domingo, 3 de outubro de 2010

ALUNOS-ESCRITORES


Quando o Álcool Bate à Porta

Giulyane Fernandes

Hoje, logo que acordei, sabia que meu dia tinha tudo para ser horrível. Meu drama começou há dois anos. Na minha casa somos apenas eu, Alice, minha mãe, Roberta, e minhas irmãs gêmeas: Bruna e Brenda. Meu pai? É um vagabundo alcoólatra, chama-se Miguel. Um homem desse tipo não devia receber um nome de anjo. Abandonou minha mãe quando ela engravidou das gêmeas. Ele dizia que eu não era filha dele, pois ele só seria pai de homens e não uma menininha chorona. Imagina a reação dele quando minha mãe engravidou de gêmeas. Ele fez um escândalo e nunca mais apareceu.

Depois de cinco anos, minha mãe casou-se de novo. Nunca gostei muito do Flávio, mas ele fazia minha mãe se sentir tão bem, que eu não devia atrapalhar o casamento deles só por causa do meu ciúme egoísta. Minha mãe começou a trabalhar, à noite, ela era enfermeira e meu padrasto trabalhava como contador no período da manhã. Os horários dos dois eram incompatíveis e nós não ficávamos sozinhas.

Depois de seis meses de casado, Flávio chegou a casa, bêbado, minha mãe já tinha saído; eu comecei a brigar e ele me bateu, disse que se eu contasse algo me mataria. Apontou uma arma para mim e eu comecei a chorar. Como sempre, eu só pensava nas minhas irmãs, me recompus, parei de chorar. A partir daquele dia, isso se tornou um frequente. Nunca deixei que minhas irmãs vissem isso, seria um trauma muito grande. Não importava o quanto ele me batesse, eu apanhava completamente quieta. Aguentei tudo por dois anos.

Em uma das noites, minhas irmãs estavam acordadas e ele chegou totalmente bêbado, começou a bater em Brenda, fiquei irritada e quando me dei conta já estava batendo nele também. Disse para as meninas irem para o quarto, pois já sabia que, naquela noite, não seriam apenas socos. Eu sabia que teria que dizer toda a verdade a minha mãe. Não poderia adiar nossa conversa.

Logo que ela chegou, chamei-a para conversar e mostrei o papel que tinha em minhas mãos. Ela me olhou como se eu tivesse traído sua confiança. Eu disse:

- Mãe, os outros dois também deram positivo.

- Você perdeu o juízo, garota?! Nossa família já passa necessidade e você ainda arranja um filho?!- ela disse, querendo me culpar.

- Mãe, não é de nenhum namorado. Na verdade, você nem vai gostar de saber... - Ela me cortou no meio da minha explicação.

- Quer dizer que você nem sabe quem é o pai dessa criança?! Era só o que me faltava... – Sua voz ia ficando cada vez mais baixa como se não tivesse coragem de terminar a frase.

- Mãe, esse filho é do seu marido, ele chega, à noite, bêbado e me bate; mas em um dia desses ele passou dos limites.

Sua resposta foi mais rápida, agora ela quase cuspia as palavras, como se quisesse colocá-las para fora:

- Mentirosa!! Você não sabe quem é o pai e vem me contar isso?! Ele ama vocês! Jamais faria isso!!

Não era o que eu esperava ouvir, fiquei irritada e também comecei a gritar:

- É, ele sabe demonstrar bem esse amor!

- Como ousa dizer isso, Alice?! O que você tem na sua cabeça?!

- É você quem decide em quem prefere acreditar: na sua filha ou no seu marido! Só saiba que se for ele, eu não vou deixar minhas irmãs aqui!!

- Você está louca! Eu não sabia que estava criando uma louca!! Então vá embora! Quero só ver quanto tempo você vai aguentar alimentar essa mentira!

Eu obedeci a ela e, mais que depressa, fui embora e levei minhas irmãs. Eu não sabia o que fazer, mas voltar não estava no meu plano. Fui para a rodoviária, sentei-me do lado de um senhor, que começou a puxar assunto do nada. Então, eu contei minha historia. Não sei por que, mas ele parecia alguém de confiança. Ele me disse:

- O álcool acabou com a minha vida. A pior coisa que fiz, foi abandonar minha família e fiz isso por ser um bêbado. Hoje sei o quanto eu perdi por não estar mais com elas.

De repente, os traços me pareciam familiares, temi que já conhecia aquele homem:

- Qual é o seu nome?- Perguntei hesitando a cada palavra.

- Miguel. E o de vocês?

Comecei a chorar. Se ele estivesse realmente arrependido, talvez eu e minhas irmãs não fôssemos para a rua. Eu disse a ele meu nome. Ele estendeu os braços e me abraçou. Disse que agora estava tudo bem e que ele não cometeria o mesmo erro. Parecia que minha vida não estava mais perdida. Deus nos dera uma nova chance...


Um toque de DEUS

Diego Lani

Nasci na bela cidade do Rio de Janeiro: lugar de grandes riquezas, com uma das maiores populações desse país. Meu nome é João, tenho 30 anos, sou pastor, moro com os meus pais. São idosos, por isso, cuido de Roberto e Dalva. Sou filho único, cuja história iniciou-se, ainda, na juventude quando Deus entrou em minha vida.

Com quinze anos, comecei a fazer amigos e, a partir deste momento, a minha vida e minha religião, literalmente, mudaram. Envolvi-me numa das “maiores roubadas” que um jovem pode se envolver: entrei na bebida. O motivo era simples: influencia de amigos e para eu me sentir mais alegre, extrovertido no grupo.

Meus pais não sabiam que eu bebia, descobriram quando eu completei dezesseis anos. Perceberam que a bebida fazia parte da minha vida, ou seja, precisava beber quase todos os dias. Ela destruiu a minha vida aos poucos, pois o álcool não faz as pessoas realizarem boas coisas; faz, sim, elas sentirem menos envergonhadas de fazer o mal. Portanto, eu brigava com os meus pais, pegava objetos de valor, dentro de casa, e vendia-os para comprar bebida.

Aos dezessete anos, eu já não era a mesma pessoa, não tinha amigos, não havia ninguém para ficar perto de mim, eu era uma pessoa excluída. As únicas pessoas em quem eu acreditava e me ajudavam eram os meus pais.

No dia em que iria completar dezoito anos, meu pai preparou uma festa surpresa, mas ao ver que não havia ninguém ele disse:

--O primeiro gole é bom para a saúde; o segundo é bom para o prazer; o terceiro é bom para a vergonha e o quarto é bom para a loucura. Não estrague a sua vida por bobeira, você é um jovem talentoso, esperto; nem os seus amigos que o influenciaram querem mais estar perto de você.

Ao escutar o meu pai me dizendo aquilo, claro, curto e grosso; percebi que nada mais me restava. De repente, uma luz forte veio em minha direção, entrou em meu coração, e quando abri a porta para sair de casa, escutei um sinal, era DEUS entrando em minha vida. Ao perceber fui em direção ao meu pai dei-lhe um forte abraço e disse:

--Pai, obrigado por tudo que você e minha mãe fizeram para me ajudar; hoje ao escutar você falando comigo, pude sentir DEUS entrando em minha vida novamente.

A parti dali segui o caminho de DEUS, fui batizado, novamente, frequentei a igreja e, por fim, acabei me tornando um pastor muito consagrado e muito respeitado. Fiz amizades verdadeiras. Hoje aos 30 anos estou feliz, tenho uma família linda, maravilhosa que DEUS me deu.


O vento sempre bate na porta mais fraca

Guilherme Henrique Areco de Souza

Em outros tempos, na escola, eu fora considerado um aluno cortês por ter notas azuis, no boletim; por ser simpático com colegas e professores. Ao completar os meus quinze anos, rapidamente, fiz amigos de má influencia e a minha vida foi prejudicada. Tudo começou quando entrei no Ensino Médio; conheci dois alunos novos por nome: Luís e Carla. Acabei fazendo amizade com eles.

Numa sexta feira de manhã, na sala de aula, Carla me disse que gostaria que eu fosse ao parque para me encontrar com Luís e as amigas dela. Aceitei o convite. Chegando lá, surpreendi-me vendo-os, com garrafas de conhaque. Eu nunca tinha bebido, mas uma das amigas da Carla me ofereceu e, para não ser motivo de gargalhadas; decidi, abusadamente, tomar um gole de conhaque, um após outro. Na hora que desceu pela garganta, senti a sensação de está queimando tudo... Mas depois, bebi bastante e, assim chegou a noite. Naquele momento, sentia tontura e parei de beber. Pedi ao Luís que me acompanhasse até o meu apartamento.

Depois de alguns meses, fui bebendo bastante até me tornar um viciado em bebidas alcoólicas. No terceiro bimestre, Luís parou de ir ao colégio durante um tempo e a Carla, depois de uns dias também. Certa manhã, quando eu retornava aula, Carla me avisou que Luís tinha entrado em coma alcoólico, depois tivera um AVC e falecera. Naquele dia, fiquei sem palavras. Como, no apartamento, estava sozinho; chorei por perder meu amigo.

Depois de um mês, Carla saiu do colégio, mas acabei não me importando. Comecei a sair de baladas em baladas prometendo não beber ou fumar para os meus pais. Todavia, estava mentindo e acabava fazendo a minha vontade sem me preocupar com mais nada. Numa certa semana, meus pais disseram que iriam para o Pantanal. Era uma quarta feira. Avisaram-me que voltariam na segunda-feira da semana seguinte. Pensei em tirar proveito da ausência deles. Saí, na sexta, numa balada e bebi além da conta. Fiquei totalmente bêbado e como meu prédio ficava longe, pedi um taxi para me pegar e deixar-me no meu prédio, Pablo Picasso. Quando entrei no apartamento fui diretamente para o meu quarto e, simplesmente por estar exausto, deitei-me na cama e caí no sono.

No outro dia, acordei todo suado, em pânico. Nunca tinha acordado assustado, porém a porta do meu quarto fechara com um vento muito forte. Aquilo pareceu estranho, mas parei um pouco e dei início a uma reflexão sincera sobre mim; sobre meus atos, o que era certo e errado. Onde estava meu erro? O que realmente estava acontecendo comigo? Após tantas lágrimas, tomei uma decisão: parar de beber e voltar a ser aquela pessoa de que todos gostavam como antigamente.

Projeto: "O DESAFIO DE SER UM JOVEM-ESCRITOR" (Autores: alunos dos 1º Ano do CAJE).

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