Para
a produção de um artigo de opinião, é necessário que haja um problema a ser discutido
e seja proposta uma solução ou avaliação, refletindo a respeito do assunto.
Assim, o artigo de opinião pode ser estruturado da seguinte forma: situação-problema,
discussão e solução-avaliação. Vejamos:
a) situação-problema: coloca a questão a ser desenvolvida
para guiar o leitor ao que virá nas demais partes do texto. Busca
contextualizar o assunto a ser abordado, por meio de afirmações gerais e/ou
específicas. Nesse momento, pode evidenciar o objetivo da argumentação que será
sustentada ao longo do artigo, bem como a importância de se discutir o tema;
b) discussão: expõe os argumentos e constrói a
opinião a respeito da questão examinada. Para Guedes, todo texto dissertativo
precisa argumentar, ou seja, apresentar provas a favor da posição que assumiu e
provas para mostrar que a posição contrária está equivocada. Os argumentos
baseiam-se nos conceitos apresentados, na adequação dos fatos para exemplificar
esses conceitos, bem como na correção do raciocínio que estabelece relações
entre conceitos e fatos (2002, p. 313). Para evitar abstrações, geralmente faz
uso da exposição de fatos concretos, dados e exemplos, com o emprego de
sequências narrativas, descritivas e explicativas, entre outras;
c) solução-avaliação: evidencia a resposta à questão apresentada,
podendo haver uma reafirmação da posição assumida ou uma apreciação do assunto
abordado. Não é adequado um simples resumo ou mera paráfrase das afirmações
anteriores. Essa estrutura do artigo de opinião não é rígida, mas o caracteriza,
diferenciando-o de outros gêneros, a fim de facilitar os encaminhamentos
didáticos presentes no seu processo de ensino-aprendizagem.
POR:
Odete Maria Benetti Boff
Vanilda Salton Köche
Adiane Fogali Marinello
EXEMPLO DE ARTIGO DE OPINIÃO SOBRE O TEMA:
O tabu entre a palmada e o diálogo
Por Vivian Vascocellos
Especialistas
afirmam que, quando se trata de violência contra crianças, a família é
responsável pelos maiores casos de agressão. Segundo Gilberto Velho, autor de
Violência, Reciprocidade e Desigualdade: uma perspectiva antropológica, a
violência contra crianças e adolescentes ultrapassa o ataque físico e
estende-se a ameaças e abusos psicológicos. Neste cenário, pais e educadores
discutem quais as melhores formas de educar. A palmada ainda é considerada por uns um eficaz gesto para educar os
filhos e por outros, uma forma agressiva de humilhação.
Psicólogo
e fundador do Instituto NOOS, Carlos Zuma é um dos associados da Rede “Não Bata
– Eduque” e é contra qualquer forma de agressão a crianças e adolescentes. “Educar
exige ao responsável dar limites, o que não significa bater”, conta ao Opinião
e Notícia. Com argumentos de disciplina rigorosa e tradicional, alguns pais
desafiam Zuma, dizendo que, apesar de terem recebido esse tipo de educação, não
sofrem por isso.
Na
maioria das vezes, a violência é aprendida ou vivenciada. O psicólogo busca um
trabalho para que o indivíduo relembre o que sentia na época em que apanhava.
“O indivíduo passou por cima daquela situação, mas não tem como ele dizer que
gostava desse tipo de agressão.” De acordo com historiadores, o castigo físico
em crianças foi introduzido no Brasil pelos padres jesuítas no século XVI,
conhecido como palmatória. “Se for para mantermos a tradição, não seríamos
civilizados. Temos que mudar nesse sentido”, afirmou Zuma.
A
Associação Brasileira de Crianças Abusadas e Negligenciadas afirma que
anualmente 4,5 milhões de crianças são vítimas de abuso e negligências. Dentre
muitas agressões, existem questões sociais e culturais a serem tratadas. Para a
psicanalista e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da
PUC-Rio Junia de Vilhena, é preciso considerar também a negligência com que o
Estado trata essas famílias, não dando suporte educacional e social para as
situações do dia-a-dia. “Uma mãe que tranca o filho em um quarto durante todo o
dia é considerada uma agressora? Mas e uma mãe que tranca os filhos para que
eles não se misturem com o tráfico, na porta de casa?”
A alternativa para as
agressões física e verbal
— palmadas, beliscões, tapinhas na mão, pontapés, puxão de cabelo, rejeição ou
desqualificação da criança ou do adolescente, xingamentos, entre outros, todas
consideradas inaceitáveis pela rede “Não Bata- Eduque” — pode ser mais simples
do que parece. O diálogo é apresentado como essencial, uma vez que crianças não
nascem sabendo e precisam entender o que fizeram errado. Tirar objetos
importantes para crianças e tirá-las de atividades que as interessem naquele
momento, como brincar com os amigos e ver TV, também são eficazes, se implementados
com um tempo razoável, de acordo com cada idade.
“Mais
importante que criticar é elogiar a criança que têm atitudes boas e produtivas
ou quando apresenta um bom comportamento. Não podemos partir do princípio que
tudo o que a criança faz é uma obrigação dela”, comenta a psicanalista Junia de
Vilhena.
Ambos
os especialistas entrevistados afirmaram que muitos pacientes que apresentam
comportamento agressivo sofreram agressões quando crianças. Tão grave quanto,
eles afirmaram que pode acontecer o outro extremo: o adulto se tornar passivo,
introspectivo e com baixa autoestima.
O
instituto “Não Bata – Eduque” visa a Reforma Legal, a fim de “assegurar a
vigência plena de legislação efetiva para a proteção de todas as crianças,
incluindo a proibição explícita dos castigos físicos e humilhantes”.
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