Parte
desfavorecida
De acordo com o sociólogo Émile
Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim
como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que
esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos
cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno
século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de
persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma
cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco
eficientes por parte do Governo.
Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve
presente, como por exemplo, na posição do “Senhor do Engenho” e,
consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao
homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de
maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência
contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a
51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres têm suas imagens
difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral
preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o
que favorece o continuísmo dos abusos.
Além dessa visão
segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a
permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são
demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento.
Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas
33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa
ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas
são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em
casa e no trabalho.
A violência contra esse setor,
portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor das
mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais
articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as
ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às
Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos
processos. Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem
aulas de Sociologia, História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero,
por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais, com o
intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas
devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais
importante na evolução de um homem ou nação.”
FONTE: Anna Beatriz Alvares Simões Wreden (ENEM 2015).
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