sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Crônica Literária



Quanto nós merecemos?
Lya Luft

O ser humano é um animal que deu errado em várias coisas. A maioria das pessoas que conheço, se fizesse uma terapia, ainda que breve, haveria de viver melhor. Os problemas podiam continuar, ali, mas elas aprenderiam a lidar com eles.

Sem querer fazer uma interpretação barata ou subir além do chinelo: como qualquer pessoa que tenha lido Freud e companhia, não raro penso nas rasteiras que o inconsciente nos passa e em quanto nos atrapalhamos por achar que merecemos pouco.

Pessoalmente, acho que merecemos muito: nascemos para ser bem mais felizes do que somos, mas nossa cultura, nossa sociedade, nossa família não nos contaram essa história direito. Fomos onerados com contos de ogros sobre culpa, dívida, deveres e… mais culpa.
Um psicanalista me disse um dia:

– Minha profissão ajuda as pessoas a manter a cabeça à tona d’água. Milagres ninguém faz.
Nessa tona das águas da vida, por cima da qual nossa cabeça espia – se não naufragamos de vez –, somos assediados por pensamentos nem sempre muito inteligentes ou positivos sobre nós mesmos.

As armadilhas do inconsciente, que é onde nosso pé derrapa, talvez nos façam vislumbrar nessa fenda obscura um letreiro que diz: “Eu não mereço ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter alguma segurança e alegria? Não mereço uma boa família, afetos razoavelmente seguros, felicidade em meio aos dissabores”. Nada disso. Não nos ensinaram que “Deus faz sofrer a quem ama”?

Portanto, se algo começa a ir muito bem, possivelmente, daremos um jeito de que desmorone – a não ser que tenhamos aprendido a nos valorizar.

Vivemos o efeito de muita raiva acumulada, muito mal-entendido nunca explicado, mágoas infantis, obrigações excessivas e imaginárias. Somos ofuscados pelo danoso mito da mãe santa e da esposa imaculada e do homem poderoso, pela miragem dos filhos mais que perfeitos, do patrão infalível e do governo sempre confiável. Sofremos sob o peso de quanto “devemos” a todas essas entidades inventadas, pois, afinal, por trás delas existe apenas gente, tão frágil quanto nós.

Esses fantasmas nos questionam, mãos na cintura, sobrancelhas iradas:

– Ué, você está quase se livrando das drogas, está quase conquistando a pessoa amada, está quase equilibrando sua relação com a família, está quase obtendo sucesso, vive com alguma tranquilidade financeira… será que você merece? Veja lá!

Ouvindo isso, assustados réus, num ato nada falho tiramos o tapete de nós mesmos e damos um jeito de nos boicotar – coisa que, aliás, fazemos demais nesta curta vida. Escolhemos a droga em lugar da lucidez e da saúde; nos fechamos para os afetos em lugar de abrir espaço para eles; corremos atarantados em busca de mais dinheiro do que precisaríamos; se vamos bem em uma atividade, ficamos inquietos e queremos trocar; se uma relação floresce, viramos críticos mordazes ou traímos o outro, dando um jeito de podar carinho, confiança ou sensualidade.

Se a gente pudesse mudar um pouco essa perspectiva, e não encarar drogas, bebida em excesso, mentira, egoísmo e isolamento como “proibidos”, mas como uma opção burra e destrutiva, quem sabe poderíamos escolher coisas que nos favorecessem. E não passar uma vida inteira afastando o que poderia nos dar alegria, prazer, conforto ou serenidade.

No conflitado e obscuro território do inconsciente, que o velho sábio Freud nos ensinaria a arejar e iluminar, ainda nos consideramos maus meninos e meninas, crianças malcomportadas que merecem castigo, privação, desperdício de vida. Bom, isso também somos nós: estranho animal que nasceu precisando urgente de conserto.

Alguém sabe o endereço de uma oficina boa, barata, perto de casa – ah, e que não lide com notas frias?

Crônica Literária


SÓ JESUS
Maitê Proença

Corta a cabeça, arranca o olho, enforca, trucida. Estamos de mãos atadas assistindo à justiça que não se faz com esta gente de quinta que governa o país. A vontade é partir para barbárie. Pois se botamos o canalha ali pra manter a ordem e suprir as necessidades do Estado, com que direito eles armam pandemônios por benefícios pessoais?

A resposta vai longe e está na formação do Brasil.

Este era um país de índios cheio de riquezas quando os portugueses chegaram com sua agenda de exploração. Não houve aqui um processo para a criação de Estado, apenas colocaram uma autoridade para garantir que todo ouro, diamante e açúcar retirados, fossem parar no destino certo, ou seja, Portugal. As coisas permaneceram assim, até 1807 quando a Península Ibérica foi ocupada por forças napoleônicas. Dom João VI então, para não se render, fugiu de Portugal para sua colônia mais rica, transformando-a do dia pra noite em reino, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Fomos assim promovidos; por decreto. E o status mudou, mas o tira daqui e manda pra lá continuou igual. A vida ficou nisso até que, encerrada a ocupação napoleônica, D. João voltou pra pátria mãe deixando aqui seu filho Pedro I, um bon-vivant que gostava de música e de mulheres. Pedro namorava muito e adorava o Brasil, tanto, que ao ser chamado de volta para assumir as funções do pai, não quis saber. Disse o "fico" em janeiro de 1822 e em setembro, numa viagem pra namorar a Marquesa de Santos, gritou o "independência ou morte". Pagamos uma elevada indenização, mas pela primeira vez nossas riquezas eram nossas. A coisa ia desta forma quando Dom Pedro, por divergências com parlamentares, decidiu abandonar o barco e voltar para a Europa deixando o filho, uma criança, em seu lugar. Com tutores administrando o reino, a situação política complicou-se até que, para se restabelecer a ordem, e novamente, num golpe de gabinete, Pedro II aos 14 anos de idade, foi coroado Imperador do Brasil. Por 50 anos Dom Pedro governou a nação pacificando as diferenças entre regiões e consolidando o grande território brasileiro. Não fosse ele teríamos nos pulverizado como aconteceu com os diversos países de língua espanhola que nos cercam. Contudo, um punhado de políticos insatisfeitos, em 1889, armou novo golpe de gabinete e destituiu o imperador. Horas depois, sem aviso e na calada da noite por medo de que o povo não gostasse, enxotaram daqui a família real. Assim nasceu a república.

Quatrocentos anos em grossas pinceladas - a intenção não é esmiuçar a história, mas entender porque nossos dirigentes estão andando pros cidadãos que os elegeram, e porque o cidadão não se sente representado por seus governantes. É que, historicamente, ele nunca foi consultado. O Estado aqui sempre foi instituído de cima pra baixo, de maneira desordenada, por gente que gostava demais de poder e dinheiro. Gente com agenda própria que até hoje governa nos moldes coloniais: faço a ordem - que vale pros outros - e depois arranco a grana deles pra botar lá em casa.

Por que nos EUA, ex-colônia, também, o sistema funciona e é respeitado pelos cidadãos? Por que será, que mesmo quando o governo americano desconsidera a ética internacional, matando, humilhando e invadindo países que nunca os ameaçaram, a imprensa poupa seus mandatários e o povo os mantém no poder? Recentemente, porque o momento não era para novidades; mas, em geral e, sobretudo, porque ali as coisas principiaram de forma diferente. Enquanto o Brasil era povoado por prisioneiros, degredados e aventureiros gananciosos, na América do norte chegavam os Quakers e Pilgrims, uma gente com ideologia, saída da revolução protestante em que o homem repudiara a tutela sacerdotal católica para ser autor de seu destino; você é o que você faz. Com trabalho duro essa gente pôs-se a construir uma nação. Quando a casa estava de pé e após longa guerra de libertação, mandaram os ingleses de volta pra Europa e tomaram posse do que lhes pertencia. Foi o povo que ergueu o país, criou a república, e estabeleceu um processo democrático. Portanto, ali, o estado atende a quem o formou e o cidadão, em resposta, oferece seu apoio incondicional. E a coisa funciona.
Mas perfeição é artigo difícil, e os americanos coitados, são sérios demais, julgadores demais, e inflexíveis de dar dó. Já a gente da minha terra... é toda cheia graça. Então, Senhor, tu que nos deste o país mais bonito, bota vergonha em quem não tem nenhuma, arruma esse caos, faze um milagre. E depois Senhor, com tudo no jeito, impõe a justiça, e entrega esta pátria para quem gosta dela.


FONTE: http://www.maite.com.br/

Redação


Crônica: um gênero literário

A crônica é um gênero literário que, a princípio, era um "relato cronológico dos fatos sucedidos em qualquer lugar"1, isto é, uma narração de episódios históricos. Era a chamada "crônica histórica" (como a medieval). Essa relação de tempo e memória está relacionada com a própria origem grega da palavra, Chronos, que significa tempo. Portanto, a crônica, desde sua origem, é um "relato em permanente relação com o tempo, de onde tira, como memória escrita, sua matéria principal, o que fica do vivido"2.

 A crônica se afastou da História com o avanço da imprensa e do jornal. Tornou-se "Folhetim". João Roberto Faria no prefácio de Crônicas Escolhidas de José de Alencar nos explica:

"Naqueles tempos, a crônica chamava-se folhetim e não tinha as características que tem hoje. Era um texto mais longo, publicado geralmente aos domingos no rodapé da primeira página do jornal, e seu primeiro objetivo era comentar e passar em revista os principais fatos da semana, fossem eles alegres ou tristes, sérios ou banais, econômicos ou políticos, sociais ou culturais. O resultado, para dar um exemplo, é que num único folhetim podiam estar, lado a lado, notícias sobre a guerra da Criméia, uma apreciação do espetáculo lírico que acabara de estrear, críticas às especulações na Bolsa e a descrição de um baile no Cassino."3

O folhetim fazia parte da estrutura dos jornais, era informativa e crítica. Aos poucos foi se afastando e se constituindo como gênero literário: a linguagem se tornou mais leve, mas com uma elaboração interna complexa, carregando a força da poesia e do humor.

 Ainda hoje há a relação da crônica e o jornalismo. Os jornais ainda publicam crônicas, diariamente, mas seu aspecto literário já é discutível. O próprio fato de conviver com o efêmero propicia uma comunicação que deve ser reveladora, sensível, insinuante e despretenciosa como só a literatura pode ser. É "uma forma de conhecimento de meandros sutis de nossa realidade e de nossa história..."2.

 No Brasil, a crônica se consolidou por volta de 1930 e, atualmente, vem adquirindo uma importância maior em nossa literatura graças aos excelentes escritores que resolveram se dedicar exclusivamente a ela, como Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo, além dos grandes autores brasileiros, como Machado de Assis, José de Alencar e Carlos Drummond de Andrade, que também resolveram dedicar seus talentos a esse gênero. Tudo isso fez com que a crônica se desenvolvesse no Brasil de forma extremamente significativa. 

Na crônica, "Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginação. Para voltarmos mais maduros à vida..."4

As características abaixo foram citadas por vários autores que tentaram entender a crônica enquanto estilo literário:

·       Ligada à vida cotidiana.
·       Narrativa informal, familiar, intimista.
·       Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial.
·       Sensibilidade no contato com a realidade.
·       Síntese.
·     Uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer seu estilo e criatividade.
·        Dose de lirismo;
·        Natureza ensaística.
·         Leveza.
·         Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada.
·         Uso do humor.
·         Brevidade.
·         É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade da vida moderna.

Criatividade versus Inovação



Educação / Emprego


UMA BIOGRAFIA QUE VALE A PENA CONFERIR

Waldez Luiz Ludwig é palestrante, instrutor e consultor em gestão empresarial;  formado em Psicologia pela Universidade de Brasília e em Teatro pela Fundação Brasileira de Teatro. Trabalhou como Analista de Sistemas durante vinte anos para órgãos e empresas públicas e privadas.

Há dez anos, como consultor independente, dedica-se à pesquisa da vanguarda em cenários e tendências da gestão das organizações, especialmente em temas ligados a estratégias competitivas, mercado de trabalho, criatividade e inovação, melhoria da qualidade e desenvolvimento do capital intelectual.

Mais de 200.000 pessoas já o assistiram ao vivo em mais de 800 eventos nos quais participou como instrutor ou palestrante nos últimos 10 anos.


TEMAS ABORDADOS:

Nova economia, novo consumidor, estratégias para o crescimento empresarial e pessoal.

Novo milênio, nova economia, novo cidadão.

A maior invenção do século XXI é você.

A única diferença do negócio: o ser humano.

Gestão do capital intelectual.

Gestão do conhecimento: como melhorar o principal ativo da organização.

Competitividade em tempos de grandes mudanças.

Competitividade em três tempos: estratégia, inovação e qualidade.

Inovação e criatividade para a excelência empresarial e realização pessoal.

A transformação do perfil gerencial: uma liderança para resultados.

Liderança e motivação para a melhoria da qualidade e o crescimento.

Como ter trabalho num mundo sem emprego.

Qualidade e produtividade: uma estratégia para a excelência e o crescimento.

A modernidade e a excelência na administração de serviços.

Um show de atendimento faz a diferença.


PRINCIPAIS TÓPICOS:

Educação Corporativa, estratégias competitivas, mercado de trabalho, criatividade e inovação, melhoria da qualidade e desenvolvimento do capital intelectual.

VALE A PENA ACESSAR:

Entrevista ao Jô Soares:

Entrevista ao Sem Censura:

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Educação



Educação: oportunidades para quem estuda


A notícia é das melhores para quem está investindo na própria educação. Os salários das pessoas que conseguem chegar ao topo da formação escolar no Brasil já são equivalentes aos rendimentos obtidos por americanos e europeus com o mesmo grau de qualificação. Para o pessoal que parou no meio do caminho, atenção. A distância entre a remuneração dos sem-diploma e dos com-diploma está gigantesca, como mostra o quadro acima. O salário do trabalhador com ensino médio é superior ao dobro dos vencimentos de quem só tem o ensino fundamental. As médias salariais dos universitários diplomados são cinco vezes maiores (isso mesmo, cinco vezes) do que o salário de quem parou no ensino médio. E os que conseguem um título de doutor ou concluem um MBA chegam a garantir um contracheque duas vezes mais gorducho que o daqueles que interromperam a formação depois de obter o diploma da faculdade.

O emprego para o pessoal sem qualificação está desaparecendo. O quadro coloca essa situação em números. Entre os universitários, a taxa de desemprego é de 3%, ou seja, padrão de economia americano. Para quem não acabou o ensino médio é de 13%, o dobro da média brasileira. Foi-se o tempo em que as montadoras, a construção civil e o setor de serviços conseguiam absorver levas de trabalhadores sem qualificação. As linhas de montagem exigem profissionais cuja formação seja suficiente para aprender a lidar com robôs. Nos canteiros de obras, os operários da construção precisam lidar com trenas eletrônicas. As grandes redes de hotéis querem camareiras prontas para enfrentar programas de treinamento em inglês, uma vez que boa parte dos clientes vem de fora. "Não dá mais para se comunicar por mímica", diz Vera Costa, diretora da rede de hotéis Accor. Detalhe: cinco anos atrás uma chefe de equipe de camareiras recebia em média 500 reais por mês. Hoje essa posição paga até 5.000 reais. O cargo era ocupado por profissionais experientes, mas sem escola. Agora é disputado por universitários. 

O xis da questão é que a maioria dos brasileiros não está preparada para participar da festa do mundo globalizado. O país conseguiu avanços dignos de nota, mas ainda tem enormes desafios pela frente. Só 11% dos jovens em idade de freqüentar a universidade estão matriculados. É um padrão muito baixo até entre os vizinhos latinos. Na Argentina e no Chile esse índice é de 30%. Entre os trabalhadores brasileiros, 65% só chegaram até os primeiros quatro anos do ensino fundamental, que é concluído em oito anos. "Os países estão produzindo riqueza, gerando inovações", diz o economista José Alexandre Scheinkman, de Princeton. "E inovações são geradas por gente educada", completa. 

As nações que já enfrentaram o desafio têm lições importantes a oferecer. Trinta anos atrás, a Irlanda era um dos países mais pobres da Europa. Vários governos seguidos mantiveram-se fiéis a um mesmo programa de metas e injetaram volumes pesados de dinheiro no sistema educacional. Em meados da década de 90, os irlandeses começaram a colher os primeiros frutos. Empresas se mudaram para o país, entre outros fatores, por causa da mão-de-obra qualificada. A Coréia do Sul, a Nova Zelândia e a Espanha também já foram primos pobres do mundo globalizado. O investimento em educação foi um ingrediente fundamental do sucesso alcançado por todos.

Educação


Conheça os sete cursos técnicos considerados carreiras do futuro

RIO - Para quem estiver à procura de um curso técnico, foi listado pelo Sistema Nacional de Informações de Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) as sete carreiras do futuro. São elas:
- Técnico em Biocombustíveis
- Técnico em Radiologia
- Técnico em Cozinha
- Técnico em Edificações
- Técnico em Multimídia
- Técnico em Telecomunicações
- Técnico em Agroecologia

Segundo o Sistec, os dez cursos mais procurados no país hoje são:
- Técnico em Enfermagem (74.295 matrículas)
- Técnico em Informática (41.107 matrículas)
- Técnico em Segurança do Trabalho (35.897 matrículas)
- Técnico em Administração (25.940 matrículas)
- Técnico em Mecânica (19.975 matrículas)
- Técnico em Eletrotécnica (17.848 matrículas)
- Técnico em Comércio (17.263 matrículas)
- Técnico em Agropecuária (16.096 matrículas)
- Técnico em Eletrônica (15.385 matrículas)
- Técnico em Radiologia (14.234 matrículas)



FONTE: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2010/05/17/conheca-os-sete-cursos-tecnicos-considerados-carreiras-do-futuro-916604683.asp

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mais vendido 02: Por que os homens amam...



(Trecho do livro: Por que os homens amam as mulheres poderosas?)

Por que os homens amam as mulheres poderosas? é um guia de relacionamentos destinado às mulheres boazinhas. Talvez você não perceba que, ao se desdobrar para agradar os homens, pode estar se desmerecendo e acabando com as chances de construir uma relação saudável e divertida. 

É muito bom quando temos coragem de encarar nossos próprios problemas, sobretudo aqueles que temos vergonha de admitir em voz alta até para nós mesmas. Toda mulher já se sentiu constrangida por parecer carente demais ao correr atrás de um homem. Toda mulher já teve um homem a seus pés que desapareceu no instante em que ela cedeu. Toda mulher sabe o que é se sentir desvalorizada. E estou falando tanto das solteiras quanto das casadas.
Então, por que os homens amam as mulheres poderosas? Antes de mais nada, deixe eu explicar a que tipo de mulher estou me referindo. Não se trata daquela figura tirânica, dominadora, arrogante e dona da verdade que todos detestam. A mulher que descrevo é amável, porém decidida. Ela sabe quem é, conhece seus pontos fortes e fracos e gosta da própria companhia. Ela não abre mão da sua vida e se recusa a correr atrás de um homem, por mais que se sinta atraída por ele. Ela não permite que ninguém tenha controle total sobre ela e sabe se defender quando os outros passam dos limites.

A mulher poderosa sabe o que quer, mas não aceita ser desrespeitada para alcançar seus objetivos. Contudo, é capaz de fazer concessões que não a violentam e que são importantes para a harmonia do relacionamento. Por livre escolha. Ela usa a feminilidade a seu favor. O que não significa que tire vantagem dos outros, pois ela joga limpo e preza, antes de tudo, a verdade.

A mulher poderosa possui algo que as boazinhas não têm: presença de espírito. Ela não se deixa arrastar por fantasias românticas e sabe onde está pisando, o que a torna capaz de tomar as melhores decisões para a própria vida.

Além disso, consegue manter o equilíbrio quando está sendo pressionada. Enquanto a boazinha faz uma concessão atrás da outra para manter o homem ao seu lado, a mulher com presença de espírito sabe o momento certo de bater-se em retirada. Entre as centenas de homens que entrevistei para este livro, mais de 90% concordaram que preferem as poderosas. Alguns deram risada, como se o seu maior segredo acabasse de ser revelado. “Os homens precisam de um desafio mental”, ouvi mais de uma vez.

(...)

AUTORA: Sherry Argov

sábado, 11 de dezembro de 2010

Mais vendido 01 (Literatura): Comer, Rezar, Amar.

Trecho de Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert

Eu queria que Giovanni me beijasse.

Ah, mas são tantos os motivos que fariam disso uma péssima ideia... Para começar, Giovanni é dez anos mais novo do que eu, e – como a maior parte dos rapazes italianos de vinte e poucos anos – ainda mora com a mãe. Só esses dois fatos já fazem dele um parceiro romântico improvável para mim, já que sou uma americana de trinta e poucos anos que trabalha, acaba de passar por um casamento falido e por um divórcio arrasador e interminável, imediatamente seguido por um caso de amor apaixonado que terminou com uma dolorosa ruptura. Todas essas perdas, uma atrás da outra, deixaram em mim uma sensação de tristeza e fragilidade, e a impressão de ter mais ou menos 7 mil anos de idade. Por uma simples questão de princípios, eu não imporia essa minha pessoa desanimada, derrotada e velha ao adorável, inocente Giovanni. Sem falar que eu finalmente havia chegado à idade em que uma mulher começa a questionar se a maneira mais sensata de superar a perda de um lindo rapaz de olhos castanhos é mesmo levar outro para sua cama imediatamente. É por isso que já faz muitos meses que estou sozinha. É por isso, na verdade, que decidi passar este ano inteiro sozinha.

Diante do que o observador mais arguto poderá perguntar: "Então por que você veio para a Itália?"

E tudo que posso responder – sobretudo quando olho para o belo Giovanni do outro lado da mesa – é: "Boa pergunta."

Giovanni é meu parceiro de intercâmbio de línguas. Isto pode parecer uma insinuação, mas infelizmente não é. Tudo o que realmente significa é que nós nos encontramos algumas noites por semana aqui em Roma para praticar o idioma um do outro. Primeiro conversamos em italiano, e ele é paciente comigo; em seguida, conversamos em inglês, e eu sou paciente com ele. Descobri Giovanni algumas semanas depois de ter chegado a Roma, graças ao grande cybercafé da Piazza Barbarini, do outro lado da rua, em frente àquele chafariz com a escultura de um homem com rabo de peixe soprando sua concha. Ele (Giovanni, não o homem com rabo de peixe) fixara um anúncio no quadro de avisos explicando que um italiano nativo estava procurando alguém que falasse inglês para treinar conversação nas duas línguas. Logo ao lado do seu anúncio havia outro com o mesmo pedido, absolutamente idêntico em cada palavra, e até na fonte usada. A única diferença era a informação para contato. Um dos anúncios trazia o endereço eletrônico de um tal Giovanni; o outro tinha o nome de um tal Dario. Mas até o número do telefone residencial era o mesmo.

Usando meus aguçados poderes de intuição, mandei um e-mail para os dois homens ao mesmo tempo, perguntando, em italiano: "Será que vocês são irmãos?"

Foi Giovanni quem respondeu com este texto muito provocativo: "Melhor ainda. Gêmeos!"

Sim – muito melhor. Gêmeos idênticos de 25 anos, altos, morenos e lindos, conforme vim a descobrir, com aqueles gigantescos olhos castanhos de pupilas líquidas que os italianos têm e que simplesmente me tiram o chão. Depois de conhecer os rapazes pessoalmente, comecei a me perguntar se por acaso eu deveria ajustar um pouquinho minha regra quanto a permanecer solteira durante este ano. Por exemplo, talvez eu pudesse permanecer totalmente solteira excetopelo fato de ter dois lindos irmãos italianos de 25 anos como amantes. Isso me lembrava um pouco um amigo meu que é vegetariano, mas come bacon, e no entanto… Eu já estava escrevendo a minha carta para o fórum de alguma revista masculina:

Em meio à penumbra bruxuleante iluminada pelas velas do café romano, era impossível dizer de quem eram as mãos que acariciavam…

Mas não.

Não, não, não.

Interrompi a fantasia no meio. Aquele não era o momento para eu arrumar uma história de amor e (conseqüência óbvia e inevitável) complicar ainda mais minha já tão enrolada vida. Aquele era o momento para eu procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão.

De todo modo, àquela altura, em meados de novembro, o tímido e estudioso Giovanni e eu já havíamos nos tornado grandes amigos. Quanto a Dario – o mais extrovertido e festeiro dos dois irmãos –, eu o apresentei à minha encantadora amiguinha sueca, Sofie, e o modo como eles têm compartilhado as suas noites em Roma é outro tipo completamente diferente de intercâmbio. Mas Giovanni e eu só fazemos conversar. Bom, comer e conversar. Já faz várias agradáveis semanas que temos comido e conversado, dividindo pizzas e gentis correções gramaticais, e a noite de hoje não foi nenhuma exceção. Uma noite maravilhosa regada a novos idiomas e mozzarella fresca.

Agora é meia-noite e o tempo está enevoado, e Giovanni me acompanha até meu apartamento por aquelas ruelas de Roma que serpenteiam de forma natural em volta dos antigos prédios como pequenos riachos coleando ao redor das sombras formadas pelos densos bosques de ciprestes. Agora estamos diante da minha porta. Estamos de frente um para o outro. Ele me dá um abraço caloroso. A coisa já evoluiu; durante as primeiras semanas, ele só fazia apertar minha mão. Acho que, se eu ficasse na Itália por mais três anos, poderia até ser que ele tomasse coragem para me beijar. Por outro lado, ele poderia simplesmente me beijar agora mesmo, esta noite, aqui mesmo junto à minha porta… ainda há uma chance… quero dizer, nossos corpos estão colados sob o luar… e é claro que isso seria um erro terrível… mas mesmo assim o fato de ele poder realmente fazer isso agora é uma possibilidade tão maravilhosa… ele poder simplesmente se curvar… e… e…

Que nada.

Ele solta o abraço.

– Boa-noite, cara Liz – diz ele.

Buona notte, caro mio – respondo. Subo as escadas até meu apartamento no quarto andar, sozinha. Entro no meu pequenino quitinete, sozinha. Fecho a porta atrás de mim. Mais uma noite solitária em Roma. Mais uma longa noite de sono pela frente, sem ninguém nem nada na minha cama a não ser uma pilha de guias de conversação e dicionários de italiano.

Estou sozinha, inteiramente sozinha, completamente sozinha.

Ao absorver essa realidade, largo minha bolsa, caio de joelhos e encosto a testa no chão. Ali, ofereço ao universo uma fervorosa oração de agradecimento.

Primeiro, em inglês.

Em seguida, em italiano.

E então – só para ter certeza – em sânscrito.

FONTE: http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/comer-rezar-amar.shtml

Canção do Dia: Ternura Antiga (Alcione / Bethânia)