domingo, 30 de julho de 2017

GÊNERO: CRÔNICA ARGUMENTATIVA (EXEMPLOS)



Texto 01
É proibido fumar
Gustavo Alvaro

Agora é lei: não pode fumar em local fechado, não pode fumar em local aberto... não pode fumar.

É proibido fumar, e acho até um pouco bom. Particularmente, não sou fumante, mas acho que é complicado jogar a culpa da fumaça toda no tabagista. Ora, de que adianta a pessoa ter o direito de comprar seu cigarro em qualquer lugar, se ela não pode fumar em qualquer lugar?

A fumaça incomoda, faz mal; mas também incomoda o cheiro de álcool e os acidentes provocados por bêbados –que saem dos mesmos bares, onde não se pode mais fumar– e causam pior estrago. Então por que não se proíbe o consumo de álcool, em bares e restaurantes? A mim, me incomoda mais um bêbado do que um fumante. Aliás, os dois incomodam tanto quanto o barulho dos carros na cidade do Rio. Por que não se proíbe o tráfego de carros barulhentos nos centros das cidades? E a fumaça dos carros? Por que não se proíbe? Por que não se põe uma centena de propagandas negativas, tarjas pretas dizendo que a fumaça dos carros contém mais de 4,700 substâncias tóxicas, e que não há níveis seguros para o consumo? Parece impossível. Afinal, se tantas coisas incomodam, fazem mal e tralalá, por que não se proibir tudo?

Agora imaginem nossa sociedade modelo: é proibido fumar, beber, transgênicos, conservas, frituras, comunismo, drogas (elas já são proibidas, mas ninguém se importa), música alta, carros barulhentos, carros fedorentos, carros calorentos... É proibido estacionar, caso ainda haja algum carro na rua que não tenha sido multado, apreendido, roubado ou desmanchado. Não se pode espirrar ou tossir, evitando a contaminação de gripes e resfriados (o infrator deverá pagar uma multa de uns trocentos reais), extinguindo assim os surtos da doença. Aliás, só pra constar: sexo é proibido. Só para procriação, caso haja congestionamento nos sistemas de fertilização artificial. Isso tudo é bom pra você?

É importante deixar bem claro que não sou a favor do fumo, e sim da liberdade. E não adianta aumentar o preço do tabaco, encher de impostos, propagandas negras e campanhas anti-fumo. O tabagista sabe dos malefícios do cigarro, e isso é problema dele. Agora, o doente, esse sim, é problema do governo. É para isso que pagamos impostos, mas nem hospitais podemos ter. Pagamos tanto imposto e não vemos nada aplicado em coisas básicas, como saúde (só pra não citar educação), e só vemos proibições, altos preços e aquele cerceamento sinistro que nos acomete desde a época da ditadura. E vai seguindo. Quem sabe, daqui há alguns anos, falar não seja proibido?

Aviso: fumar causa multa e apreensão do cigarro.


Texto 02
Morte ao crack
Adalberto dos Santos

Peço desculpas aos que me leem neste site. Não pude escrever minha croniqueta no último sábado. Chegou a noite da sexta e não pude. Nem durante a madrugada do sábado consegui preparar o escrito. Não por falta de assunto, claro. Esse ainda havia. Literalmente o mundo está fervendo. E demais. Literariamente também. Sempre há assunto. Os que escrevem sabem que não falta o que dizer quando se quer escrever. No caso da crônica, é um pouco diferente, porque, como já se disse por aí, é um muito difícil. Toda vez o cara tem que comer o diabo que amassou o pão. E sem assado ou tempero. Sofre a dor do parto com a caneta entre os dedos e às vezes não sai nem um milionésimo de palavra.

Não faltou mesmo que dizer, juro. Negócio é que às vezes se tem o que dizer, mas não se tem a alma suficientemente capaz de deixar a voz tagarela. Como se sabe, nem só a língua fala; a alma também. Na verdade, fala a alma pela língua. Mas, quando aquela sofre de algo, fica-se mudo, infeliz, incapaz. Foi o que me aconteceu no último fim de semana. Fiquei abatido com coisas que vi e não tive palavras para escrever. Minha aflição era muita.

Estava ainda na velha Paraíba colhendo lembranças de todos os tempos com amigos e não-amigos. Mas ali, já sombrio por ter encontrado minha cidade tão diferente (atolada na lama da hipocrisia em todos os sentidos), como fiz questão de lembrar a vocês, fiquei sabendo de um mal considerável que também a atinge. O mal do crack que já vitima jovens de todas as idades naquele rincão de Nordeste.

Tive náuseas de não dormir aquele fim de semana quando soube por fontes locais das séries de pequenos furtos realizados pelos usuários da droga em casas de todas as classes da cidade, em especial das pequenas residências de pessoas que, para não morrer à sorte do frio da noite, têm de seu apenas o teto. Nesses lares pequenos e apertados, que só cabem as redes onde os pais sertanejos descansam a penca de herdeiros da escassez de quase tudo, estão entrando os larápios, ou, como se diz na gíria dos locutores de noticiários policiais, os donos do alheio. O mais assustador é que já não furtam por precisão, como antigamente. Nem é para guardar o furto ou trocá-lo em objetos que desejam por inveja ou carência. Eles o fazem para transformar a obra do delito em dinheiro que enriquece fácil essa nova elite de pequenos milionários suburbanos, os traficantes do já conhecido mercado do crack brasileiro.

Os usuários, uns pobres, sequer se alimentam essas criaturas sem cor ou cara de criaturas. São os escravos da “pedra”, a mistura insípida que o jornal me diz ser o pó da cocaína e bicarbonato de sódio. Tristes crianças de menos de doze anos, outros são ex-vitaminados atletas, homens e mulheres que eu conheci na infância e que hoje a droga está afastando da família, da sociedade e deles próprios.

”Noiados”, como são chamados, em razão da possessão da droga, roubam tudo o que podem. À noite, entram nas casas por cima do telhado, pulam os muros, atravessam paredes como vampiros. Quando menos se espera, já têm levado pequenos objetos como vassouras, baldes, peneiras, bicicletas, restos de sabão, roupas no varal. Sutis feito um felino com fome, fazem a xepa para a volúpia do vício. Me disseram que um deles esperou um comerciante plantar a árvore no fim da tarde e mal os últimos moradores fecharam as portas depois da novela, cavou ao redor e levou consigo a muda. Moeda de troca. Ninguém ouviu o pisar dos pés ou o ofegar do pulmão viciado. Parece que cavou o chão com as unhas. Pela manhã bem cedo viram as pistas em suas mãos. Sujas de terra. Semelhante ao cão que escava um osso onde enterraram carne com veneno. Perguntado se havia levado a plantinha, não conseguiu responder. Não tinha forças. Estava sob efeito da segunda pedra das últimas duas horas.

Conheço o sujeito. Por sorte, enquanto estive na cidade, não consegui encontrá-lo. Acredito que teria perdido o restante da viagem. É triste ver gente tão jovem enganada por essas ilusões miseráveis. É ainda mais triste testemunhar que a lista aumenta a cada minuto. Drogas: ilusões que só desgastam, deprimem, matam sem piedade. Não morre o traficante, que se dá bem com a desgraça dos outros. Morte ao crack, então, esse abismo que tem engolido o planeta de uma ponta a outra, que tem aprisionado o corpo e a alma de infelizes sem casa e sem nome.


São tantos, meu Deus, que dá pena. Sofro porque quando a gente os vê, sabe que a vida deles é o preço da pedra; na matemática real, uns míseros cinco reais. Sem eles, que usa não a tem. Acaso, eles a dão de graça? Que nada. Apenas matam e enganam se não os pagam; no mínimo, eles lhes tiram até o que não têm. Em pouco tempo, não mais o orgulho de se sentir decente. Depois, nem as pequenas árvores, lindas e maravilhosas, como sempre foram, podem crescer tranquilas em direção ao céu. Crianças de menos de doze anos não podem crescer; sequer sonhar com a esperança de um céu. Onde? Quando?

O GÊNERO POÉTICO


O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos


(Manoel de Barros)



MINHA CIDADE

Goiás, minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.

Eu sou aquela mulher
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo adivinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.
Eu vivo nas tuas igrejas
e sobrados
e telhados
e paredes.

Eu sou aquele teu velho muro
verde de avencas
onde se debruça
um antigo jasmineiro,
cheiroso
na ruinha pobre e suja.
Eu sou estas casas
encostadas
cochichando umas com as outras.
Eu sou a ramada
dessas árvores,
sem nome e sem valia,
sem flores e sem frutos,
de que gostam
a gente cansada e os pássaros vadios.

Eu sou o caule
dessas trepadeiras sem classe,
nascidas na frincha das pedras:
Bravias.
Renitentes.
Indomáveis.
Cortadas.
Maltratadas.
Pisadas.
E renascendo.

Eu sou a dureza desses morros,
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados
e renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as virações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.

Eu sou a menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.
(Cora Coralina)


TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA


TEMAS SOBRE ANIMAIS EM EXTINÇÃO:

ESTRUTURA DO  GÊNERO TEXTUAL: 

Texto de divulgação científica – é um gênero discursivo que transpõe um discurso específico de uma esfera do campo científico para a comunidade em geral, ou seja, é por meio do texto de divulgação científica que a sociedade entra em contato com as pesquisas que estão sendo realizadas, ou que estão em andamento, em linguagem acessível.  A popularização da ciência tem sido considerada também como um instrumento para tornar disponíveis conhecimentos e tecnologias que possam ajudar a melhorar a vida das pessoas e dar suporte a desenvolvimentos econômicos e sociais sustentáveis.  


Características de um texto de divulgação científica 
-          texto expositivo;
-          finalidade: transmitir conhecimentos de natureza científica a um público o mais amplo possível;
-           estrutura:  ideia principal (afirmação, conceito) / desenvolvido por meio de provas (exemplos, comparações, relações de efeito e causa, resultados de experiências, dados estatísticos) / conclusão.  Assim,   como se trata de um texto de exposição de ideias, normalmente ele se constitui de uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.
-           linguagem clara, objetiva e geralmente impessoal;
-           emprega a variedade padrão da língua com a presença de termos e conceitos científicos de uma ou mais áreas do conhecimento, verbos predominantemente no presente do indicativo;

FONTES:
https://atividadeslinguaportuguesamarcia.blogspot.com.br/2013/04/texto-de-divulgacao-cientifica.html

http://ossamigadoplaneta.blogspot.com.br/2010/05/porque-as-estrelas-brilham.html

REVISTAS CIENTÍFICAS:
http://revistagalileu.globo.com/
http://super.abril.com.br/historia/galileu-galilei/

BOA PESQUISA!