sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Crônica Literária
Crônica Literária
FONTE: http://www.maite.com.br/
Redação
As características abaixo foram citadas por vários autores que tentaram entender a crônica enquanto estilo literário:
Educação / Emprego
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Educação
O xis da questão é que a maioria dos brasileiros não está preparada para participar da festa do mundo globalizado. O país conseguiu avanços dignos de nota, mas ainda tem enormes desafios pela frente. Só 11% dos jovens em idade de freqüentar a universidade estão matriculados. É um padrão muito baixo até entre os vizinhos latinos. Na Argentina e no Chile esse índice é de 30%. Entre os trabalhadores brasileiros, 65% só chegaram até os primeiros quatro anos do ensino fundamental, que é concluído em oito anos. "Os países estão produzindo riqueza, gerando inovações", diz o economista José Alexandre Scheinkman, de Princeton. "E inovações são geradas por gente educada", completa.
As nações que já enfrentaram o desafio têm lições importantes a oferecer. Trinta anos atrás, a Irlanda era um dos países mais pobres da Europa. Vários governos seguidos mantiveram-se fiéis a um mesmo programa de metas e injetaram volumes pesados de dinheiro no sistema educacional. Em meados da década de 90, os irlandeses começaram a colher os primeiros frutos. Empresas se mudaram para o país, entre outros fatores, por causa da mão-de-obra qualificada. A Coréia do Sul, a Nova Zelândia e a Espanha também já foram primos pobres do mundo globalizado. O investimento em educação foi um ingrediente fundamental do sucesso alcançado por todos.
Educação
FONTE: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2010/05/17/conheca-os-sete-cursos-tecnicos-considerados-carreiras-do-futuro-916604683.asp
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Mais vendido 02: Por que os homens amam...
sábado, 11 de dezembro de 2010
Mais vendido 01 (Literatura): Comer, Rezar, Amar.
Trecho de Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert
Eu queria que Giovanni me beijasse.
Ah, mas são tantos os motivos que fariam disso uma péssima ideia... Para começar, Giovanni é dez anos mais novo do que eu, e – como a maior parte dos rapazes italianos de vinte e poucos anos – ainda mora com a mãe. Só esses dois fatos já fazem dele um parceiro romântico improvável para mim, já que sou uma americana de trinta e poucos anos que trabalha, acaba de passar por um casamento falido e por um divórcio arrasador e interminável, imediatamente seguido por um caso de amor apaixonado que terminou com uma dolorosa ruptura. Todas essas perdas, uma atrás da outra, deixaram em mim uma sensação de tristeza e fragilidade, e a impressão de ter mais ou menos 7 mil anos de idade. Por uma simples questão de princípios, eu não imporia essa minha pessoa desanimada, derrotada e velha ao adorável, inocente Giovanni. Sem falar que eu finalmente havia chegado à idade em que uma mulher começa a questionar se a maneira mais sensata de superar a perda de um lindo rapaz de olhos castanhos é mesmo levar outro para sua cama imediatamente. É por isso que já faz muitos meses que estou sozinha. É por isso, na verdade, que decidi passar este ano inteiro sozinha.
Diante do que o observador mais arguto poderá perguntar: "Então por que você veio para a Itália?"
E tudo que posso responder – sobretudo quando olho para o belo Giovanni do outro lado da mesa – é: "Boa pergunta."
Giovanni é meu parceiro de intercâmbio de línguas. Isto pode parecer uma insinuação, mas infelizmente não é. Tudo o que realmente significa é que nós nos encontramos algumas noites por semana aqui em Roma para praticar o idioma um do outro. Primeiro conversamos em italiano, e ele é paciente comigo; em seguida, conversamos em inglês, e eu sou paciente com ele. Descobri Giovanni algumas semanas depois de ter chegado a Roma, graças ao grande cybercafé da Piazza Barbarini, do outro lado da rua, em frente àquele chafariz com a escultura de um homem com rabo de peixe soprando sua concha. Ele (Giovanni, não o homem com rabo de peixe) fixara um anúncio no quadro de avisos explicando que um italiano nativo estava procurando alguém que falasse inglês para treinar conversação nas duas línguas. Logo ao lado do seu anúncio havia outro com o mesmo pedido, absolutamente idêntico em cada palavra, e até na fonte usada. A única diferença era a informação para contato. Um dos anúncios trazia o endereço eletrônico de um tal Giovanni; o outro tinha o nome de um tal Dario. Mas até o número do telefone residencial era o mesmo.
Usando meus aguçados poderes de intuição, mandei um e-mail para os dois homens ao mesmo tempo, perguntando, em italiano: "Será que vocês são irmãos?"
Foi Giovanni quem respondeu com este texto muito provocativo: "Melhor ainda. Gêmeos!"
Sim – muito melhor. Gêmeos idênticos de 25 anos, altos, morenos e lindos, conforme vim a descobrir, com aqueles gigantescos olhos castanhos de pupilas líquidas que os italianos têm e que simplesmente me tiram o chão. Depois de conhecer os rapazes pessoalmente, comecei a me perguntar se por acaso eu deveria ajustar um pouquinho minha regra quanto a permanecer solteira durante este ano. Por exemplo, talvez eu pudesse permanecer totalmente solteira excetopelo fato de ter dois lindos irmãos italianos de 25 anos como amantes. Isso me lembrava um pouco um amigo meu que é vegetariano, mas come bacon, e no entanto… Eu já estava escrevendo a minha carta para o fórum de alguma revista masculina:
Em meio à penumbra bruxuleante iluminada pelas velas do café romano, era impossível dizer de quem eram as mãos que acariciavam…
Mas não.
Não, não, não.
Interrompi a fantasia no meio. Aquele não era o momento para eu arrumar uma história de amor e (conseqüência óbvia e inevitável) complicar ainda mais minha já tão enrolada vida. Aquele era o momento para eu procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão.
De todo modo, àquela altura, em meados de novembro, o tímido e estudioso Giovanni e eu já havíamos nos tornado grandes amigos. Quanto a Dario – o mais extrovertido e festeiro dos dois irmãos –, eu o apresentei à minha encantadora amiguinha sueca, Sofie, e o modo como eles têm compartilhado as suas noites em Roma é outro tipo completamente diferente de intercâmbio. Mas Giovanni e eu só fazemos conversar. Bom, comer e conversar. Já faz várias agradáveis semanas que temos comido e conversado, dividindo pizzas e gentis correções gramaticais, e a noite de hoje não foi nenhuma exceção. Uma noite maravilhosa regada a novos idiomas e mozzarella fresca.
Agora é meia-noite e o tempo está enevoado, e Giovanni me acompanha até meu apartamento por aquelas ruelas de Roma que serpenteiam de forma natural em volta dos antigos prédios como pequenos riachos coleando ao redor das sombras formadas pelos densos bosques de ciprestes. Agora estamos diante da minha porta. Estamos de frente um para o outro. Ele me dá um abraço caloroso. A coisa já evoluiu; durante as primeiras semanas, ele só fazia apertar minha mão. Acho que, se eu ficasse na Itália por mais três anos, poderia até ser que ele tomasse coragem para me beijar. Por outro lado, ele poderia simplesmente me beijar agora mesmo, esta noite, aqui mesmo junto à minha porta… ainda há uma chance… quero dizer, nossos corpos estão colados sob o luar… e é claro que isso seria um erro terrível… mas mesmo assim o fato de ele poder realmente fazer isso agora é uma possibilidade tão maravilhosa… ele poder simplesmente se curvar… e… e…
Que nada.
Ele solta o abraço.
– Boa-noite, cara Liz – diz ele.
– Buona notte, caro mio – respondo. Subo as escadas até meu apartamento no quarto andar, sozinha. Entro no meu pequenino quitinete, sozinha. Fecho a porta atrás de mim. Mais uma noite solitária em Roma. Mais uma longa noite de sono pela frente, sem ninguém nem nada na minha cama a não ser uma pilha de guias de conversação e dicionários de italiano.
Estou sozinha, inteiramente sozinha, completamente sozinha.
Ao absorver essa realidade, largo minha bolsa, caio de joelhos e encosto a testa no chão. Ali, ofereço ao universo uma fervorosa oração de agradecimento.
Primeiro, em inglês.
Em seguida, em italiano.
E então – só para ter certeza – em sânscrito.
FONTE: http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/comer-rezar-amar.shtml
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO LITERÁRIO
PARTE I: CAPACIDADE HUMANA DE COMPREENDER TEXTOS
O esforço de compreender e comunicar, na verdade operações intercambiáveis, é que permitiu o salto da natureza para a cultura, que nos possibilitou a condição humana.
Comecemos pelo conforto de declarar a impossibilidade de circunscrever o ato da leitura e compreensão de um texto, supostamente literário ou não, em uma fórmula fechada ou modelo, ou modelagens. Esta tentativa, exercida à exaustão nos anos 1970, sob a rubrica do formalismo e do estruturalismo, redundou inútil, principalmente pelo seu fracasso em deixar de lado a complexidade do conflito das interpretações.
Para oferecer um breve panorama do estado da arte na questão proposta, é interessante partir de algumas obviedades em torno da proposição descrita no título desse artigo.
Um texto literário é, fundamentalmente, uma comunicação, no sentido daquela vontade de saber que move o céu e as estrelas, e que Dante chamou de AMOR. Provavelmente, sob o solo comum da linguagem, o homem, a única espécie capaz de organizar uma língua e com ela exercitar a comunicabilidade, elaborou o mais extraordinário e complexo instrumento de transmissão de vida e cultura: a linguagem.
Permanece obscuro o processo neuroquímico que viabilizou esse milagre. Talvez um dia, com o espetacular avanço das neurociências, possamos ainda saber como isso se deu, ou talvez nunca venhamos a saber, porque esse enigma está muito mais próximo da origem do universo, da vida e do homem, do que sonha nossa vã filosofia.
Permanece, no entanto, o fato de que podemos perceber, independente de fatores culturais, sociais ou econômicos, a existência deste refinado operador comunitário, instrumento de comunhão, chamado linguagem. E porque temos este dom, expressamos certa vontade de comunicar, como exercemos certa vontade de saber.
A espécie humana é inquieta desde sempre. Um homem talvez não, mas a espécie, sim. Jamais aceitou os limites que lhe impôs a natureza e superou todos eles com próteses engendradas por uma espécie de destino. Assim, superou os limites do corpo, do espaço e, como tudo é possível, poderá superar a única variável que ainda não controla: o tempo.
Sabemos também que a mais elaborada operação mental produzida pelo Homo Sapiens foi a transcendência, a invenção da vida após a morte, a criação do além, das religiões e dos Deuses, como resposta ao enigma da finitude.
Assim, o discurso com que nossos ancestrais inventaram o Além, sob a forma de orações, magias, mitos, rituais, foram os primeiros discursos propriamente literários, no sentido de que se fundaram na vontade de comunicar e de saber acerca do mistério que envolve nossa origem e fim.
Comunicar aos outros as visões do Paraíso sempre exigiu o que Coleridge chamou Suspension of disbelief, a suspensão de nossa capacidade de desacreditar, sugerindo ao ouvinte um princípio fundamental: a exigência da veracidade. Não de ser verdadeiro, mas de ser veraz, de ser sincero em sua crença e aceitar o discurso como uma verdade.
Aristóteles, que escreveu a suma poética de seu tempo, estabeleceu, de princípio, a diferença entre verdade histórica e verdade poética, atribuindo à primeira um sentido testemunhal de veracidade, com o famoso princípio do acontecido. Já para a verdade poética, o Filósofo proclamou o princípio da verossimilhança: o que poderia ter acontecido.
A oposição formal de que se serviu, o acontecido em contraste com o que poderia ter acontecido, pôde re-introduzir um conceito de vontade. No acontecido existe a vontade de saber, de classificar, de formalizar. No verossímil, no espaço do poderia ter acontecido, abre-se o território de algo que Aristóteles nunca pronunciou, porque os Gregos desconheciam: a Vontade de Saber como instância de um sujeito. Freud denominou de Desejo e inventou uma ciência para interpretar este aspecto: a psicanálise. Afinal, o que é a psicanálise senão a ciência do desejo?
Alguém que conta ou narra uma invenção da memória exerce esse fascínio essencial ou demasiadamente humano: a literatura ou, como pretendia o Estagirita, a poética.
A transcendência introduzida pela espécie humana, e só por ela, ainda nos fascina e nos intriga. Mas certamente sem linguagem, uma e outra seriam impossíveis e o que chamamos humano, possivelmente, jamais existiria.
Não li, até hoje, nada tão radicalmente revelador para o fenômeno literário do que as reflexões de Aristóteles, sobretudo, quando associa as três instâncias fundadoras do literário: a verossimilhança, a mimesis e a catarsis.
Ao longo das reflexões sobre as teorias literárias, dos Gregos aos pós-estruturalistas, parece ter havido sempre certa tendência de buscar uma fórmula definitiva em que se deveria enclausurar o fenômeno literário. Aí me parece ter havido um engano: o literário não se deixa enclausurar, por isso não se explica, se interpreta.
Esse equívoco metodológico, não o cometeu nem a Hermenêutica nem a Fenomenologia, ambas aparentadas. A bem da verdade, foi justamente a fenomenologia, sobretudo a de Husserl, quem levantou a hipótese dos objetos intencionais, oferecendo a possibilidade de uma razão mediada. Eu escolho as coisas, mas as coisas também me escolhem. Depois, Heidegger nos legou a possibilidade mais ampla e aberta de leitura poética com sua afinadíssima ontologia.
É justamente esse aspecto que pretendo tomar como ponto de partida. Não que eu negue a filosofia da práxis em sua vertente relacionada à teoria crítica, mas suponho poder existir um território de compartilhamento entre a hermenêutica e a teoria crítica.
(Texto adaptado)