Meus olhos se fechando, já não havia mais fôlego nem para um adeus. Logo agora que ela realizara meu derradeiro e mais precioso pedido: ter, de seu rosto, a última visão em vida.
Não havia do que reclamar. Tive uma vida cheia de alegrias como qualquer pessoa normal; embora não tenha me livrado de muitas desavenças, algo também comum em se tratando de seres humanos. Só nunca imaginei ter um fim assim: em uma cama de hospital sem conseguir me mexer, nem fala. Apenas tinha a companhia dos médicos e enfermeiras que logo se tornaram minha família.
Mas desses novos parentes uma já tinha, há tempo, muito significado para mim. A médica responsável pelo meu caso era minha ex-mulher. Aquela, à qual já não dava mais valor, tinha minha vida em suas mãos. Porém, com o tempo e a convivência, logo começou a possuir também meu coração.
A cada momento, em meu quarto, era como uma injeção de alegria e paixão. Eu ficava tão confiante quanto a esses sentimentos que tinha quase certeza de que logo estaria curado, correria para os braços dela onde iríamos nos consumar por inteiro. Mas meu quadro era grave e sem volta. Eu, certamente, morreria; olhos abertos, 24 horas por dia, ouvindo e vendo tudo o que se passava ao meu redor; as pessoas, à minha volta, sem nem saber se me restava resquícios de consciência.
Como, tudo que é bom, dura pouco; chegara o meu fim. No meu interior estava feliz por que todos aqueles que me amavam estavam à minha volta fazendo o possível e o impossível para me manter ali com eles. Essa última lembrança ficou guardada para sempre na minha última memória...
Projeto: "O DESAFIO DE SER UM JOVEM-ESCRITOR" (Autor: aluno do 2º Ano do EM - CAJE).