeito. A grande maioria sofreu tal violência por questões relacionadas com aparência física e personalidade, seguidos por problemas quanto à orientação sexual e desempenho escolar. Também há casos em que a religião e opiniões divergentes foram motivos de desrespeito.
Um total de 78,3% dos participantes já presenciaram casos de intolerância dentro da escola e observa-se, posteriormente, que boa parte das vítimas não denunciou o caso. A escola pode fazer palestras e trabalhos para a conscientização sobre o tema, contudo quando a equipe escolar depara-se com um caso real é notável haver falta de interesse em algumas ocorrências. A falta de preparo unida à falta de uma punição mais severa contribui para o silêncio. A maioria dos entrevistados afirmou nada ter feito contra o agressor, pois sabiam que não seriam ouvidos; alguns daqueles que denunciaram enfrentaram o descaso e a conformidade com a intolerância. Assim conclui-se que os casos de violência são tratados como fatos corriqueiros e sem que a devida atenção seja dada a violência continua e desde cedo os agressores sentem-se confortáveis aos pés da impunidade.
Em contrapartida, 34.8% das escolas referidas na pesquisa trabalham em combate à intolerância. O número é pequeno e de certa forma insatisfatório, porém, com o cenário atual das escolas, é um bom avanço. Infelizmente, 35,7% não trabalham o tema enquanto que 29,6% dos entrevistados afirmaram que suas escolas talvez trabalhem o tema. Em sala de aula, 41,7% dos professores trabalham a situação. Esses profissionais têm grande potencial para mudar opiniões e um debate entre os alunos pode ser uma forma de combater tamanha falta de respeito.
Perfez um total de 51,8% dos entrevistados que não apresentaram problemas quanto à agressão, mas 33,3% desenvolveram traumas e 14,9% não sabem ao certo. Outro patamar é alcançado: a falta de respeito é tão grande que ultrapassa os limites da dor humana: 14% dos entrevistados necessitaram de tratamentos com profissionais enquanto 86% seguiram sem demais problemas. Parece pouco, no entanto ninguém deveria ter sua estabilidade mental afetada só porque algumas pessoas não aprenderam o que é ser humano. Vemos por aí muitas pessoas. Quantas delas realmente sabem o que é amor ao próximo?
Ao tratarmos a intolerância entre os próprios alunos observamos, algumas vezes, a falta de interesse. Alunos riem e demonstram que serão os mesmos profissionais dos diversos âmbitos da sociedade que tornarão o ambiente profissional desagradável. Isso provavelmente será passado aos seus filhos e o ciclo de intolerância continuará. A escola pode agir para o combate, mas a realidade é que as pessoas só dão crédito à opinião alheia quando esta condiz com seus próprios conceitos e ideais. Você só vai entender realmente o que o colega sente se passar pelo que ele passa e até que isso ocorra seu colega de trabalho irá pedir demissão por não aguentar mais tanto desrespeito. Afinal, quantos realmente estão dispostos a mudar isso?
A intolerância é uma doença que dificilmente poderá ser curada, todavia podemos mudar o que vemos; o lugar onde vivemos e por onde iremos passar. Talvez um dia o mundo esteja ocupado por pessoas cheias de humanidade. Como na música de Jonh Lennon, talvez um dia o mundo seja como um só. “Maior que a tristeza de não ter vencido é a vergonha de não ter lutado” - Rui Barbosa.


*Pesquisa realizada com os grupos “Tirinhas Amor Doce” e “Cabaré Cand-Y” referentes ao jogo “Amor Doce”. Os grupos podem ser encontrados na rede social do Facebook.

FONTE: Artigo e pesquisa produzidos por Maria Irmany de S. Ribeiro, aluna da 1ºsérie do Ensino Médio em trabalho conjunto sobre intolerância com Luma Mota Santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário