quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

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AS FACES DA BAJULAÇÃO
Carolina Destro Borges

“Todo bajulador vive à custa de quem lhe dá ouvidos”. Jean de La Fontaine revela que a bajulação é uma relação de afeto mútuo em que o locutor é alimentado pela inocência da vítima. A adulação é dotada de opiniões divergentes, ora é considerada um defeito, ora uma virtude. Contudo, o ato de bajular traz consequências, e algumas dúvidas surgem: quais os motivos de se tornar um bajulador? O que a prática da bajulação pode acarretar aos envolvidos? Se afetada, como a vítima reage à ação do outro?
O bajulador, vulgarmente chamado de puxa-saco, age com propósitos vários, previamente estabelecidos. As razões que levam um indivíduo a essa prática estão fundamentadas em um objetivo final: o próprio benefício. A fábula “O Corvo e a Raposa” de La Fontaine aborda esse tema envolvendo uma personagem que, geralmente, é vista como bajuladora, a raposa. Esta elogia o corvo e consegue um pedaço de queijo, porém a bajulação vai muito além... O lisonjeador pode ter motivos maiores, como elevar-se em um grupo deixando os outros prejudicados, aquém daquele. Portanto, os aduladores têm diversos motivos, porém sempre almejam tirar proveito da situação.
A bajulação massageia o ego do bajulado e acaba por acarretar consequências. Por sua vez, o adulado pode responder de diferentes maneiras: caso o ato de bajular influencie positivamente, a autoestima da vítima aumenta, porém se o contrário ocorrer, isto é, caso a influência seja negativa, pode causar depressão e o sentimento de ódio. Francis Bacon, o fundador da ciência moderna, disse “a baixeza mais vergonhosa é a adulação”, qualificando “adular” como um termo pejorativo. A bajulação é vista como a necessidade de ouvir o que deseja e a incapacidade de aceitar a verdade. Sendo assim, a lisonja virtuosa, ou não, resulta em consequências.
Dessa maneira, a adulação é enfrentada de diversas formas e possui diferentes causas e efeitos. Por isso algumas mudanças são imprescindíveis para que a honestidade prevaleça. Cabe às empresas promoverem palestras de alerta à sociedade. Além disso também é necessário que as escolas façam debates sobre prevenção à bajulação. Porém, a mudança mais efetiva abarcaria a educação que os pais dão aos seus filhos, mostrando-lhes que a sinceridade é sempre o caminho certo a ser seguido. Assim, poderíamos viver em um mundo mais justo e verdadeiro.

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