domingo, 21 de maio de 2017

LEITURA: JOSÉ SARAMAGO


LEITURA PARA OS MAIS CURIOSOS, PARA  OS MAIS ÁVIDOS POR EXTRAPOLAR AS FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO 


1. Texto Dramatúrgico


2. O Ensaio da Cegueira
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/clubedeleituras/upload/e_livros/clle000123.pdf


3. Filme:

JOSÉ SARAMAGO



(Português Europeu)


Olhámos para as páginas que já são icónicas. E perguntámos em que é que a escrita do Nobel português é especial 
Por Isabel Coutinho
Vamos fazer um jogo: 
“A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço, e por fim disse, Guarda-me na tua lembrança, nada mais, e Jesus, Não esquecerei a tua bondade, e depois, enchendo-se de ânimo, Nem te esquecerei a ti, Porquê, sorriu a mulher, Porque és bela, Não me conheceste no tempo da minha beleza, Conheço-te na beleza desta hora. O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se, Sabes quem sou, o que faço, de que vivo, Sei, Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo, Não sei nada, Que sou prostituta, Isso sei, Que me deito com homens por dinheiro, Sim, Então é o que eu digo, sabes tudo de mim, Sei só isso.”
Ao fim das primeiras linhas, o leitor atento terá percebido que está a ler qualquer coisa que saiu da imaginação do escritor português José Saramago. Trata-se de um excerto de O Evangelho segundo Jesus Cristo, romance publicado em 1991, onde é visível a maneira peculiar como o prémio Nobel da Literatura usa a pontuação na sua escrita.
Peculiar porquê? Porque é usada de uma forma não canónica, apesar de o escritor já fazer parte do cânone literário: falta no texto o travessão para identificar o interlocutor no diálogo e somos apenas ajudados pelo início das falas de cada personagem ser assinalado por uma capitular. Também aqui se vê a frase característica da escrita de Saramago, quase sem pontos finais e cadenciada na pausa por vírgulas.
Mas se tem a ideia de que José Saramago eliminou nos seus textos a pontuação, os académicos e o autor dizem-lhe que essa ideia é errada. O prémio Nobel da Literatura português inovou na maneira como utiliza o ponto final e a vírgula – ele prefere chamar-lhe os sinais de pausa -, marcando a frase com um outro ritmo dado pela oralidade. Saramago subverteu a norma: pôs tudo em estado de desordem, revolucionou.
Se este é um aspecto claramente inovador da sua obra, não está isento de controvérsia. Para o professor universitário Carlos Reis, da Universidade de Coimbra e reitor da Universidade Aberta, só os comentadores apressados e os críticos que o não leram é que dizem que Saramago não usa pontuação – “um disparate sem remissão possível”. Saramago “usa pontuação, mas reinventa-a de acordo com um outro ritmo prosódico, que é o da oralidade de quem fala a língua”, explica. O autor redescobre sentidos ocultos nas palavras que o nosso uso quotidiano nelas acabou por desgastar, diz.
Manuel Gusmão, crítico literário e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, também considera inovador o tipo de frase que veio a caracterizar o escritor: uma frase onde podemos “encontrar o narrador a dialogar com uma ou mais personagens, ou duas personagens que dialogam”. Saramago, conclui Gusmão, traz assim o diálogo para o interior da instância narrativa – “como se também ele concordasse que a unidade mínima da linguagem em acção é o diálogo”.
Onde está o princípio?
Tudo terá começado no “ensaio de romance” Manual de Pintura e Caligrafia, publicado em 1977. Essa é a opinião da professora universitária Ana Paula Arnaut, da Universidade de Coimbra, que acaba de publicar José Saramago. Foi nessa obra que o autor ensaiou, pela primeira vez, a sua técnica de construção romanesca e nunca mais a abandonou. Todos os seus futuros romances estão contidos em Manual de Pintura e Caligrafia, tal como todos os seus grandes temas futuros estão lá. Desde o “ateísmo confesso”, passando pelo “papel de primordial importância concedido à mulher” até ao carácter humanista e humanitário. Arnaut diz que estão lá também as marcas que pautarão o estilo saramaguiano – um “peculiar uso dos sinais de pontuação ou outras entropias sintácticas e semânticas”.
Mas a acreditar nas palavras do Nobel foi durante a escrita de Levantado do Chão, romance publicado em 1980, que José Saramago se viu perante uma outra forma de narrar. Já tinha escrito vinte e tal páginas, quando lhe surgiu esta nova maneira de contar e voltou atrás, reescrevendo tudo desde o princípio para uniformizar o estilo.
O escritor já explicou várias vezes esse processo. “Era como se eu lhes tivesse a contar a eles a história que eles me tinham contado. E, como você sabe, quando falamos, não usamos sinais de pontuação. Temos pausas [de respiração] e até, como eu digo nos meus livros, os dois únicos sinais de pontuação, o ponto e a vírgula, não são sinais de pontuação, são uma pausa, uma pausa breve e uma pausa longa. No fundo, como também digo muitas vezes, falar é fazer música”, disse em 2004 numa entrevista ao semanário Expresso. O escritor não estava a dizer mais do que já tinha escrito em Cadernos de Lanzarote – Diário II (1994): “(…) É como narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não precisa de pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras.”
Na entrevista publicada sábado no semanário Sol, o escritor explica mais um pouco: “O processo não é mecânico, não passa automaticamente de livro para livro, há ligeiríssimas diferenças – tão ligeiras que se calhar só eu consigo aperceber-me delas. O leitor comum achará que é o mesmo: “Ah, ele eliminou a pontuação.””
Essas diferenças fazem a obra do escritor dividir-se por vários ciclos, diz Arnaut. O primeiro ciclo caracterizado por marcas de “portugalidade intensa”, directa ou indirectamente enraizado na realidade portuguesa, vai desde o Manual Pintura e de Caligrafia (1977) até O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991). E é em alguns dos livros deste ciclo, veja-se Memorial do Convento e História do Cerco de Lisboa, que aparecem páginas e páginas sem parágrafos, onde o escritor deixa de usar de forma canónica a pontuação (e o leitor pode ter que ler várias vezes para perceber e se só dias mais tarde recomeça a leitura pode ter que voltar atrás).
Um segundo ciclo começa com Ensaio sobre a Cegueira (1995) e vai até Ensaio sobre a Lucidez (2004), momento em que o escritor passa para temas mais universais e há uma maior aproximação ao cânone do português. Encontramos uma maior linearidade na exposição dos acontecimentos, a clareza passa por maior narratividade e o leitor comum já não voltará atrás na sua leitura.
O terceiro ciclo inicia-se em 2005 com a publicação de As Intermitências da Morte. E a autora da obra José Saramago explica: “Romance em que o autor parece abandonar o tom e a cor cinzentos que caracterizavam os romances anteriores para adoptar tonalidades narrativas que chegam a despertar o sorriso aberto nos leitores. Além disso, verificamos uma maior aproximação ao que se diz ser a pontuação correcta.”
José Saramago chamou-lhe, aliás, “uma espécie de ressimplificação”, situando-a a partir de Ensaio sobre a Cegueira, numa conversa com Carlos Reis (in Diálogos com José Saramago). “Hoje verifico que há como que uma recusa minha de qualquer coisa em que eu me divertia, que era uma espécie de barroquismo, qualquer coisa que eu não conduzia, mas que de certo modo me levava a mim; e estou a assistir, nestes últimos dois livros (o Ensaio sobre a Cegueira já mostra isso muito claramente e este que estou a escrever também), a uma necessidade maior de clareza.”
O romance histórico
E tudo o que Saramago faz é inovador? Ana Paula Arnaut responde que a questão não é tanto se já foi feito, mas a forma e a intensidade como é feito: “Não uma coisa nova, mas de uma maneira nova.” Por exemplo, no romance de José Cardoso Pires, O Delfim, já está tudo lá de uma maneira embrionária.
Mas o que há de mais inovador na obra do Nobel português? O modo como José Saramago “perturbou a tradição do romance histórico”, diz Manuel Gusmão; ou fez “a inscrição da História na ficção”, diz Carlos Reis. E falamos agora daquela que é uma das mais interessantes características da produção saramaguiana: a subversão da “história oficial”, de acordo com três ingredientes fundamentais – as traves mestras da história, a sua extraordinária capacidade imaginativa e “fontes menos oficiais”, explica Ana Paula Arnaut.
Saramago tem uma “extraordinária capacidade” para descobrir “sentidos novos e temas por inventar” numa ficção e num teatro que se tornaram referências canónicas da nossa literatura, afirma por sua vez Carlos Reis. Saramago “reclama” a história, porque a chama de novo à nossa atenção, dando-lhe uma nova leitura.
O Nobel português inventa factos, mistura o maravilhoso com o empírico, o conhecimento do presente com o reconhecimento ou as novas versões do passado, diz Gusmão. “Joga ironicamente a ficção contra o relato histórico”, mostrando “como uma tradição e história dos pobres, dos explorados, oprimidos e vencidos se pode construir contra a história dos vencedores”.
A sua inovação no romance é ao mesmo tempo “erudita e popular”, explica a professora Maria Alzira Seixo, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É erudita, porque “tem bases historiográficas sólidas”, quer nos livros sobre eventos do passado, quer nos romances onde procedeu a investigações próprias e elabora conjecturas para a compreensão de uma época ou de uma figura. E é popular, “pois inventa uma expressão oralizada, que tem a ver com o saber tradicional comunitário (como em Levantado do Chão), criando a sua frase característica”, explica Alzira Seixo. E, apesar de os seus livros serem poeticamente muito elaborados, não deixam de ser pedagógicos, transmitindo ensinamentos com uma forte dimensão ética e ao alcance de todos. “São ainda um exemplo raro, na pós-modernidade, da criação literária que se alia a valores humanos e colectivos, como bem se vê em Ensaio sobre a Cegueira e As Intermitências da Morte.”
Como os mais novos o vêem
Numa literatura em que Saramago se tornou um cânone, os escritores mais novos já ganham prémios com o nome de Saramago e é normal que lhes perguntemos o que acham do Nobel. O primeiro inquirido é José Luís Peixoto, que recebeu o Prémio Literário José Saramago 2001. É o “conhecimento do humano”, aquilo que Peixoto encontra de “mais intenso e original” na obra do Nobel português. O domínio da narrativa e da língua são colocados ao serviço desse elemento central: “O ser humano, tanto no que toca à sua força, como às suas fragilidades e contradições.” Saramago inovou na forma como, em cada livro, construiu novas parábolas que se distinguem pela grande ironia e imaginação com que são construídas.
O premiado em 2005, Gonçalo M. Tavares, diz que o que há de mais “estimulante na obra de José Saramago é o desenvolvimento ficcional de uma ideia impossível”. “O desenvolvimento desta espécie de realidade paralela é de tal forma minucioso e pormenorizado que a certo momento o leitor esquece que se partiu de uma hipótese inverosímil e parece estar perante algo que sempre foi assim”, continua o escritor. “Olhamos de novo para a realidade e sem uma epidemia de cegos parece que algo falta ou que algo mente.”
valter hugo mãe, o escritor que assina sem maiúsculas (não é uma influência de Saramago), que ganhou o prémio em 2007, diz que o seu grande feito, naquilo em que acrescenta algo à literatura portuguesa e mundial, tem a ver com “a busca incessante de chegar ao colectivo dos homens, seduzindo-o para a grande história humana no sentido de amigar as gentes e combater toda a exclusão”. Nos livros de Saramago, o homem é universal, visto a partir das suas raízes, como qualquer anónimo enredado numa aventura. O escritor distingue-se assim “por levar à literatura uma grande coerência ideológica, extremamente humanista, que recupera a força das grandes histórias numa projecção sempre colectiva e nada egocêntrica”. E isso é muito raro num escritor, diz valter hugo mãe. Ponto final.

FONTE: http://blogues.publico.pt/ciberescritas/2010/06/23/saramago-o-escritor-que-brinca-com-a-pontuacao/

quarta-feira, 17 de maio de 2017

FILMES TEMÁTICOS



BULLYING VIRTUAL (críticas)

Direção: Charles Binamé
Ano: 2011
País: EUA 
Duração: 87 minutos 
Título original: CyberBully

Crítica:

As palavras podem machucar.


Mais um filme para a nova geração. Apesar de ter sido bom, creio que ele servirá de exemplo para pais e professores quando a discussão for internet. É claro, todos nós sabemos do perigo que existe no mundo virtual, mas algumas pessoas não compreendem que apesar disso, a internet nos fornece um mundo novo e cheio de oportunidades. Acho que aqui ninguém discorda que é uma das melhores coisas que existem, mas e quando as pessoas se aproveitam disso para humilhar e caluniar os outros?

Esta é a história de Taylor, garota de classe média que usava a internet apenas com a supervisão de sua mãe. No seu aniversário ela foi presenteada com um notebook, ganhando assim sua privacidade. Não demorou muito pra garota ingressar num site de relacionamentos onde estavam todos do seu colégio, mas algo deu errado. Após terem invadido seu perfil e colocado frases obscenas, ela começou a receber mensagens horríveis dos colegas de classe, que a difamaram, deixando a situação dela no colégio muito ruim. Quando as coisas pioram, ela se vê a mercê de uma situação onde não tem saída, é só abrir o computador para ler as mensagens horríveis de difamação, e isso acabou testando seus limites junto a sua família e seus amigos.

Eu geralmente não gosto de filmes onde a temática é a internet. Porque apesar de tudo, é um ambiente limitado. Ninguém quer ver um filme onde duas pessoas ficam o tempo todo teclando por um computador, nós queremos ver ação, duas pessoas cara a cara e não garotas mimadas que se aproveitam da falta de punição para seus atos para atormentar uma jovem garota. Mas mesmo assim, o filme é bastante sério. Muita gente vai achar que é falta do que fazer alguém ligar para a opinião que as pessoas colocam na internet, mas a situação de Taylor era muito complicada. Os xingamentos não ficaram apenas na internet, ela não conseguia nem ir ao colégio sem todo mundo chamá-la de vadia, inclusive as amigas, coisa que eu achei uma uma tremenda maldade.

E vocês sabem o que acontece quando alguém percebe que está morto ou difamado socialmente? É claro, suicídio é a primeira opção, afinal, não dá pra viver quando todo mundo te odeia e começa a dizer coisas horríveis sobre você, ou dá? Minha opinião sobre isso permanece no talvez. Porque ninguém com dignidade aceitaria uma coisa dessas sem se vingar como a protagonista fez, e o pior é que quando ela resolveu xingar as outras meninas, levou uma bronca da mãe. Os pais realmente tinham que induzir seus filhos a se defender, porque além de mostrar ao agressor que ele não vai ficar impune, é uma forma de extravasar e tirar toda aquela raiva de dentro de si. Não me surpreendi quando Taylor começou a ter desejos suicidas, apesar de ter achado que havia várias outras soluções. Custava bloquear os valentões e só se comunicar com as pessoas de bem? Ou excluir seu perfil por um tempo?

E sabem o que é pior? É que o filme não exagera nem um pouco nas situações. Esse tipo de pessoa existe por aí, eu mesmo já me deparei com alguns, felizmente alguns sabem colocar os idiotas em seus devidos lugares. E pra quem acha que ligar para a opinião dos outros não importa, devo dizer que estão enganados. Nós falamos que não nos importamos com a opinião alheia, mas no fundo a gente se importa, ninguém quer entrar na sua página e ver que todo colégio os odeia. Então por isso, eu recomendo o filme. É feito pra TV, mas vale a pena, eles abordaram o tema de um jeito que seria difícil outra pessoa fazer. Muitos não vão gostar, mas é interessante ver que ainda existem pessoas tão baixas no mundo que só se sentem bem quando diminuem o próximo. Deve haver castigo, mas uma pessoa dessas só pode ser infeliz e não ter um pingo de alto estima, o melhor castigo será viver como elas mesmas pro resto da vida.



segunda-feira, 15 de maio de 2017

GÊNERO TEXTUAL: BIOGRAFIA (MODELO)


Biografia de Ruth Rocha

Ruth Rocha nasceu em 2 de março de 1931, em São Paulo. Segunda filha do doutor Álvaro e da dona Esther, ouviu da mãe as primeiras histórias, em geral anedotas de família. Depois foi a vez de Vovô Ioiô incendiar a cabeça da neta com os contos clássicos dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen, de Charles Perrault, adaptados oralmente pelo avô baiano ao universo popular brasileiro. Mas foi a leitura de As reinações de Narizinho e Memórias de Emília, de Monteiro Lobato, que escancarou de vez as portas da literatura para a futura autora de Marcelo, marmelo, martelo.
Adolescente, Ruth descobriu a Biblioteca Circulante no centro da cidade Foi um deslumbramento. Seus autores preferidos eram Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Machado de Assis e Guimarães Rosa. Lembra que, aos 13 anos, escreveu um trabalho sobre A cidade e as serras, de Eça de Queirós, que ajudou a acentuar, e muito, sua paixão pelo universo ficcional.
Formada em Ciências Políticas e Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, foi aluna do autor de Raízes do Brasil, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, com quem viajou, junto com outros estudantes, para Ouro Preto.
Na faculdade conheceu Eduardo Rocha (o “Rocha” da Ruth vem daí), com quem se casou. Viveram juntos por 56 anos, até o falecimento dele, em 2012. Tiveram uma filha, Mariana, inspiração para as primeiras criações da escritora.
Entre 1957 e 1972 foi orientadora educacional do Colégio Rio Branco. Nessa época começou a escrever sobre educação para a revista Cláudia. Sua visão moderna sobre o tema, bem como o estilo claro e próprio, chamaram a atenção de uma amiga, Sonia Robato, que dirigia a Recreio, revista voltada para o público infantil. Certo dia, Sonia fez um convite-desafio para Ruth: em tom de brincadeira, trancou a amiga numa sala, dizendo que só saísse de lá com uma história pronta. Assim nasceu Romeu e Julieta, a primeira de uma série de narrativas originais e divertidas, todas publicadas na Recreio, que mais tarde Ruth veio a dirigir.
A partir de 1973 trabalhou como editora e, em seguida, como coordenadora do departamento de publicações infanto-juvenis da editora Abril.
Palavras, muitas palavras, seu primeiro livro, saiu em 1976. Seu estilo direto, gracioso e coloquial, altamente expressivo e muito libertador, ajudou — juntamente com o trabalho de outros autores — a mudar para sempre a cara da literatura escrita para crianças no Brasil. Agora, os pequenos leitores eram tratados com respeito e inteligência, sem lições de moral nem chatices de qualquer espécie, numa relação de igual para igual, e nunca de cima para baixo. Além disso, em plena ditadura militar, a obra de Ruth ousava respirar liberdade e encorajava o leitor a enxergar a realidade, sem abrir mão da fantasia.
Depois vieram Marcelo, Marmelo, Martelo — seu best-seller e um dos maiores sucessos editoriais do país, com mais de setenta edições e vinte milhões de exemplares vendidos —, O reizinho mandão — incluído na “Lista de Honra” do prêmio internacional Hans Christian Anderson —, Nicolau tinha uma idéia, Dois idiotas sentados cada qual no seu barril e Uma história de rabos presos, entre muitos outros.
Em mais de cinquenta anos dedicados à literatura, a escritora tem mais duzentos títulos publicados e já foi traduzida para vinte e cinco idiomas. Também assina a tradução de uma centena de títulos infanto-juvenis, adaptou a Ilíada e a Odisseia, de Homero, e é co-autora de livros didáticos, como Pessoinhas, parceria com Anna Flora, e da coleção O Homem e a Comunicação, parceria com Otávio Roth.
Defensora dos direitos das crianças, sua versão, também em parceria com Otávio Roth, para a Declaração Universal dos Direitos Humanos teve lançamento na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, em 1988.
Recebeu prêmios da Academia Brasileira de Letras, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, além do prêmio Santista, da Fundação Bunge, o prêmio de Cultura da Fundação Conrad Wessel, a Comenda da Ordem do Mérito Cultural e oito prêmios Jabuti, da Câmera Brasileira de Letras.
A menina que um dia decidiu ler todos os livros hoje tem várias bibliotecas com seu nome — no interior de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.
Em 2008, Ruth Rocha foi eleita membro da Academia Paulista de Letras.
Apostando todas as fichas na irreverência, na independência, na poesia e no bom humor, seus textos fazem com que as crianças questionem o mundo e a si mesmas e ensinam os adultos a ouvirem o que elas dizem ou estão tentando dizer. No fundo, o que seus livros revelam é o profundo respeito e o infinito amor de Ruth Rocha pela infância, isto é, pela vida em seu estado mais latente. Pois, como ela mesma diz num de seus belos poemas, “toda criança do mundo mora no meu coração”.

domingo, 14 de maio de 2017

CIENTISTA E CRÍTICO LITERÁRIO


Perda irreparável para a Literatura Nacional


Esse 12 de Maio ficou mais triste para o Brasil inteiro! Silenciou-se uma das vozes mais peculiares, mais respeitadas do Universo Literário, em geral; mas, principalmente, do nosso país.
Realmente devemos muito a esse cientista e crítico genial de Estudos Literários! Seu conhecimento sobre o papel da leitura, o poder da Literatura na vida das pessoas modificou o olhar do professorado, principalmente, dos que formam leitores em sala de aula cotidianamente.
Antonio Cândidos foi crítico literário e defensor da leitura como meta central no ensino de crianças, adolescentes e adultos... Tratou a Literatura como um direito adquirido!
Ele partilhou suas descobertas advindas de intensa pesquisa, de obstinada busca por explicações a respeito dos efeitos da Literatura, na vida do leitor até compreendê-la como parte inerente da visão deste sobre a realidade que o cerca.


A Literatura melhora, amplia - segundo o autor - a interpretação da nossa realidade adjacente. A ficção torna-se um olhar experimental sobre a vida e todas suas faces, secretas ou explícitas ofertadas em suas silenciosas páginas...

Literatura é um lugar de encontro secreto entre escritor e leitor, portanto, íntimo!


Texto de Delinha Vilas Boas

terça-feira, 9 de maio de 2017


“Meu Pé de Laranja Lima” é um livro clássico na literatura brasileira, que marcou gerações de crianças. Não apenas por retratar o lado imaginativo em uma vida dura, mas especialmente por abordar a questão da morte dentro do imaginário infantil. Também por isso, mas não só por causa deste tema, trata-se de uma história extremamente triste, daquelas de deixar o leitor desamparado em certos momentos. Meu Pé de Laranja Lima, a releitura dirigida por Marcos Bernstein, tem como grande mérito não fugir desta característica. Seu filme mantém o necessário tom de tristeza, sem deixar de lado a criatividade e a sinceridade de ser criança. A morte, afinal de contas, faz parte também da vida."

(http://www.adorocinema.com/filmes/filme-207323/criticas-adorocinema/)

Baixar PDF:
http://www.jfpb.jus.br/arquivos/biblioteca/e-books/meu_pe_de_laranja_lima.pdf

quinta-feira, 4 de maio de 2017

LITERATURA - HUMANISMO



LEITURA PROGRAMADA: FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL

Vamos conhecer o primeiro dramaturgo da Literatura Portuguesa: Gil Vicente. 

Nome Completo 
Gil Vicente

Quem foi
Gil Vicente foi um poeta e dramaturgo português. É considerado, por muitos estudiosos, como o pioneiro do teatro português. Sua obra mais conhecida é " A farsa de Inês Pereira". Suas obras marcam a fase histórica da passagem da Idade Média para o Renascimento (século XVI).

Nascimento
Gil Vicente nasceu na cidade de Guimarães (Portugal) em 1466. 
* Local de nascimento e ano hipotético (mais prováveis de acordo com estudos recentes)

Morte
1) Gil Vicente morreu em 1536.
2) A data morte é hipotética.

Principais realizações
Escreveu peças de teatro e poemas.

Principais obras
Auto Pastoril Castelhano (1502)
- Auto da Visitação (1502)
- Auto dos Reis Magos (1503)
- Auto da Índia (1509)
Auto da Sibila Cassandra (1513)
Auto da Barca do Inferno (1516)
- Auto da Barca do Purgatório (1518)
- Auto da Barca da Glória (1519)
- Farsa de Inês Pereira (1523)

Fonte: http://www.suapesquisa.com/quemfoi/gil_vicente.htm

LEITURAS:

1. Auto da Barca do Inferno:

2. A Farsa de Inês Pereira:

3. O Velho da Horta:
SUCESSO NA LEITURA!