domingo, 26 de setembro de 2010

BULLYING: O QUE É?

No ano de 2000 tive conhecimento dos trabalhos já realizados e publicados sobre agressividade entre estudantes (bullying). Em outubro de 2001, visitei instituições em Londres e vi como o tema já era importante há alguns anos em vários países da Europa.

Por duas vezes estive com Michele Elliott, Diretora da Instituição Kidscape. Ali fui municiado com publicações e informações detalhadas sobre o fantástico trabalho desta instituição na prevenção e no atendimento aos casos de bullying. Ampliei conhecimentos com Helen Cowie, especialista em relacionamento entre jovens e bullying, Professora de Pós-Graduação na Universidade de Surrey Roehampton, Londres.

Ainda em Londres visitei a sede da Childline-UK, mega instituição fundada em 1986, e que distribuida por todo Reino Unido, recebe telefonemas de crianças e adolescentes em situação de risco. A principal queixa recebida pelo telefone 0800 nacional e gratuito é sobre bullying.

De volta ao Rio, através da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), desenvolvemos um projeto sobre o tema e apresentamos à Petrobras. Entre mais de dois mil concorrentes o projeto foi selecionado. Durante pouco mais de um ano, entre agosto de 2002 e outubro de 2003, mais de cinco mil e quinhentas crianças de 5º ao 8º Ano e de nove escolas públicas e duas escolas privadas responderam, por duas vezes, um questionário sobre a agressividade continuada e repetida entre os alunos de suas escolas; professores e pais passaram a discutir o tema; foram dados os primeiros passos para a implantação de uma política anti-bullying nessas escolas. Os meios de comunicação se interessaram e o assunto começou a chegar à população em geral.

Ainda em 2002, participamos de um seminário internacional sobre violência escolar, patrocinado pela UNESCO, em Brasília. Levamos ao conhecimento de alguns participantes, nacionais e estrangeiros, o trabalho que desenvolvíamos. Em outubro de 2003, levei pessoalmente o resultado da 1ª fase da pesquisa ao Professor Eric Debarbieux, coordenador do Observatório Europeu da Violência Escolar na Universidade de Bordeaux II, na França.

Como lidar com essa questão?

(Trecho da notícia: “Bullying na Internet leva adolescente ao suicídio”)

Alguém no MySpace está me perturbando/assediando/ameaçando - o que posso fazer a respeito disso?

O melhor a fazer se e quando você se encontrar nessa situação é simples: ignorá-los... Em 99,9% do tempo eles o deixarão em paz. Lembre-se, você sempre pode remover a pessoa da sua Lista de Amigos (em seguida, eles não poderão mais adicionar Comentários à sua página de Perfil), excluir os Comentários que deixaram em sua página de Perfil, e você pode inclusive excluir as mensagens que eles lhe enviam através do sistema de Correio do MySpace sem abri-las. Se você NÃO responder ao usuário ofensor (ou seja, NÃO lhe der atenção, NÃO deixá-lo lhe pregar uma peça), a maioria deles simplesmente irá embora.

Você também pode visualizar o perfil dele e clicar em "Bloquear Usuário", o que evitará que ele entre em contato com você. Pessoas inconvenientes ficam entediadas muito rapidamente quando você não permite que eles lhe perturbem. Se alguém ameaçá-lo, entre em contato imediatamente com um representante da lei.

Se você se sentir ameaçado, leia também as nossas dicas de segurança.

Caso eles tenham criado um perfil maldoso sobre você ou alguém que você conhece, entre em contato com o Serviço ao Cliente (e certifique-se de incluir o link para o perfil!).

Resumo reflexivo:

Foi dada a partida. Conseguimos levantar o véu que encobria uma situação por quase todos conhecida e até mesmo vivida: a agressividade entre alunos, a humilhação, a discriminação, as ofensas, a violência um tanto velada. Uma situação de atos repetidos, autênticos assédios, praticados contra algumas crianças nas escolas, por seus próprios colegas. A maioria das pessoas, sobretudo os professores, conhecia essa realidade, mas não aprendera a valorizá-la porque desconhecia sua consequências. Ou não as conhecia tanto quanto as vítimas. Sim, quem pode melhor falar sobre os atos repetidos de agressão entre alunos senão as próprias vítimas? Pesquisas em todos os países mostram que elas podem sofrer muito, sofrer tanto que podem chegar à depressão e à tentativa de suicídio. Mas o que dizer daqueles que praticaram esta forma de violência contra seus companheiros, sempre contra aqueles sem condições de enfrentar o agressor? Serão eles os adolescentes e adultos violentos do futuro? E as testemunhas silenciosas, que a tudo assistiram sem nada fazer? Será que vão crescer com sentimento de culpa pela sua covardia?

Como os pais podem ajudar?

Seu filho pode não contar a você que está sofrendo bullying na escola. Fique atento para os seguintes sinais que ele pode apresentar:

1) Agir de forma estranha, geralmente se isolando.

2) Apresentar sinais de trauma como ferimentos ou hematomas sem explicação.

3) Chegar com roupas rasgadas.

4) Demonstrar medo de ir à escola.

5) Ter problemas para dormir.

6) Apresentar mudanças de humor...

7) Parar de falar sobre a escola.

8) Encontrar desculpas para faltar à escola.

9) Fazer subitamente novas amizades.

10) Apresentar comportamento agressivo em casa (às vezes o que sofre bullying pode descontar nos irmãos).

Converse com seu filho:

1) Se você notar sinais de alerta de que seu filho pode estar sendo vítima de bullying, saiba que há maneiras de você conversar com ele sobre o que de fato está acontecendo na escola.

2) Faça perguntas provocadoras na terceira pessoa como, por exemplo, para sua filha "como as meninas se relacionam na escola" ou "como você se sente quando está na escola?".

3) Lembre-se de que o que você pode fazer de mais importante é escutar seu filho e abraçá-lo.

Como você pode ajudar:

Se seu filho é vítima de bullying na escola, você deve:

1) Levar o assunto a sério. Não minimizar o ocorrido.

2) Manter um diálogo aberto com seu filho sobre bullying.

3) Não pensar que o bullying acabou porque seu filho parou de falar sobre ele.

4) Dar conselhos consistentes.

5) Reforçar a auto-estima de seu filho. Ajudá-lo a achar uma atividade na qual ele se adapte.

6) Não agir sozinho. Encontre outros pais cujos filhos estão também sofrendo bullying ou presenciaram o bullying e se organizem.

7) Lembrar a seu filho que você o ama e encorajá-lo a conseguir aliados entre os colegas.

8) Contatar sua escola para contar o que está acontecendo.

O que não fazer:

1) Nunca dizer a seu filho/filha que o que está acontecendo faz parte de uma fase normal.

2) Não minimizar o problema.

3) Nunca diga a seu filho/filha que ele/ela está sendo exageradamente sensível.

4) Nunca lhe atribua a culpa por estar sofrendo bullying.

5) Nunca diga a ele que os colegas estão apenas brincando.

O que seu filho pode fazer:

Mesmo que seu filho seja contra, vá à escola e diga o que está acontecendo e trabalhe com a escola para ter a certeza de que seu filho será protegido. Você pode também ajudar seu filho a lidar com o autor do bullying desde o início das provocações, dizendo a eles que:

1) Reaja falando firme: "Pare com isto. Não gostei!"

2) Consiga colegas para ajudá-lo a enfrentar o autor do bullying.

A coisa mais importante para uma criança se lembrar é de que ela deve contar para um adulto logo que o bullying acontecer. Um adulto pode apoiar e dar força a uma criança e enfraquecer o autor do bullying.

Editor: Dr. Lauro Monteiro (Médico Psiquiatra)

Acesse: http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=258

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