Justiça manda MEC divulgar correção da redação do Enem 2010
Agência O Globo / ENEM 22/07/2011 - 16h39min
A Justiça Federal no Maranhão concedeu uma liminar determinando ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais a inclusão, em 30 dias, de uma cláusula no edital do Exame Nacional do Ensino Médio 2010 (Enem) que permita aos candidatos ver a prova de redação corrigida.
A decisão em caráter liminar atende a pedido do Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA), que também havia solicitado que fosse garantido aos candidatos a possibilidade de recorrer junto ao próprio Inep do resultado obtido. O juiz, no entanto, entendeu que o critério de correção da redação é seguro e, diante da dimensão do Enem - este ano 5,4 milhões se inscreveram -, seria inviável do ponto de vista prático oferecer esse direito. As redações do Enem são corrigidas por dois examinadores e, havendo uma discordância de 300 pontos ou mais (em uma escala de 0 a 1000) entre as avaliações deles, um terceiro coordenador dá uma nota que elimina as anteriores.
A mudança já estava em estudo pelo Inep.
"O estudante tem o direito de rever a prova. Estamos nos organizando para isso", disse a presidente do órgão, Malvina Tuttman há dois meses durante entrevista ao site do Globo. A nova medida valeria, no entanto, a partir do segundo semestre de 2012.
As provas do Enem deste ano acontecem nos dias 22 e 23 de outubro em quase 1,6 mil municípios. Dos 6,2 milhões que fizeram inscrição, 5,4 milhões pagaram a taxa e estão habilitados para o exame.
A previsão do MEC é que haja dois exames a partir do ano que vem -o primeiro deles já está marcado para os dias 28 e 29 de abril. O órgão ainda discute a segunda data, já que haverá eleições municipais no mês em que a prova é tradicionalmente aplicada (outubro).
Além de selecionar para vagas em universidades federais por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Enem é pré-requisito para quem quiser uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). O exame também é obrigatório para quem vai solicitar o Financiamento Estudantil (Fies).
Um estudo do Hospital Beth Israel de Boston, feito pelos doutores Edwin Robertson e Daniel Cohen, esclarece por que é tão difícil aprendermos diversas matérias diferentes ao mesmo tempo.
Usando 120 voluntários, que precisaram aprender dois tipos de atividade em sequência, uma com exercícios com os dedos da mão e a outra uma lista de palavras para decorar, os cientistas perceberam que aprender uma atividade atrás da outra prejudicava o aprendizado da primeira. A conclusão é que, ao aprender algo diferente, sem tempo de reter o primeiro assunto, podemos nos decepcionar.
Na segunda metade do estudo, os pesquisadores utilizaram um recurso que pode “desligar” algumas partes do cérebro, a eletroestimulação magnética transcraniana (TMS), que cria um campo magnético no cérebro tão forte que impede a conexão normal entre os neurônios de uma mesma região, interrompendo seu funcionamento. Os pesquisadores utilizaram a TMS nas áreas acessórias ao aprendizado motor, se o exercício com a mão era o primeiro executado, e na área de aprendizado verbal, se a primeira tarefa era decorar a lista de palavras.
Os cientistas descobriram que fazer o estímulo elétrico com TMS, depois de aprendida a tarefa, não interferia no aprendizado desta, além de impedir a competição e interferência entre os dois exercícios, melhorando a performance de ambas atividades ao ponto de o resultado ser igual ao aprendizado de uma só tarefa.
O TMS não e o único jeito de impedir a interferência de um aprendizado sobre o outro. O sono é a forma natural de desligar as áreas acessórias aos diversos aprendizados, por isso cochilar um pouco nos intervalos de treinamentos parece ser benéfico e melhorar a aquisição de conhecimento.
Outro estudo feito por Edwin Morris, da Universidade de Edimburgo, e associados da Universidade de Tóquio e publicado na revista Science, explica que é mais fácil para o cérebro aprender mais sobre assuntos que já conhecemos. Para aprendermos um conceito novo existe um envolvimento mais amplo do córtex cerebral, mas adicionar conhecimento é muito mais simples. Os cientistas descobriram um grupo de genes ativados somente para adicionar memória ao que já foi aprendido.
Esses genes não funcionam tão bem quando o assunto é novo, e os pesquisadores argumentam que o conhecimento dos indivíduos especialistas é construído desta maneira. O volume de conhecimento vai sendo adicionado em blocos, e quanto mais sabemos sobre um assunto mais fácil fica aprender algo novo sobre ele.
Em outra pesquisa, cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, e da Escola Superior de Física e Química Industriais, de Paris, puderam confirmar, usando o cérebro da drosófila, a mosca da fruta, que existem neurônios especializados apenas em ler memórias gravadas.
Já conhecemos muito dos circuitos cerebrais da drosófila, que possui apenas 100 mil neurônios. O cérebro humano possui 100 bilhões de células empacotadas em um quilo e meio, mas tem mecanismos operacionais iguais. Os cientistas descobriram que, ao bloquear um grupo específico de células, as MB-V2, as moscas não conseguiam lembrar-se de um cheiro.
No estudo, os neurocientistas aplicavam um choque elétrico nas moscas, após liberarem um determinado cheiro. Os pesquisadores conseguiam desligar os neurônios MB-V2 e, ao fazer isso, as moscas não fugiam do cheiro associado ao choque. Mas ainda podiam aprender que o cheiro estava associado a um evento ruim, pois quando os cientistas religavam a célula MB-V2 as moscas fugiam do cheiro. Isso os fez concluir que a MB-V2 não era importante- para o aprendizado, mas fundamental para- lembrar-se do que foi aprendido.
Esses estudos, publicados em um intervalo de duas semanas, são avanços na busca da cura para a doença de Alzheimer, e para a reabilitação em acidentes vasculares cerebrais. Ao mesmo tempo, nos impulsionam a outro nível, no qual poderemos manipular nossa capacidade de aprender e de lembrar as lições.
Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes.
Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos longas.
A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo:André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
Explicação:O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele, o termo André; o faz, o predicado briga com quem torce para o outro time - são anafóricos.
A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais.
Exemplo:Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
Explicação:O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor - são catafóricos.
De que trata a coerência textual?
Da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Modelo de questão: coesão e coerência(AFRF-2003)
As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.
Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.
Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos na América Latina.
Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.
As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos, tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e ideológica.
(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao Direito, com adaptações)
01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e gramaticalmente correta para o texto
a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?
b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização social da liberdade.
c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem ao substituí-lo pela questão da tecnologia.
d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.
e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.
DICAS: esse tipo de questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua interligação com o parágrafo subsequente; nesse caso, a opção que será marcada.
O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico estrutural - processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais entre países periféricos ( a sua dependência) e países centrais".
02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma a ideia da segunda expressão que sucede a barra.
a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)
b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)
c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "ideias expressas no primeiro parágrafo.
d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.
e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.
Em casa, na feira, no supermercado. Poucas pessoas têm a completa consciência sobre o possível desperdício de alimentos que protagoniza diariamente e quais as maneiras de evitá-lo.
Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais alimentos do que come.
Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do País, o cidadão consome 35 quilos de alimento por ano, ou seja, dois quilos a menos do que o total que é jogado no lixo.
A média de desperdícios no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não chega a 10%.
Estima-se que em restaurantes, o índice de desperdício chega a 15% e nos domicílios, a 20%.
A conscientização contra o desperdício de alimentos começa antes mesmo do seu preparo. Definir previamente os pratos que irão compor o cardápio semanal e fazer uma lista com os ingredientes que precisará contribuem para melhor nortear o consumidor no ato da compra.
"A escolha de alimentos como frutas, legumes e hortaliças, sempre que possível, deve se realizar sem o contato manual. Desta maneira, o produto será preservado por mais tempo", orienta a nutricionista Luciana Serra, gerente de qualidade da Nutrin Alimentos.
Consciência
Ao preparar as refeições, é interessante calcular o número exato de porções para quantidade de pessoas que irá ingeri-la. Isso evita sobras e descartes desnecessários. A utilização completa dos alimentos também implica atenção.
Muitas folhas, talos e cascas, podem enriquecer pratos como sopas, risotos, tortas, sucos. De acordo com a especialista, é só usar a criatividade e reutilizar as sobras da refeição na composição de bolinhos e croquetes ou mesmo recorrer ao congelamento evita o descarte dos alimentos.
As verduras e os legumes também podem ser congelados. Para isso, basta mergulhar os vegetais em água fervente e, assim que a água voltar a borbulhar, imergir os alimentos em um recipiente com água gelada.
Por mais prazeroso e simples que seja, o próprio ato da refeição se configura um exercício de consciência. Ser comedido ao se servir e mastigar o alimento lentamente permite maior controle sobre a saciedade e dificulta a perda de comida na forma de resto.
Ao nos valermos do texto publicitário como uma alternativa de leitura, devemos ponderar que esse tipo de discurso tem como objetivo provocar reações emocionais no receptor. Por isso, esse texto utiliza recursos retóricos para convencer ou alterar atitudes e comportamentos. Para tanto, as palavras, no contexto, passam a indicar ideologias e o modo de conduzi-las é de enorme importância para o efeito de argumentação.
O texto publicitário mostra que há uma interação entre aquele que argumenta e o outro, pois as convicções do primeiro objetivam modificar ou reforçar as ideias do segundo. Comprova-se, assim, que um enunciador tem, além do objetivo de informar, o de orientar o receptor em relação a determinadas conclusões, orientação esta presente na própria estrutura linguística do enunciado.
Os textos publicitários são de alta circulação social e tendem a se tornar mais e mais comuns em virtude das características da sociedade em que vivemos, baseada na produção e no consumo de mercadorias. São textos que atuam justamente no sentido de convencer o público a comprar determinado produto ou, ainda, no sentido de despertar a consciência do público para a destruição do nosso planeta, para problemas sociais, entre outros.
Neste último caso, os textos publicitários procuram "vender" uma ideia, uma forma de conceber as coisas ou, então, buscam estimular os leitores a mudar seu comportamento, suas atitudes. Assim, temos textos publicitários que visam convencer o leitor a parar de fumar, a levar uma vida mais saudável, a conservar o patrimônio cultural de uma cidade, a usar adequadamente o transporte público, etc.
Na análise dos componentes do texto publicitário, o estudo da argumentação permite verificar sua influência na manipulação dos elementos linguísticos e icônicos direcionados para a persuasão. Assim, o texto manifesta-se como um traço da intenção projetada de um emissor para um receptor, a fim de comunicar uma mensagem e produzir um efeito.
Um texto publicitário não costuma seguir normas rígidas, mas usar palavras simples, manter o trato coloquial, fornecer informação e fazer o leitor acreditar sempre ajuda.
PERSUADIR uma pessoa significa atingir sua vontade e o seu sentimento por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, visando obter sua adesão. Significa utilizar estratégias para levar uma pessoa a fazer algo que se deseja que ela faça.
A linha de discurso utilizada para a criação de textos publicitários é de fundamental importância para o êxito do processo de persuasão.
Expressa-se por meio da escrita e deve ser persuasivo o suficiente para que os objetivos de uma campanha publicitária sejam alcançados. O texto publicitário é um dos textos mais acessíveis à população.
O texto desenvolvido por um redator publicitário experiente aproveita o potencial da comunicação para:
1. Atrair a atenção do leitor para uma determinada ideia ;
2. Envolvê-lo com benefícios que satisfarão as suas necessidades físicas e emocionais;
3. Motivá-lo a executar a ação.
Cada palavra é escolhida minuciosamente para transmitir de forma clara, atraente e objetiva a mensagem desejada. Como resultado, surgem frases simpáticas que respeitam, acima de tudo, a estética utilizada e a linguagem do público-alvo do anunciante.
O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Para que o texto possa melhor persuadir o público ele é, geralmente, formado por um texto cuidadosamente selecionado em seus componentes linguísticos.
Os atos discursivos procuram não só informar, como também modificar comportamentos. O sujeito comunicante constrói assim sua mensagem através de “estratégias” discursivas: comunicar é usar estratégias e interpretar é saber reconhecê-las. Dessa forma, além de uma competência linguística, o sujeito interpretante deve possuir uma competência semântico-discursiva que lhe permite depreender o sentido que emana de fatores linguísticos e extra linguísticos.
Em se tratando de texto publicitário científico, o aspecto mais relevante a ser abordado é que as afirmações gerais devem ser evitadas. Quanto mais específica e definida for a mensagem maior e melhor será a força dos argumentos empregados. Portanto, a mensagem nunca deve mentir, principalmente porque terá um público receptor informado e eficiente.
ASPECTOS PONTUAIS SOBRE O GÊNERO:
O texto publicitário (anúncio, informe, campanha) tem como principal objetivo envolver, seduzir o destinatário a fim de levá-lo a adquirir certo produto ou a agir de uma determinada forma. Para tanto, utiliza diferentes recursos como, por exemplo:
a) predomínio das funções apelativa e fática, visando a impressionar o outro (leitor/ouvinte);
b) uso de uma linguagem que, do ponto de vista formal, prima pela agradabilidade, pela originalidade e pela facilidade de leitura, de modo a persuadir mais facilmente;
c) emprego de palavras tanto com sentido denotativo (palavra univalente, termos técnicos) quanto conotativo (palavra plurivalente, figuras de linguagem);
d) abordagem coloquial, parcial (objetividade relativa), em busca do envolvimento - sobretudo emocional - do destinatário;
e) no que se refere aos recursos linguísticos propriamente ditos: predomínio da 2ª. pessoa - você(s) - para criar um "clima" de intimidade entre os envolvidos (produtor/leitor ou ouvinte); uso de vocativos e de frases interrogativas; emprego do imperativo para levar o destinatário a um "dever-fazer" (comprar o produto anunciado; adotar um dado comportamento).
No caso da proposta de redação do Processo Seletivo UFMS 2006 - Verão da UFMS, devido ao gênero (campanha publicitária) solicitado, espera-se que o candidato possa criar um texto do tipo argumentativo, já que o objetivo maior é persuadir o público-alvo (a sociedade, os governantes) a agir de uma determinada forma: desperdiçar menos e doar mais (alimentos, recursos) para a população de baixa renda, pois a questão, como se vê nos textos-base, não é a falta de alimentos.
Como base para sua argumentação, o candidato pode utilizar as informações do Painel de Leitura, de modo a tornar seu texto mais fidedigno.
Além disso, pode valer-se de um ou de vários dos recursos descritos acima, o que depende de sua maior ou menor familiaridade com o texto publicitário.
Na avaliação, além de verificar a pertinência do assunto e do gênero/tipo textual, deve-se considerar:
FONTE: Profa. Ana Maria C. Bernardelli
OBS.: Para entender melhor a proposta de redação da UFMS (2006).
Escrever um bom artigo é bem mais fácil do que a maioria das pessoas pensa. No meu caso, português foi sempre a minha pior matéria. Meu professor de português, o velho Sales, deve estar se revirando na cova. Ele que dizia que eu jamais seria lido por alguém. Portanto, se você sente que nunca poderá escrever, não desanime, eu sentia a mesma coisa na sua idade. Escrever bem pode ser um dom para poetas e literatos, mas a maioria de nós está apta para escrever um simples artigo, um resumo, uma redação tosca das próprias idéias, sem mexer com literatura nem com grandes emoções humanas. O segredo de um bom artigo não é talento, mas dedicação, persistência e manter-se ligado a algumas regras simples. Cada colunista tem os seus padrões. Eu vou detalhar alguns dos meus e espero que sejam úteis para você também.
1. Eu sempre escrevo tendo uma nítida imagem da pessoa para quem eu estou escrevendo. Na maioria dos meus artigos para a Veja, por exemplo, eu normalmente imagino alguém com 16 anos de idade ou um pai de família.
Alguns escritores e jornalistas escrevem pensando nos seus chefes, outros escrevem pensando num outro colunista que querem superar, alguns escrevem sem pensar em alguém especificamente. A maioria escreve pensando em todo mundo, querendo explicar tudo a todos ao mesmo tempo, algo na minha opinião meio impossível. Ter uma imagem do leitor ajuda a lembrar que não dá para escrever para todos no mesmo artigo. Você vai ter que escolher o seu público alvo de cada vez, e escrever quantos artigos forem necessários para convencer todos os grupos. O mundo está emburrecendo porque a TV em massa e os grandes jornais não conseguem mais explicar quase nada, justamente porque escrevem para todo mundo ao mesmo tempo. E aí, nenhum das centenas de grupos que compõem a sociedade brasileira entende direito o que está acontecendo no país, ou o que está sendo proposto pelo articulista. Os poucos que entendem não saem plenamente ou suficientemente convencidos para mudar alguma coisa.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): Não se esqueça de que o leitor provável do seu texto, nesta fase, será uma banca de correção (Enem ou vestibulares).
2. Há muitos escritores que escrevem para afagar os seus próprios egos e mostrar para o público quão inteligentes são. Se você for jovem, você é presa fácil para este estilo, porque todo jovem quer se incluir na sociedade.
Mas não o faça pela erudição, que é sempre conhecimento de segunda mão. Escreva as suas experiências únicas, as suas pesquisas bem sucedidas, ou os erros que já cometeu.Querer se mostrar é sempre uma tentação, nem eu consigo resistir de vez em quando de citar um Rousseau ou Karl Marx. Mas, tendo uma nítida imagem para quem você está escrevendo, ajuda a manter o bom senso e a humildade. Querer se exibir nem fica bem. Resumindo, não caia nessa tentação, leitores odeiam ser chamados de burros. Leitores querem sair da leitura mais inteligentes do que antes, querem entender o que você quis dizer. Seu objetivo será deixar o seu leitor, no final da leitura, tão informado quanto você, pelo menos na questão apresentada. Portanto, o objetivo de um artigo é convencer alguém de uma nova ideia, não convencer alguém da sua inteligência. Isto, o leitor irá decidir por si, dependendo de quão convincente você for.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): Não se esqueça de que o leitor provável do seu texto, nesta fase, será uma banca de correção; portanto, vale a pena dialogar com grandes nomes da literatura, fatos históricos, versos poéticos, música; entre outras fontes confiáveis ...
3. Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seria a frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino uma frase, processo que leva praticamente um mês.
Ninguém tem coragem de cortar tudo o que tem de ser cortado numa única passada. Parece tudo tão perfeito, tudo tão essencial. Por isto, os cortes são feitos aos poucos.Depois tem a leitura para cuidar das vírgulas, do estilo, da concordância, das palavras repetidas e assim por diante. Para nós, pobres mortais, não dá para fazer tudo de uma vez só, como os literatos. Melhor partir para a especialização, fazendo uma tarefa BEM FEITA por vez.Pensando bem, meus artigos são mais esculpidos do que escritos. Quarenta vezes talvez seja desnecessário para quem for escrever numa revista menos abrangente. Vinte das minhas releituras são devido a Veja, com seu público heterogêneo onde não posso ofender ninguém.Por exemplo, escrevi um artigo "Em terra de cego quem tem um olho é rei". É uma análise sociológica do Brasil e tive de me preocupar com quem poderia se sentir ofendido com cada frase. O Presidente Lula, apesar do artigo não ter nada a ver com ele, poderia achar que é uma crítica pessoal? Ou um leitor achar que é uma indireta contra este governo? Devo então mudar o título ou quem lê o artigo inteiro percebe que o recado é totalmente outro?Este é o tipo de problema que eu tenho, e espero que um dia você tenha também.O meu primeiro rascunho é escrito quando tenho uma inspiração, que ocorre a qualquer momento lendo uma ideia num livro, uma frase boba no jornal ou uma declaração infeliz de um ministro. Às vezes, eu tenho um bom título e nada mais para começar. Inspiração significa que você tem um bom início, o meio e dois bons argumentos. O fechamento vem depois. Uma vez escrito o rascunho, ele fica de molho por algum tempo, uma semana, até um mês. O artigo tem de ficar de molho por algum tempo. Isso é muito importante.Escrever de véspera é escrever lixo na certa. Por isto, nossa imprensa vem piorando cada vez mais, e com a internet nem de véspera se escreve mais. Internet de conteúdo é uma ficção. A não ser que tenha sido escrito pelo próprio protagonista da notícia, não um intermediário. A segunda leitura só vem uma semana ou um mês depois e é sempre uma surpresa. Tem frases que nem você mais entende, tem parágrafos ridículos, mas que pelo jeito foi você mesmo que escreveu. Tem frases ditas com ódio, que soam exageradas e infantis, coisa de adolescente frustrado com o mundo. A única solução é sair apagando.O artigo vai melhorando aos poucos com cada releitura, com o acréscimo de novas ideias, ou melhores maneiras de descrever uma ideia já escrita.Estas soluções e melhorias vão aparecendo no carro, no cinema ou na casa de um amigo. Por isto, os artigos andam comigo no meu Palm Top, para estarem sempre à disposição.Normalmente, nas primeiras releituras tiro excessos de emoção. Para que taxar alguém de neoliberal, só para denegri-lo? Por que dar uma alfinetada extra? É abuso do seu poder, embora muitos colunistas fazem destas alfinetadas a sua razão de escrever.Vão existir neoliberais moderados entre os seus leitores e por que torná-los inimigos à toa? Vá com calma com suas afirmações preconceituosas, seu espaço não é uma tribuna de difamação.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): Não se esqueça de que o seu tempo é curto por se tratar de uma avaliação para o curso superior (Enem e vestibulares). Mesmo assim, siga as orientações de releitura, correção para obter a legibilidade e clareza - sempre parceiras de um bom texto...
4. Isto leva à regra mais importante de todas: você normalmente quer convencer alguém que tem uma convicção contrária à sua. Se você quer mudar o mundo você terá que começar convencendo os conservadores a mudar.
Dezenas de jornalistas e colunistas desperdiçam as suas vidas e a de milhares de árvores, ao serem tão sectários e ideológicos que acabam sendo lidos somente pelos já convertidos. Não vão acabar nem mudando o bairro, somente semeando ódio e cizânia.Quando detecto a ideologia de um jornalista eu deixo de ler a sua coluna de imediato. Afinal, quero alguém imparcial noticiando os fatos, não o militante de um partido. Se for para ler ideologia, prefiro ir direto na fonte, seja Karl Marx ou Milton Friedman. Pelo menos, eles sabiam o que estavam escrevendo. É muito mais fácil escrever para a sua galera cativa, sabendo que você vai receber aplausos a cada "Fora Governo" e "Fora FMI". Mas resista à tentação, o mercado já está lotado deste tipo de escritor e jornalista. Economizaríamos milhares de árvores e tempo se graças a um artigo seu, o Governo ou o FMI mudassem de ideia.
5. Cada ideia tem de ser repetida duas ou mais vezes. Na primeira vez você explica de um jeito, na segunda você explica de outro. Muitas vezes, eu tento encaixar ainda uma terceira versão. Nem todo mundo entende na primeira investida, a maioria fica confusa. A segunda explicação é uma nova tentativa e serve de reforço e validação para quem já entendeu da primeira vez. Informação é redundância. Você tem que dar mais informação do que o estritamente necessário. Eu odeio aqueles mapas de sítio de amigo que se você errar uma indicação você estará perdido para sempre. Imagine uma instrução tipo: "se você passar o posto de gasolina, volte, porque você ultrapassou o nosso sítio".Ou seja, repeti acima uma ideia mais ou menos quatro vezes, e mesmo assim muita gente ainda não vai saber o que quer dizer "redundância" e muitos nunca vão seguir este conselho. Neste mesmo exemplo acima também misturei teoria e dois exemplos práticos. Teoria é que informação para ser transmitida precisa de alguma redundância, o posto de gasolina foi um exemplo. Não sei por que tanto intelectual teórico não consegue dar a nós, pobres mortais, um único exemplo do que ele está expondo. Eu me recuso a ler intelectual que só fica na teoria, suspeito sempre que ele vive numa redoma de vidro.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): Seja redundante em relação à sua tese. Ela norteará toda a discussão.
6. Se você quer convencer alguém de alguma coisa, o melhor é deixá-lo chegar à conclusão sozinho, em vez de você impor a sua. Se ele chegar à mesma conclusão, você terá um aliado. Se você apresentar a sua conclusão, terá um desconfiado.
Então, o segredo é colocar os dados, formular a pergunta que o leitor deve responder, dar alguns argumentos importantes, e parar por aí. Se o leitor for esperto, ele fará o passo seguinte, chegará à terrível conclusão por si só, e se sentirá um gênio. Se você fizer todo o trabalho sozinho, o gênio será você, mas você não mudará o mundo, e perderá os aliados que quer ter. Num artigo sobre erros graves de um famoso Ministro, fiquei na dúvida se deveria sugerir que ele fosse preso e nos pagar pelo prejuízo de 20 bilhões que causou, uma acusação que poderia até gerar um processo na justiça por difamação.Por isto, deixei a última frase de fora. Mostrei o artigo a um amigo economista antes de publicá-lo, e qual não foi a minha surpresa quando ele disse indignado: "um ministro desses deveria ser preso". A última frase nem foi necessária.Portanto, não menospreze o seu leitor. Você não estará escrevendo para perfeitos idiotas e seus leitores vão achar seus artigos estimulantes. Vão achar que você os fez pensar.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): No Enem (ou vestibulares) você poderá trabalhar o sentido implícito e, por ser, Artigo de Opinião, poderá até deixar uma pergunta para o leitor responder...
7. O sétimo truque não é meu, aprendi num curso de redação. O professor exigia que escrevêssemos um texto de quatro páginas. Feita a tarefa, pedia que tudo fosse reescrito em duas páginas sem perder conteúdo.Parecia impossível, mas normalmente conseguíamos. Têm frases mais curtas, têm formas mais econômicas, tem muita lingüiça para retirar.
Em dois meses aprendemos a ser mais concisos, diretos, e achar soluções mais curtas. Depois, éramos obrigados a reescrever tudo aquilo novamente em uma única página, agora sim perdendo parte do conteúdo. Protesto geral, toda frase era preciosa, não dava para tirar absolutamente nada. Mas isto nos obrigava a determinar o que de fato era essencial ao argumento, e o que não era.Graças a esse treino, a maioria das pessoas me acha extremamente inteligente, o que lamentavelmente não sou, fui um aluno médio a vida inteira. O que o pessoal se impressiona é com a quantidade de informação relevante que consigo colocar numa única página de artigo, e isto minha gente não é inteligência, é treino. Portanto, mãos à obra. Boa sorte e mudem o mundo com suas pesquisas e observações fundamentadas, não com seus preconceitos.
OBS. (Delinha, Eva e Daniela): Vamos fazer esse tipo de exercício em sala de aula.
A grande prova para o discurso jornalístico é merecer credibilidade de quem o lê. O desafio é transmitir a informação de tal maneira que se torne crível. Daí decorre a necessidade de escrever bem, representando com fidelidade o fato narrado, o que implica em conhecer as principais normas para a boa redação jornalística.
A proposta deste Manual sobre Fundamentos da Redação Jornalística é indicar caminhos e soluções, dando exemplos práticos para o desenvolvimento de bons textos na comunicação empresarial, sempre lembrando que é possível escrever melhor e de maneira mais compreensível.
Como na Imprensa, no jornal empresarial os textos são produzidos com a intenção de estimular respostas por parte do receptor da mensagem, sem que essa busca por determinada reação pressuponha incorreção ou manipulação da informação.
Este guia eletrônico pretende contribuir para a melhoria dos textos jornalísticos gerados pelas cooperativas Unimed, lembrando que a comunicação tem importância fundamental no sucesso de nossa atividade.
Boa leitura!
Passo-a-passo para construir textos compreensíveis e capazes de atingir os resultados esperados de comunicação:
* Lead: conjunto atraente para despertar o interesse do leitor
* Pense e escreva com clareza
* Opte por frases curtas. Períodos longos são cansativos e podem causar confusão no leitor.
* Escolha palavras simples, que traduzam o mais exatamente possível o que você pretende dizer.
* As sentenças devem ser positivas
* Use a voz ativa
* Escolha termos específicos
* Escolha palavras concretas
* Cuidado com o excesso de adjetivação. Adjetivos cabem melhor em textos publicitários
* Construa o texto como se estivesse fazendo música, com harmonia.
* Verbos devem ser usados com muita atenção, e de preferência não devem ser dobrados
* Cuidado com o aposto
Título, subtítulo e legenda
Diagramação e fotos
Bibliografia consultada
Lead: conjunto atraente para despertar o interesse do leitor
O discurso jornalístico caracteriza-se pela necessidade de contextualizar a informação, para que o público entenda o fato e forme opinião própria. Uma recomendação para facilitar essa tarefa é abrir seu texto procurando responder a seis questões fundamentais para boa compreensão do texto: o quê, quem, quando, como, onde e por que.
O lead, como chamamos o primeiro parágrafo do texto, onde estão em princípio respondidas todas as perguntas fundamentais para a compreensão da informação, precisa constituir com o restante da matéria um conjunto atraente, capaz de despertar o interesse do leitor e estimulá-lo a prosseguir até o final, com a sensação de que a leitura valeu a pena.
Com este recurso, conhecido como pirâmide invertida, as primeiras frases têm o resumo dos acontecimentos mais importantes da história. Esta abertura deve ser criativa, mantendo o caráter informativo do texto.
Nos parágrafos seguintes, o texto deve ter os pormenores das informações dadas no lead. Declarações de pessoas envolvidas com o fato, por exemplo, ajudam a dar legitimidade e detalhes à matéria.
Se o texto for longo, divida-o em retrancas (partes), abordando diversos temas sobre a história principal. No final, deve ser mantida alguma conexão com o início da matéria, como se fechasse um círculo.
Neste caso, o título e a diagramação também influenciam. Mas é preciso ficar atento, pois todos os assuntos presentes no lead devem constar do desenvolvimento da matéria.
Há outras formas de se estruturar uma matéria jornalística, como a descrição dos fatos na ordem em que ocorreram ou os fatos culminantes na abertura, e, na seqüência, a narração na ordem cronológica.
E qual deve ser o tamanho do texto? O tamanho do bomsenso! A dica, em qualquer um dos estilos adotados, é escrever textos mais curtos. Além disso, consulte sempre o dicionário.
Pense e escreva com clareza
Uma das características da notícia é a objetividade. Por mais importante que seja o assunto, a matéria deve ser escrita de forma sintética, sem rodeios, mas com todas as informações básicas para a compreensão do tema abordado..
Na comunicação empresarial, os temas árduos, que não podem deixar de ser abordados pela publicação, devem ser tratados de forma que o leitor se interesse por eles, e leia a matéria, com elementos que estejam relacionados ao seu dia-a-dia, de forma clara e objetiva. Um exemplo seria uma notícia no jornal destinado ao médico cooperado que contrariasse os seus interesses. Esta matéria teria de contar com elementos que justificassem a posição e as decisões tomadas pela Unimed sobre o tema, sempre considerando a realidade deste profissional.
A dica é sempre ter em mente que suas idéias têm de ser entendidas pelos leitores. O redator não pode escrever para ele mesmo. É preciso enfocar o interlocutor, como fazemos quando escrevemos cartas.
Lembre-se: clareza não é apenas evitar palavras difíceis. Até porque usar palavras novas traz conhecimento para o leitor. Ter clareza significa a capacidade de não misturar as idéias, mas articulá-las. Pois o ser humano só tem capacidade de decodificar uma idéia por vez.
Deve-se, também, redigir textos enxutos, sem palavras que não contenham informação. Seguindo estes critérios, o resultado será um alto nível de precisão e de elegância no texto jornalístico. Afinal, a clareza é a maior qualidade do estilo.
Dicas:
* O redator deve usar e abusar do ponto: o gerúndio pode ser substituído por ponto; uma oração coordenada pode ser transformada em novo período; e a oração adjetiva pode ser substituída por um adjetivo. Sempre que puder, desmembre grandes frases em outras menores, ou as diminua, tornando-as mais diretas!
* Aproxime termos e orações que se relacionem pelo sentido. Isso dará mais coerência ao texto.
* Faça declarações claras. Nas declarações longas, não deixe o leitor ansioso. Dê a informação principal no início.
* Cuidado com o verbo declarativo, que indique o interlocutor que está com a palavra. “Dizer” costuma ser acertado para a maioria dos casos. Mas não se deve abusar dele, para não tornar o texto monótono. Outros verbos também mostram quem disse o quê: perguntar, responder, contestar, concordar, exclamar, pedir, exortar, ordenar. Outros, como alertar, comentar, arriscar, aprovar, além de indicar quem está falando, traduzem emoções.
* Cada parágrafo deve ser escrito em torno de uma idéia principal. Além disso, deve haver fluência: a ligação de um parágrafo a outro. O ápice – tópico frasal – é o carro-chefe do parágrafo. Outra idéia forte deve ir para outro parágrafo. Com isso, se constrói a fluência. O parágrafo sem tópico frasal impede o leitor de entender o texto, deixa a frase dispersiva.
* Apesar de a regra geral indicar que a notícia começa sempre com o que é mais importante, quando se tem um tópico frasal nítido, o ápice não precisa estar no início. Mas aí se torna mais difícil prender a atenção do leitor. Portanto, fique atento: para se escrever bem é importante saber lidar com o tópico frasal.
Opte por frases curtas. Períodos longos são cansativos e podem causar confusão no leitor
A literatura indica sentenças de, no máximo, 150 toques. Isso, baseado na capacidade de acompanhamento do raciocínio e compreensão do leitor.
Além de tornar o texto mais claro, a frase curta também tem a vantagem de diminuir o risco de problemas com conjunções, vírgulas e concordâncias.
A clareza é um elemento essencial da linguagem jornalística. E a construção de períodos curtos contribui para a objetividade do texto. Dessa forma, apesar de ser possível escrever com períodos longos, a fluência do texto está na construção de períodos nem muito curtos nem muito longos.
Dicas para a frase enxuta:
* Evite artigos indefinidos (um, uma, uns, umas). Eles tornam o substantivo vago.
* Evite os pronomes possessivos (seu, sua). Eles tornam a frase ambígua, pois “seu” e “sua” podem se referir a ele ou a você.
* Substitua os pronomes demonstrativos (aquele, aquela e aquilo) por artigos (o, a), deixando a frase mais leve.
* Corte o “todos”. Este pronome “sobra” em muitas situações e pode ser excluído sem prejuízos ao entendimento da frase. Ainda sobre o sentido de “todos”, fique atento ao uso do artigo definido, pois ele pode causar confusão de significados. Ao escrever “os pais foram à reunião da escola” está se afirmando que todos os pais compareceram à reunião. Se não são todos, melhor excluir o “os” da frase.
Escolha palavras simples, que traduzam o mais exatamente possível o que você pretende dizer
Opte sempre pela palavra mais expressiva e, preferencialmente, mais curta. Evite também o uso de palavras excessivamente rebuscadas, que dificultem a leitura e a compreensão do texto.
As sentenças devem ser positivas
Diga sempre o que é, não o que não é. Dizer o que não é pode parecer impreciso.
Use a voz ativa
A voz ativa é mais curta, dispensa o verbo ser e soa mais direta.
A voz ativa apresenta o sujeito como agente. Ou seja, ele pratica, executa a ação expressa pelo verbo.
Ex.: A garota quebrou o copo
Neste caso, “a menina” é o sujeito agente e o verbo “quebrou” está na voz ativa.
Escolha termos específicos
A precisão das palavras contribui diretamente para a clareza das idéias. O redator deve sempre buscar o vocábulo certo para o contexto.
Com os verbos acontece a mesma coisa. Alguns servem de “muleta” para qualquer frase, mas a tornam vaga e imprecisa. Os verbos “fazer”, “pôr”, “dizer”, “ter” e “ver”, por exemplo, podem ser substituídos sem rebuscar o texto.
Consulte o dicionário. Pesquise. O texto ficará mais direto e agradável de se ler.
Escolha palavras concretas
A precisão do texto também está na escolha de algumas palavras que são mais específicas que outras.
Os números são, geralmente, muito abstratos para os leitores. Faça comparações para facilitar o entendimento da grandeza que os dados apresentados representem.
Ao descrever uma cena, se o redator generalizar, privará o leitor de saber detalhes que enriqueceriam a leitura e a tornariam mais interessante e precisa.
Como regra geral, o redator deve ser específico, deve definir e se utilizar do fato. Deve escolher bem o substantivo, adjetivar, mas evitar superlativos, pois precisaria de comparações.
Cuidado com o excesso de adjetivação. Adjetivos cabem melhor em textos publicitários
Os adjetivos só são bem-vindos quando tornam o substantivo mais preciso, menos abrangente, ou quando particularizam o objetivo, dando validade à informação.
No geral, porém, substantivo e adjetivo são quase sempre inimigos. Os adjetivos devem prestar um serviço à frase; se não, devem ser evitados. É o caso de adjetivos “vazios”, que não acrescentam informação ao substantivo (ex. “maravilhoso”).
Portanto, no jornalismo deve-se ser sempre econômico com os adjetivos. Eles podem, inclusive, comprometer a característica de neutralidade do texto jornalístico.
Seja conciso
Ser conciso poupa espaço, bem cada vez mais escasso no jornal, sem prejudicar a plena compreensão do leitor. Significa dar, a cada palavra, frase ou parágrafo, todo o sentido que possa transmitir. A tarefa exige poder de síntese e uso de palavras fortes, precisas. Confira algumas sugestões:
* Escreva as datas de forma resumida: em 16 de dezembro (não “no dia 16 de dezembro); em fevereiro (não “no mês de fevereiro”) etc.
* Substitua locução adjetiva por adjetivo: criança mal-educada (não “criança sem educação); e oração adjetiva por nome: criança analfabeta (não “criança que não sabe ler nem escrever”).
* Exclua “que é”, “que foi” etc.: De acordo com o levantamento, realizado em setembro… (não “De acordo com o levantamento, que foi realizado em …”).
* Reduza as orações, eliminando palavras ou expressões desnecessárias.
* Substitua a locução verbo + substantivo pelo verbo: viajar (não “fazer uma viagem”).
Construa o texto como se estivesse fazendo música, com harmonia
* Cuidado com as cacofonias.
* Evite a repetição de palavras ou de estruturas: utilização do mesmo substantivo, verbo ou preposição são cansativas. Além disso, o início de frases e parágrafos com estruturas iguais torna o texto muito monótono.
* A ordem dos elementos da oração – sujeito, objetos adjuntos, entre outros – é a chave para o estilo harmonioso. E a dica é colocar o termo mais curto (com menor número de sílabas) à frente do mais longo.
* Utilize a técnica de estilo do três: imagine três itens para agrupar ao descrever algo: “A arquiteta é uma mulher elegante, atenciosa e inteligente”. Esta estrutura tem sucesso garantido.
* Cuidado com o eco das palavras, com a repetição de sons iguais. Para evitá-lo, releia os textos, de preferência em voz alta.
* Intercale frases curtas com longas. Varie a estrutura de cada parágrafo.
Verbos devem ser usados com muita atenção e, de preferência, não devem ser dobrados
Quando se escolhe os verbos certos, o texto fica mais enxuto, não é necessário escrever tanto. Ou seja, a escolha do verbo influi no relato da ação. O verbo adequado evita o excesso de texto.
Já a utilização de dois verbos esconde a ação principal. E pode relegar a um segundo plano o verbo que denota a ação. Os manuais de redação, inclusive, condenam o uso de locuções verbais.
Cuidado, portanto, com a utilização do verbo “ser”, que deve ser usado somente se estritamente necessário. Segundo o professor Manuel Carlos Chaparro, ele “sacrifica o vigor performativo da frase”. A indicação é que seja utilizado apenas uma vez por parágrafo.
Cuidado também com “estar”. A articulação do texto deve se dar em torno dos verbos, pois substantivar o verbo enfraquece a redação.
Há verbos chamados, por alguns autores, de performativos, que indicam o uso perfeito da linguagem: o verbo realiza a ação que anuncia.
Locução verbal é o conjunto de um verbo auxiliar mais verbo principal. O verbo principal pode estar no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.
Cuidado com o aposto
Quanto maior a distância entre o núcleo substantivo e o núcleo verbal, mais difícil é a compreensão da frase. Por isso, o uso do aposto não pode confundir a mente do leitor. Ele é o grande inimigo da clareza do texto. E o aposto com verbo ganha vida própria, atrapalhando ainda mais a compreensão do texto.
Escrever períodos curtos ajuda, mas, às vezes, é preciso escrever períodos longos. E o uso do aposto, em alguns desses casos, se torna necessário. A dica, então, é utilizá-lo para qualificar e valorizar o núcleo substantivo, ou para dar sentido mais refinado ao núcleo verbal. Quando bem utilizado, o aposto enriquece, elucida a ação do sujeito.
Além disso, tenha muito cuidado com a pontuação – vírgulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase.
Aposto é o termo que explica, esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração. De maneira geral, é destacado por pausas, que podem ser representadas por vírgulas, dois-pontos ou travessões.
Ex.: Ouro Preto, a antiga Vila Rica da época da mineração, é hoje uma cidade histórica.
Título, subtítulo e legenda
Os três elementos da edição – título, subtítulo e legendas – completam-se uns aos outros. Além de chamar a atenção do leitor para o texto, dão uma noção geral de seu conteúdo. E a distribuição destes acessórios na página segue o movimento dos olhos durante a leitura, que acontece no sentido horizontal, de cima para baixo e da esquerda para a direita.
O título apresenta o fato (o que aconteceu?). Ele “fisga” o leitor para a matéria. Como diz o professor da USP Manuel Carlos Chaparro, “o jornalismo precisa do título como o esfomeado precisa do pão”. O título cria uma expectativa que deve ser atendida de imediato, incluindo a informação já no primeiro parágrafo (pirâmide invertida). Daí, o redator leva o leitor até o fim do texto, gera novas expectativas e as correspondendo.
Já o subtítulo acrescenta informações (como aconteceu?, quem esteve envolvido e como?). As legendas, por sua vez, explicam a foto de acordo com o contexto da matéria. Elas não podem apenas descrever a imagem, mas identificar pessoas e lugares, por exemplo.
O título deve conter um verbo, explícito ou implícito, de preferência na voz ativa, no presente ou no futuro. E lembre-se que o que está acontecendo ou vai acontecer tem sempre mais importância do que o que já aconteceu.
Prefira afirmar, ou em casos especiais, negar. Os manuais de redação costumam proibir o uso de ponto de interrogação nos títulos, subtítulos e legendas. Assim, o redator que quiser fugir do convencional e se arriscar a utilizá-lo, deve fazê-lo da forma mais criativa e mais adequada ao perfil editorial da publicação possível, ou entre aspas.
A dica das jornalistas Dad Squarisi e Arlete Salvador, no livro A arte de escrever bem, é que, ao definir o título, se deve sempre priorizar a humanização da matéria. Para que o resultado não seja um título frio, distante das pessoas e da sociedade. Assim, o que poderia transmitir a impressão de uma informação burocrática, toma forma de uma história mais próxima da realidade do leitor. Esta dica também é válida para o jornal de empresa, que deve sempre evitar o excesso de corporativismo.
Diagramação e fotos
Assim como o título, a diagramação também estimula a leitura do texto, além de eleger o que é mais importante. A linguagem jornalística não pode provocar dúvidas no leitor, inclusive na diagramação. Numa página em que não haja uma matéria de peso, por exemplo, corre-se o risco de o leitor não se fixar em nada. A diagramação deve dar o ordenamento necessário para estimular o leitor a entrar na página por meio da notícia mais importante.
Outro ponto importante é a escolha de fotos, que deve seguir critérios técnicos, não de conveniência, inclusive no jornal de empresa. Deve haver coerência, pois a foto agrega à informação a força da veracidade e exerce um importante papel na comunicação, ajudando a elucidar a matéria.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Erbolato, Mário. Técnicas de Codificação em jornalismo – Redação, captação e edição no jornal diário. São Paulo. Editora Ática, 2004
Squarisi, Dad e Salvador, Arlete. A arte de escrever bem – Um guia para jornalistas e profissionais do texto. São Paulo. Editora Contexto, 2005.
Curso de Manuel Carlos Chaparro,na Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), em 2005.