quarta-feira, 20 de junho de 2012

Resumo da narração de “os lusíadas”


Canto I
O poeta indica o assunto global da obra, pede inspiração às ninfas do Tejo e dedica o poema ao Rei D. Sebastião. Na estrofe 19 inicia a narração de viagem de Vasco da Gama, referindo brevemente que a Armada já se encontra no Oceano Índico, no momento em que os deuses do Olimpo se reúnem em Concílio convocado por Júpiter, para decidirem se os Portugueses deverão chegar à Índia.
Com o apoio de Vénus e Marte e apesar da oposição de Baco, a decisão é favorável aos Portugueses que, entretanto, chegam à Ilha de Moçambique. Aí Baco prepara-lhes várias ciladas que culminam com o fornecimento de um piloto por ele instruído para os conduzir ao perigoso porto de Quíloa. Vénus intervém, afastando a armada do perigo e fazendo-a retomar o caminho certo até Mombaça. No final do Canto, o poeta reflecte acerca dos perigos que em toda a parte espreitam o Homem.

Canto II
O rei de Mombaça, influenciado por Baco, convida os Portugueses a entrar no porto para os destruir. Vasco da Gama, ignorando as intenções, aceita o convite, pois os dois condenados que mandara a terra colher informações tinham regressado com uma boa notícia de ser aquela uma terra de cristãos. Na verdade, tinham sido enganados por Baco, disfarçado de sacerdote. Vénus, ajudada pelas Nereidas, afasta a Armada, da qual se põem em fuga os emissários do Rei de Mombaça e o falso piloto.
Vasco da Gama, apercebendo-se do perigo que corria, dirige uma prece a Deus. Vénus comove-se e vai pedir a Júpiter que proteja os Portugueses, ao que ele acede e, para a consolar, profetiza futuras glórias aos Lusitanos. Na sequência do pedido, Mercúrio é enviado a terra e, em sonhos, indica a Vasco da Gama o caminho até Melinde onde, entretanto, lhe prepara uma calorosa recepção. A chegada dos Portugueses a Melinde é efectivamente saudada com festejos e o Rei desta cidade visita a Armada, pedindo a Vasco da Gama que lhe conte a história do seu país.

Canto III
Após uma invocação do poeta a Calíope, Vasco da Gama inicia a narrativa da História de Portugal. Começa por referir a situação de Portugal na Europa e a lendária história de Luso a Viriato. Segue-se a formação da nacionalidade e depois a enumeração dos feitos guerreiros dos Reis da 1.ª Dinastia, de D. Afonso Henriques a D. Fernando.
Destacam-se os episódios de Egas Moniz e da Batalha de Ourique, no reinado de D. Afonso Henriques, e o da Formosíssima Maria, da Batalha do Salado e de Inês de Castro, no reinado de D. Afonso IV.

Canto IV
Vasco da Gama prossegue a narrativa da História de Portugal. Conta agora a história da 2.ª Dinastia, desde a revolução de 1383-85, até ao momento, do reinado de D. Manuel, em que a Armada de Vasco da Gama parte para a Índia.
Após a narrativa da Revolução de 1383-85 que incide fundamentalmente na figura de Nuno Álvares Pereira e na Batalha de Aljubarrota, seguem-se os acontecimentos dos reinados de D. João II, sobretudo os relacionados com a expansão para África.
É assim que surge a narração dos preparativos da viagem à Índia, desejo que D. João II não conseguiu concretizar antes de morrer e que iria ser realizado por D. Manuel, a quem os rios Indo e Ganges apareceram em sonhos, profetizando as futuras glórias do Oriente. Este canto termina com a partida da Armada, cujos navegantes são surpreendidos pelas palavras profeticamente pessimistas de um velho que estava na praia, entre a multidão. É o episódio do Velho do Restelo.

Canto V
Vasco da Gama prossegue a sua narrativa ao Rei de Melinde, contando agora a viagem da Armada, de Lisboa a Melinde.
É a narrativa da grande aventura marítima, em que os marinheiros observaram maravilhados ou inquietos o Cruzeiro do Sul, o Fogo de Santelmo ou a Tromba Marítima e enfrentaram perigos e obstáculos enormes como a hostilidade dos nativos, no episódio de Fernão Veloso, a fúria de um monstro, no episódio do Gigante Adamastor, a doença e a morte provocadas pelo escorbuto.
O canto termina com a censura do poeta aos seus contemporâneos que desprezam a poesia.

Canto VI
Finda a narrativa de Vasco da Gama, a Armada sai de Melinde guiada por um piloto que deverá ensinar-lhe o caminho até Calecut.
Baco, vendo que os portugueses estão prestes a chegar à Índia, resolve pedir ajuda a Neptuno, que convoca um Concílio dos Deuses Marinhos cuja decisão é apoiar Baco e soltar os ventos para fazer afundar a Armada. É então que, enquanto os marinheiros matam despreocupadamente o tempo ouvindo Fernão Veloso contar o episódio lendário e cavaleiresco de Os Doze de Inglaterra, surge uma violenta tempestade.
Vasco da Gama vendo as suas caravelas quase perdidas, dirige uma prece a Deus e, mais uma vez, é Vénus que ajuda os Portugueses, mandando as Ninfas seduzir os ventos para os acalmar.
Dissipada a tempestade, a Armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus. O canto termina com considerações do Poeta sobre o valor da fama e da glória conseguidas através dos grandes feitos.

Canto VII
A Armada chega a Calecut. O poeta elogia a expansão portuguesa como cruzada, criticando as nações europeias que não seguem o exemplo português. Após a descrição da Índia, conta os primeiros contactos entre os portugueses e os indianos, através de um mensageiro enviado por Vasco da Gama a anunciar a sua chegada.
O mouro Monçaíde visita a nau de Vasco da Gama e descreve Malabar, após o que o Capitão e outros nobres portugueses desembarcam e são recebidos pelo Catual e depois pelo Samorim. O Catual visita a Armada e pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado das figuras das bandeiras portuguesas. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, ao mesmo tempo que critica duramente os opressores e exploradores do povo.

Canto VIII
Paulo da Gama explica ao Catual o significado dos símbolos das bandeiras portuguesas, contando-lhe episódios da História de Portugal nelas representados. Baco intervém de novo contra os portugueses, aparecendo em sonhos a um sacerdote brâmane e instigando-o através da informação de que vêm com o intuito da pilhagem.
O Samorim interroga Vasco da Gama, que acaba por regressar às naus, mas é retido no caminho pelo Catual subornado, que apenas deixa partir os portugueses depois destes lhes entregarem as fazendas que traziam. O poeta tece considerações sobre o vil poder do ouro.

Canto IX
Após vencerem algumas dificuldades, os portugueses saem de Calecut, iniciando a viagem de regresso à Pátria. Vénus decide preparar uma recompensa para os marinheiros, fazendo-os chegar à Ilha dos Amores. Para isso, manda o seu filho cúpido desfechar setas sobre as Ninfas que, feridas de Amor e pela Deusa instruídas, receberão apaixonadas os Portugueses.
A Armada avista a Ilha dos Amores e, quando os marinheiros desembarcam para caçar, vêem as ninfas que se deixam perseguir e depois seduzir. Tétis explica a Vasco da Gama a razão daquele encontro (prémio merecido pelos “longos trabalhos”), referindo as futuras glórias que lhe serão dadas a conhecer. Após a explicação da simbologia da Ilha, o poeta termina, tecendo considerações sobre a forma de alcançar a Fama.

Canto X
As Ninfas oferecem um banquete aos portugueses. Após uma invocação do poeta a Calíope, uma ninfa faz profecias sobre as futuras vitórias dos portugueses no Oriente. Tétis conduz Vasco da Gama ao cume de um monte para lhe mostrar a Máquina do Mundo e indicar nela os lugares onde chegará o império português. Os portugueses despedem-se e regressam a Portugal.
O poeta termina, lamentando-se pelo seu destino infeliz de poeta incompreendido por aqueles a quem canta e exortando o Rei D. Sebastião a continuar a glória dos Portugueses.


Por: http://thegoodarticle.com/os-lusiadas-de-luis-vaz-de-camoes/


Leia o livro "Os Lusíadas" adaptado por Rubem Braga: http://pt.scribd.com/doc/31317787/Os-Lusiadas-Adaptado-por-Rubem-Braga

Estrutura Interna de “Os Lusíadas”


Proposição
Canto I (estrofes 1-3), em que Camões proclama ir cantar as grandes vitórias e os homens ilustres – “as armas e os barões assinalados”; as conquistas e navegações no Oriente (reinados de D. Manuel e de D. João III); as vitórias em África e na Ásia desde D. João a D. Manuel, que dilataram “a fé e o império”; e, por último, todos aqueles que pelas suas obras valorosas “se vão da lei da morte libertando”, todos aqueles que mereceram e merecem a “imortalidade” na memória dos homens.

A proposição aponta também para os “ingredientes” que constituíram os quatro planos do poema que ja referimos em cima e podemos como podemos ler em varias partes do poema:
“…da Ocidental praia lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram além da Tapobrana…”
“…o peito ilustre lusitano…”.”…as memórias gloriosas / Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé, o império e as terras viciosas / De África e de Ásia…”
“… esforçados / Mais do que prometia a força humana…”.”A quem Neptuno e Marte obedeceram…”
“…Cantando espalharei por toda a parte. / Se a tanto me ajudar o engenho e arte…”.”…Que eu canto o peito ilustre lusitano…”

Invocação
A invocação (estrofes 4-5) às ninfas do Tejo. É o pedido de inspiração às musas. Na religião grega antiga, as musas são nove deusas, filhas de Zeus e Memória. Sua função está ligada ao canto, à poesia e às artes em geral. São elas que inspiram os poetas e artistas. A musa da poesia épica, a mais importante das nove irmãs, chama-se Calíope. Invocando a presença da deusa, os poetas esperam que seus cantos sejam inspirados e se imortalizem.
Camões, em mais de uma oportunidade, dirige-se a Calíope; mas a invocação inicial, que ocupa a quarta e quinta estrofes do poema, Camões dirige às Tágides. Trata-se de uma invenção do poeta. Tágides seriam ninfas do rio Tejo; com essa invenção, ele indica sua inspiração nacionalista:
E vós, Tágides minhas, (…)
Daí-me agora um som alto e sublimado,
um estilo grandíloquo e corrente.

Dedicatória
Canto I, estrofes 6-18, é o oferecimento do poema a D. Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar “a dilatação da fé e do império” e de ultrapassar a crise do momento.
Termina com uma exortação ao rei para que também se torne digno de ser cantado, prosseguindo as lutas contra os Mouros.
Exórdio (estrofes 6-8) – início do discurso;
Exposição (estrofes 9-11) – corpo do discurso;
Confirmação (estrofes 12-14) – onde são apresentados os exemplos;
Peroração (estrofes 15-17) – espécie de recapitulação ou remate;
Epílogo (estrofes 18) – conclusão.

Narração
Começa no Canto I, (estrofes 19) e constitui a acção principal que, à maneira clássica, se inicia “in medias res”, isto é, quando a viagem já vai a meio, “Já no largo oceano navegavam”, encontrando-se já os portugueses em pleno Oceano Índico.
Este começo da acção central, a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia, quando os portugueses se encontram já a meio do percurso do canal de Moçambique vai permitir:

A narração do percurso até Melinde (narrador heterodiegético);
A narração da História de Portugal até à viagem (por Vasco da Gama);
A inclusão da narração da primeira parte da viagem;
A apresentação do último troço da viagem (narrador heterodiegético).

A narrativa organiza-se em quatro planos: o da viagem, e o dos deuses, em alternância, ocupam uma posição importante. A História de Portugal está encaixada na viagem. As considerações pessoais aparecem normalmente nos finais de canto e constituem, de um modo geral, a visão crítica do poeta sobre o seu tempo.

Epílogo
O epílogo (a parte final do poema, abrangendo as estrofes 145 a 156 do Canto X) inicia-se com uma das mais belas e angustiadas estrofes de todo o poema, na qual o poeta mostra-se triste, abatido, desiludido com a pátria (em virtude da decadência em que Portugal se encontrava), que não merece mais ser cantada:

“Não mais, musa, não mais, que a lira tenho
destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho,
não no dá a Pátria, não, que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
dua austera, apagada e vil tristeza.”

Convém lembrar que em 1580, oito anos após a publicação do poema, as preocupações de Camões descritos em “Os Lusíadas”, tornaram-se realidade: Portugal perde autonomia, passando para o domínio espanhol.

domingo, 17 de junho de 2012

CONSUMO SUSTENTÁVEL



IDEC lança Guia do Consumo Sustentável

Para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) o IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, está lançando, juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, o Guia do Consumo Sustentável. O texto se baseia nas principais propostas da Agenda 21, documento preparado durante a Eco-92, onde os chefes de Estado dos principais países se comprometeram a elaborar e colocar em prática uma série de medidas para proteger o meio ambiente. - Othon Abrahão - coordenador técnico do IDEC.

 » Consumo Sustentável
A imensidão do Brasil fez, e ainda faz, muita gente pensar que todos os recursos naturais do nosso País seriam inesgotáveis. Engano. Um grande engano. Se não abrirmos os olhos e ficarmos bem atentos às nossas atitudes, poderemos passar por sérias e graves dificuldades e ainda comprometer a sobrevivência das gerações futuras.
Não é à toa que muita gente – técnicos, especialistas, estudiosos e governos de todas as partes do mundo – está preocupada com o futuro do nosso Planeta. O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC colocam o assunto em discussão e dão as dicas para que todos possam iniciar a mudança.
Talvez você já tenha ouvido falar de Consumo Sustentável. Não chega a ser uma expressão nova. Mas, se você não sabe o que ela significa, vamos lá: Consumo Sustentável quer dizer saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futuras. Ou seja, vale aquele velho jargão popular: saber usar para nunca faltar.
E isso não exige um grande esforço, somente mais atenção com o que está ao nosso redor, no nosso ambiente. Basta fazermos uma pequena reflexão sobre como agimos.
Normalmente, não nos preocupamos com a quantidade de água que utilizamos ao escovar os dentes, quando tomamos banho ou no momento de lavar a louça ou o nosso carro. Por absoluta desatenção, ao sairmos de um cômodo não apagamos a luz, ou vamos acendendo todas as lâmpadas, deixando para trás um rastro luminoso. Nem nos tocamos em relação ao consumo de papel, seja em casa, seja no nosso local de trabalho. Usamos meia folha de papel, erramos e jogamos no lixo, mesmo que o verso esteja limpo e passível de utilização. E por aí vai... Misturamos o lixo doméstico, quando seria muito simples separar os restos de comida do papel, da lata, do vidro, do plástico. No ato da compra, pense! Não devemos comprar alimentos em excesso, nem fazer comida em demasia para depois jogar fora. Resto de comida é coisa séria. São milhares de pessoas que precisam muito de um prato de comida.
Tudo isso acontece porque sequer nos preocupamos com a origem daquilo que nos é vital. Para piorar, não nos damos conta de que todos os nossos desperdícios têm impacto no nosso bolso. E, mais grave ainda, nunca paramos para pensar que este nosso comportamento displicente vai acarretar prejuízos graves para os nossos descendentes. Eles vão se ressentir dos recursos naturais.
Ao mesmo tempo em que estaremos reduzindo ou eliminando o desperdício, vamos economizar muito dinheiro. Quem sabe, não conseguiremos até melhorar a nossa renda mensal, se fizermos pequenas mudanças nas nossas atitudes?
Se você acha que é muito trabalhoso, então, preste atenção nesses dados abaixo e perceba o risco que estamos correndo.

» Água
Hoje, metade da população mundial (mais de 3 bilhões de pessoas) enfrenta problemas de abastecimento de água. Muitas fontes de água doce estão poluídas ou, simplesmente, secaram. Temos um exemplo bem pertinho: Recife, capital de Pernambuco, em vários períodos do ano é submetida a um racionamento rigoroso, em outros, não tem água mesmo.
Você sabia que 97% da água existente no planeta Terra é salgada (mares e oceanos), 2% formam geleiras inacessíveis e, apenas, 1% é água doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos? Pois, bem, temos apenas 1% de água distribuída desigualmente pela Terra, para atender a mais de 6 bilhões de pessoas (população mundial).
Esse pouquinho de água que nos resta está ameaçado. Isto porque, somente agora estamos nos dando conta dos riscos que representam os esgotos, o lixo, os resíduos de agrotóxicos e industriais.
Cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade neste conjunto de coisas. Mas, como não poderemos resolver tudo de uma só vez, que tal começarmos a dar a nossa contribuição no dia-a-dia?
Você sabe quantos litros de água uma pessoa consome, em média, por dia? Não?
São cerca de 250 litros (isto mesmo, 250 litros ou mais, por dia): banho, cuidados de higiene, comida, lavagem de louça e roupas, limpeza da casa, plantas e, claro, a água que se bebe. Dá para viver sem água? Não dá. Então, a saída é fazer um uso racional deste recurso precioso.
O que significa este uso racional? É ser econômico no uso. Para nós, consumidores, mais dinheiro no bolso. Sim, a conta de água, no final do mês, será menor. O mais importante, no entanto, é termos a consciência de que estamos contribuindo, efetivamente, para reduzir os riscos de matarmos a nossa fonte de vida: a água.

» Energia elétrica
O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no Brasil. O comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo (shopping centers, hipermercados), dinamizou suas atividades com a ampliação do horário de funcionamento.
Uma grande parte deste aumento é decorrente do desperdício de energia. Voltamos à questão do desperdício. É nesse ponto que entra a nossa contribuição.
O consumo residencial e o comercial representam cerca de 42% do consumo total. No segmento residencial, houve um aumento do uso da eletricidade por incorporação de novos eletrodomésticos. Será que precisamos de todos eles, realmente? Economizar energia, além de fazer bem ao bolso, também contribui para o adiamento da construção de novas hidrelétricas, que causam grandes impactos ambientais, ou para diminuir a exploração de recursos naturais não renováveis, como o petróleo.
Percebe como podemos ajudar?

 » Lixo
Enquanto a água pode nos faltar, o lixo sobra. É lixo demais e ele sempre aumenta. Aumenta tanto que nem sabemos onde colocá-lo. Essa dificuldade é maior quando associada aos custos cada vez maiores para se criar aterros sanitários.
A situação torna-se ainda pior quando constatamos o que a maioria das cidades brasileiras faz: despeja lixo em terrenos baldios ou nos "famosos" e inadequados lixões. Em contraposição a essas práticas ecologicamente incorretas, vem-se estimulando o interesse por métodos alternativos de tratamento, como a compostagem e a reciclagem, ou, dependo do caso, incineração.
incineração (queima do lixo) é a alternativa menos aceitável. Provoca graves problemas de poluição atmosférica e exige investimentos de grande porte para a construção de incineradores.
compostagem é uma maneira fácil e barata de tratar o lixo orgânico (detritos de cozinha, restos de poda das plantas dos jardins, fragmentos de árvores).
reciclagem é vista com entusiasmo pelos governos e pelos defensores da causa ambiental como solução para o lixo inorgânico (plásticos, vidros, metais e papéis). Com a reciclagem é possível reduzir o consumo de matérias-primas, o volume de lixo e a poluição.
Tecnicamente, é possível recuperar e reutilizar a maior parte dos materiais que, na rotina do dia-a-dia, é jogada fora. Latas de alumínio, vidro e papéis, facilmente coletados e processados, estão sendo reciclados em larga escala em muitos países, inclusive no Brasil. Embora seja um processo em crescimento, ainda não é economicamente atrativo para todos os casos.
Assim, nos restam as alternativas: evitar produzir lixo, reaproveitar o que for possível e reciclar ao máximo. Como fazer tudo isso? Aqui vai uma boa dica: aproveitar melhor o que compramos, escolhendo produtos com menor quantidade de embalagens ou redescobrir antigos costumes como, por exemplo, a volta das garrafas retornáveis de bebidas (os velhos cascos) ou das sacolas de feira para carregar compras.

Veja como preservar o nosso meio ambiente e economizar seu dinheiro:

» Vazamentos
 · Os vazamentos podem ser evidentes, como uma torneira pingando, ou escondidos, no caso de canos furados ou de vaso sanitário. Para este último, xeque o vazamento jogando cinzas no fundo da privada e observe por alguns minutos. Se houver movimentação da cinza ou se ela sumir, há vazamento.
 · Outra forma de detectá-los é através do hidrômetro (ou relógio de água) da casa: feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água na casa (só não feche os registros na parede, que alimentam as saídas de água). Anote o número indicado no hidrômetro e confira depois de algumas horas para ver se houve alteração ou observe o círculo existente no meio do medidor (meia-lua, gravatinha, circunferência dentada) para ver se continua girando. Caso haja alteração nos números ou movimento do medidor, há vazamento.

 » No Banheiro
  · O chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais consome energia, o ideal é evitar seu uso em horários de maior consumo (de pico): entre 18h e 19h30min e, no horário de verão, entre 19h e 20h30min;
· Quando o tempo não estiver frio, deixe a chave de temperatura do chuveiro na posição menos quente (morno);
· Tente limitar seus banhos em aproximadamente 5 minutos e, se possível, feche a torneira enquanto se ensaboa;
· Jamais escove os dentes ou faça a barba com a torneira aberta;
· Caso seja viável, instale redutores de vazão em torneiras e chuveiros;
· Quando construir ou reformar, dê preferência às caixas de descarga no lugar das válvulas;
· Instale torneiras com aerador ("peneirinhas" ou "telinhas" na saída da água). Ele dá a sensação de maior vazão, mas, na verdade, faz exatamente o contrário.

 » Na Cozinha
· Use também o redutor de vazão e torneiras com aeradores;
· Ao lavar a louça, use uma bacia ou a própria cuba da pia para deixar os pratos e talheres de molho por alguns minutos antes da lavagem, pois isso ajuda a soltar a sujeira. Depois, use água corrente somente para enxaguar;
· Se usar a máquina de lavar louça, ligue-a somente quando estiver com toda sua capacidade preenchida;
· Para lavar verduras use também uma bacia para deixá-las de molho (pode ser inclusive com algumas gotas de vinagre ou com solução de hipoclorito), passando-as depois por um pouco de água corrente para terminar de limpá-las;
· Procure consumir alimentos livres de agrotóxicos.Os agrotóxicos podem causar danos ao meio ambiente, à sua saúde e à saúde do trabalhador rural. Dê preferência a produtos orgânicos.

 » Na Lavanderia (ou Área de Serviço)
· Deixar as roupas de molho por algum tempo antes de lavar também ajuda aqui;
· Ao esfregar a roupa com sabão use um balde com água, que pode ser a mesma do molho, e mantenha a torneira do tanque fechada: água corrente somente no enxágue!
· Use o resto da água com sabão para lavar o seu quintal;
· Se tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima e tome cuidado com o excesso de sabão para evitar um número maior de enxágues;
· Caso opte por comprar uma lavadora, prefira as de abertura frontal que gastam menos água que as de abertura superior.
· Evite utilizar o ferro elétrico quando vários aparelhos estiverem ligados na casa, para evitar que a rede elétrica fique sobrecarregada;
· Habitue-se a juntar a maior quantidade possível de roupas para passá-las de uma só vez;
· Se o ferro for automático, regule sua temperatura. Passe primeiro as roupas delicadas, que precisam de menos calor. No final, depois de desligá-lo, você ainda pode aproveitar o calor para passar algumas roupas leves.

» No Quintal, Jardim e Vasos
· Cultive plantas que necessitam de pouca água (bromélias, cactos, pinheiros, violetas);
· Não regue as plantas em excesso, e nem nas horas quentes do dia ou em momentos com muito vento. Muita água será evaporada ou levada antes de atingir as raízes;
· Molhe a base das plantas, não as folhas;
· Utilize cobertura morta (folhas, palha) sobre a terra de canteiros e jardins. Ela diminui a perda de água;
· Aproveite sempre que possível a água da chuva. Você pode armazená-la em recipientes colocados na saída das calhas e depois usá-la para regar as plantas. Só não se esqueça de tampar esses recipientes para que não se tornem focos de mosquito da dengue!
· Para lavar o carro, use balde em vez de mangueira;
· Ao limpar a calçada, use a vassoura, E NÃO ÁGUA para varrer a sujeira! Depois, se quiser, jogue um pouco de água no chão, somente para "baixar a poeira". Para isso você pode usar aquela água que sobrou do tanque.

» Geladeira/Freezer
· Na hora de comprar, leve em conta a eficiência energética certificada pelo selo Procel – Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica;
· Coloque o aparelho em local bem ventilado;
· Evite a proximidade com o fogão, aquecedores ou áreas expostas ao sol;
 · No caso de instalação entre armários e paredes, deixe um espaço mínimo de 15 cm dos lados, acima e no fundo do aparelho.
Ao utilizar:
· Evite abrir a porta da geladeira em demasia ou por tempo prolongado;
· Deixe espaço entre os alimentos e guarde-os de forma que você possa encontrá-los rápida e facilmente;
· Não guarde alimentos ou líquidos quentes;
· Não forre as prateleiras com vidros ou plásticos porque dificulta a circulação interna de ar;
· Faça o descongelamento do freezer periodicamente, conforme as instruções do manual, para evitar que se forme camada com mais de meio centímetro de espessura;
· No inverno, a temperatura interna do refrigerador não precisa ser tão baixa como no verão. Regule o termostato;
· Conserve limpas as serpentinas (as grades) que se encontram na parte de trás do aparelho, e não as utilize para secar panos, roupas, etc.
· Quando você se ausentar de casa por tempo prolongado, o ideal é esvaziar freezer e geladeira e desligá-los.

» Lâmpadas
· Na hora de comprar, dê preferência a lâmpadas fluorescentes, compactas ou circulares, para a cozinha, área de serviço, garagem e qualquer outro lugar da casa que fique com as luzes acesas por mais de quatro horas por dia. Além de consumir menos energia, essas lâmpadas duram mais que as outras;
· Evite acender lâmpadas durante o dia. Aproveite melhor a luz do sol, abrindo bem as janelas, cortinas e persianas. Apague as lâmpadas dos ambientes que estiverem desocupados;
· Para quem vai pintar a casa, é bom lembrar que tetos e paredes de cores claras refletem melhor a luz, reduzindo a necessidade de luz artificial.

» Televisão
· Quando ninguém estiver assistindo, desligue o aparelho;
· Não durma com a televisão ligada. Mas se você se acostumou com isso, uma opção é recorrer ao timer (temporizador) para que o aparelho desligue-se sozinho.

» Ar condicionado
· Na hora da compra, escolha um modelo adequado ao tamanho do ambiente em que será utilizado. Prefira os aparelhos com controle automático de temperatura e dê preferência às marcas de maior eficiência, segundo o selo Procel;
· Ao instalá-lo, procure proteger sua parte externa da incidência do sol (mas sem bloquear as grades de ventilação);
· Quando o aparelho estiver funcionando, mantenha janelas e portas fechadas;
· Desligue-o quando o ambiente estiver desocupado;
· Evite o frio excessivo, regulando o termostato;
· Mantenha limpos os filtros do aparelho, para não prejudicar a circulação do ar.

» Aquecedor (boiler)
Na hora da compra:
· escolha um modelo com capacidade adequada às suas necessidades e leve em conta a possibilidade de uso da energia solar;
· dê preferência a aparelhos com bom isolamento do tanque e com dispositivo de controle de temperatura;
Ao instalar:
· coloque o aquecedor o mais próximo possível dos pontos de consumo;
· isole com cuidado as canalizações de água quente;
· nunca ligue o aquecedor à rede elétrica sem ter certeza de que ele está cheio de água;
Ao utilizar:
· ajuste o termostato de acordo com a temperatura ambiente
· ligue o aquecedor apenas durante o tempo necessário; se possível, coloque um "timer" para que essa função se torne automática;
· ao ensaboar-se, feche as torneiras.

» Seu Lixo
· Não jogue lixo nenhum na rua. Cerca de 40% do lixo recolhido no Rio de Janeiro é proveniente da coleta em ruas, avenidas, praças, margens de rios. Essa coleta é mais cara e, além de enfeiar os lugares, traz sérios problemas às cidades nas épocas de chuva, entupindo bueiros e estrangulando corredores de água;
· Aproveite integralmente os alimentos. Muitas vezes, talos, folhas , sementes e cascas têm grande valor nutritivo e possibilitam uma boa variação no seu cardápio;
· Doe livros, roupas, brinquedos e outros bens usados que para você não têm mais serventia, mas que podem ser úteis para outras pessoas;
· Utilize os dois lados da folha de papel para escrever ou imprimir e, para rascunhar, reduza os espaçamentos, os tamanhos de letras e margens, aproveitando melhor a área do papel. Para cada tonelada de papel que se recicla, 40 árvores deixam de ser derrubadas;
· Leve sacola própria para fazer suas compras, evitando pegar as sacolas plásticas fornecidas nos supermercados. Se trouxer as sacolas, reutilize-as como sacos de lixo. Para o transporte, caso sejam compras grandes, utilize caixas plásticas ou de papelão (reutilize aquelas de próprio supermercado);
· Procure comprar produtos reciclados - cadernos, blocos de anotação, envelopes, utilidades de alumínio, ferro, plástico ou vidro;
· Escolha produtos que utilizem pouca embalagem ou que tenham embalagens reutilizáveis ou recicláveis - potes de sorvete, vidros de maionese, etc;
· Não jogue lâmpadas, pilhas, baterias de celular, restos de tinta ou produtos químicos no lixo - as empresas que os produzem estão sendo obrigadas por Lei a recolher muitos destes produtos;
· Leve remédios, os que não usam e os vencidos, a um posto de saúde próximo. Eles saberão dar-lhes destino adequado;
· Separe o lixo e encaminhe os produtos para reciclagem - tente organizar em seu edifício, rua, vila, condomínio um sistema de coleta seletiva. Cada morador separa em sua residência;
· Materiais como vidro, plástico, latas de alumínio, papel, papelão e material orgânico, colocando-os em locais próprios para cada um. Informe-se nas companhias municipais de limpeza sobre a existência de cooperativas de catadores próximas à sua residência, que poderão fazer a coleta. Algumas empresas que fazem reciclagem podem, dependendo da quantidade, recolher diretamente o material separado;
· Procure se informar sobre as iniciativas de sua Prefeitura/Comunidade com relação ao lixo reciclável. Todos somos responsáveis pelo destino de lixo que geramos. Cobrar iniciativas e novos projetos de vereadores e prefeitos também faz parte do nosso papel de consumidor, assim como estarmos informados das iniciativas existentes, por mais tímidas que possam ser. Algumas instituições (igrejas e associações comunitárias) recebem material reciclável e, com a venda, arrecadam algum dinheiro para obras sociais. Já existem empresas que compram este material e, dependendo da quantidade, retiram-no, periodicamente.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

LEITURAS PARA AMPLIAR CONHECIMENTO TEMÁTICO

1. A casa do futuro é verde / Construções Verdes

2. Conferência da juventude

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

NO UNIVERSO DO SENTIDO (SEMÂNTICA)


 Polissemia ‘vs.’ Homonímia (adaptado):

Pergunta: Nas frases «Ele sentiu o corpo a tremer» e «Era um corpo estranho», a palavra "corpo" é, obviamente, polissêmica. Mas, neste caso, pode considerar-se que também existe homonímia?
Resposta: É difícil estabelecer uma fronteira nítida entre polissemia e homonímia. Nos exemplos em apreço, é nítido que há uma relação semântica na história e na atualidade entre corpo, «organismo», e corpo, «volume, objeto». A TLEBS (subdomínio semântica lexical) define estes termos assim:
«[Polissemia é a] propriedade semântica das unidades lexicais ou dos morfemas que possuem mais do que um significado.»
«[Homonímia é a] propriedade característica de duas unidades básicas que partilham a mesma grafia e/ou a mesma pronúncia, mas que conservam significados distintos.»
O problema destas definições é o uso de distinto. Se, por exemplo, considerarmos as expressões «operação cirúrgica» e «operação financeira», diremos, por um lado, que as duas operações correspondem a significados diferentes, ainda que próximos, de uma única palavra – operação. Por outro lado, é também possível afirmar que a primeira operação é uma palavra homônima da outra, porque os respectivos significados são realmente diferentes (referem-se a processos diferentes em contextos diferentes), apesar da mesma grafia e da mesma pronúncia. Perante este problema, a diferença entre polissemia e homonímia parece irrelevante.  O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa permite definir melhor o contraste entre os dois termos com um comentário à noção associada a polissemia:
«a polissemia é um fenômeno comum nas línguas naturais, são raras as palavras que não a apresentam; difere da homonímia por ser a mesma palavra, e não palavras com origens diferentes que convergiram foneticamente; as causas da polissemia são: 1) os usos figurados, por metáfora ou metonímia, por extensão de sentido, analogia etc.; 2) empréstimo de acepção que a palavra tem em outra língua.»
Quer dizer que na consideração da homonímia tem relevo a história da palavra: a forma verbal mata (do verbo matar) e o nome mata («bosque») são homônimos, porque, grafia e pronúncia à parte, não há relação direta entre elas, nem semântica nem historicamente (etimologicamente). No âmbito da homonímia, poderíamos incluir também a homofonia, como propriedade semântica de duas unidades que têm a mesma forma fonética mas grafia e significados diferentes. Refiram-se como exemplo os casos de coser (roupa) e cozer (carne), que acabaram por ter a mesma pronúncia, mas que têm origem histórica diferente e continuam a designar atividades diferentes.
Reservaremos então o termo polissemia para a afinidade semântica e etimológica entre diferentes usos de uma mesma forma gráfica e fonética. Voltando à palavra operação, diremos que é ela que ocorre quer em «operação cirúrgica» quer em «operação financeira», assumindo sentidos diferentes, é certo, mas permitindo que entre estes exista uma relação próxima: uma «operação cirúrgica» e uma «operação financeira» incluem operação, que evoluiu do latim ‘operatione’; além disso, ambas as operações conservam as noções de «trabalho», «obra» que surgem como dimensões estruturantes da significação de operação.
Esta distinção apenas pode ser entendida como uma proposta, porque o recurso a dicionários mostra que não há consenso quanto aos critérios que definem a polissemia de uma unidade lexical e a homonímia entre duas palavras. Mesmo assim, espero que seja útil, mais como um ponto de partida e menos como um contraste có[ô]modo mas pouco fiel ao imbricamento destes conceitos.

Por:  Carlos Pinto (Portugal)

terça-feira, 5 de junho de 2012

COMO É CALCULADA A NOTA DO ENEM


Avaliação dos participantes varia de acordo com o desempenho de cada um deles no exame. Prova é regida por uma complexa teoria matemática

Nathalia Goulart

Instituído em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio pretendia originalmente medir a qualidade da educação oferecida aos estudantes brasileiros. Não importava aos participantes da avaliação, portanto, saber como eram calculadas suas médias. A história, contudo, mudou em 2009, quando algumas das mais importantes universidades federais e estaduais passaram a usar as notas da prova como parte de seus processos seletivos – em alguns casos, o Enem substitui mesmo o vestibular. Desde então, a cada ano, os estudantes se veem perplexos diante de seus resultados. De fato, não é fácil compreender como é elaborada a nota final de um participante do exame e, por isso, fazem muito barulho denúncias de estudantes que não acertam sequer uma questão e que, mesmo assim, não recebem um zero como nota. Também chamam a atenção episódios em que participantes assinalam corretamente o mesmo número de testes, mas obtêm notas diferentes. Todos devem ter calma: há falhas graves na história do Enem, como erros de impressão em provas e vazamento de questões, mas a produção das notas não está entre elas.

A elaboração da prova e o cálculo das notas dos participantes estão profundamente ligados no Enem. Ambos se apoiam num complexo sistema matemático chamado teoria da resposta ao item (TRI), consagrada internacionalmente. A execução do programa começa com a realização do chamado pré-teste, uma avaliação secreta que afere o grau de dificuldade das questões que mais tarde serão apresentadas nas provas abertas ao público. Com as respostas do pré-teste em mãos, os examinadores podem determinar quais questões são mais ou menos difíceis: elas são, então, dispostas em uma espécie de "régua de conhecimento", cujas marcações indicam o maior ou menor grau de complexidade. Isso será decisivo na apuração dos resultados.

Após a aplicação da prova surge outro fator igualmente importante. Uma questão corretamente assinalada não tem valor em si. Ela só adquire um peso quando o sistema de correção avalia o desempenho geral do participante na prova e o grau de dificuldade da questão. Isso porque o método não considera apenas os acertos, mas também os erros. Se o participante acerta somente questões difíceis, sinaliza ao sistema de correção inconsistência no domínio da disciplina avaliada, pois a TRI considera que o conhecimento necessário à resolução dos testes fáceis é um pré-requisito à solução dos mais complexos. Em uma situação como essa, portanto, o sistema avalia que é alta a probabilidade de o acerto ser fruto da sorte (ou de boa mira para o "chute").
"Coerência é a palavra que rege a TRI", diz Dalton Andrade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista no assunto. "O conjunto de respostas corretas deve ser coerente com o domínio de conhecimento que o estudante de fato possui." Em resumo: quem não domina as quatro operações matemáticas básicas não pode resolver equações do segundo grau.
Obedecendo à mesma lógica, o sistema deve atribuir uma nota mais alta a outro participante que tenha desempenho mais regular, ainda que ele não se saia tão bem com as questões mais difíceis. Por fim, esses dados alimentam um programa previamente calibrado por examinadores, de onde sai a média final. É, como se vê, um processo totalmente diferente do adotado pelos tradicionais vestibulares brasileiros, em que cada questão corretamente assinalada corresponde a um ponto. A diferença faz de provas como o Enem avaliações mais personalizadas e, na opinião dos especialistas, mais justas. "Esses exames avaliam de forma aprofundada o conhecimento do estudante. Já os vestibulares tradicionais tem como principal objetivo eliminar candidatos: quantos mais, melhor", diz Andrade.

O uso da TRI no Enem explica os aparentes disparates do exame, como o fato de os participantes que erram e os que acertam todas as questões não receberem, respectivamente, notas zero e 1.000. O início da "régua de conhecimento" não é o zero, mas um valor que indica o grau de complexidade da questão mais fácil presente na prova. Caso a medição recaia em 200 pontos, por exemplo, essa será a nota mínima atribuída a qualquer participante do exame. "Com isso, o sistema quer dizer que esse é o menor nível que a prova é capaz de medir", diz Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). "Portanto, o conhecimento do participante é igual ou menor ao mínimo avaliado." Raciocínio semelhante é válido para a nota máxima.

A TRI começou a ser desenvolvida por volta de 1950, quando pesquisadores americanos e europeus se questionavam sobre a eficácia da teoria clássica de testes para avaliar o conhecimento dos estudantes. Nos anos seguintes, as pesquisas se desenvolveram nos Estados Unidos, especialmente entre um grupo de especialistas que mais tarde se reuniria no Educational Testing Service (ETS), associação sem fins lucrativos responsável pelo SAT, espécie de Enem americano, cuja realização é obrigatória para aspirantes a universidades americanas, e também pelo exame de proficiência em língua inglesa Toefl. Aos poucos, o método se consagrou. Hoje, é com a ajuda dele que a OCDE, organização que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta, aplica o Pisa, teste internacional que avalia o sistema educacional de 65 países – incluindo o Brasil. Por aqui, a TRI foi usada pela primeira vez em larga escala na década de 1990, quando o MEC deu início às avaliações educacionais como o Saeb.

Um dos grandes trunfos do sistema é permitir a aplicação de provas diferentes, mas pedagogicamente equivalentes. Com isso o SAT pode, por exemplo, ser realizado em sete datas distintas nos Estados Unidos, e as notas dos participantes ser consideradas parte de um mesmo conjunto. Isso possibilitou também que o MEC aplicasse uma segunda prova a um grupo de apenas 9.500 estudantes quando falhas de impressão em cartões de questões e respostas prejudicaram a edição de 2010 do Enem. Como as provas tinham dificuldade idêntica, ninguém saiu prejudicado na hora de usar a nota do Enem na admissão universitária. Apoiado nisso também, o MEC planeja realizar mais de uma edição do Enem ao ano, tentativa frustrada neste ano devido à falta de planejamento técnico do ministério.

"Além de ser um sistema de seleção, o Enem é também um balizador de políticas públicas", diz Dalton Andrade, da UFSC. Apesar disso, a avaliação ainda tem pela frente a tarefa de se fazer entender. "A complexidade e as nuances da TRI dificultam sua compreensão e, portanto, suscitam dúvidas", diz Tufi Soares, da UFJF. "É um método complexo, baseados em estatísticas e cálculos que só podem ser feitos por computador."
FONTE: VEJA

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/como-e-calculada-a-nota-do-enem#texto1

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http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/raio-x-do-enem-confira-os-conteudos-mais-cobrados