domingo, 26 de setembro de 2010

AMORES FATAIS


Por Danilo Gustavo Vasconcellos de Gois

Meus olhos se fechando, já não havia mais fôlego nem para um adeus. Logo agora que ela realizara meu derradeiro e mais precioso pedido: ter, de seu rosto, a última visão em vida.

Não havia do que reclamar. Tive uma vida cheia de alegrias como qualquer pessoa normal; embora não tenha me livrado de muitas desavenças, algo também comum em se tratando de seres humanos. Só nunca imaginei ter um fim assim: em uma cama de hospital sem conseguir me mexer, nem fala. Apenas tinha a companhia dos médicos e enfermeiras que logo se tornaram minha família.

Mas desses novos parentes uma já tinha, há tempo, muito significado para mim. A médica responsável pelo meu caso era minha ex-mulher. Aquela, à qual já não dava mais valor, tinha minha vida em suas mãos. Porém, com o tempo e a convivência, logo começou a possuir também meu coração.

A cada momento, em meu quarto, era como uma injeção de alegria e paixão. Eu ficava tão confiante quanto a esses sentimentos que tinha quase certeza de que logo estaria curado, correria para os braços dela onde iríamos nos consumar por inteiro. Mas meu quadro era grave e sem volta. Eu, certamente, morreria; olhos abertos, 24 horas por dia, ouvindo e vendo tudo o que se passava ao meu redor; as pessoas, à minha volta, sem nem saber se me restava resquícios de consciência.

Como, tudo que é bom, dura pouco; chegara o meu fim. No meu interior estava feliz por que todos aqueles que me amavam estavam à minha volta fazendo o possível e o impossível para me manter ali com eles. Essa última lembrança ficou guardada para sempre na minha última memória...

Projeto: "O DESAFIO DE SER UM JOVEM-ESCRITOR" (Autor: aluno do 2º Ano do EM - CAJE).