"Sou grato pelo acesso que sempre tive a bons livros, desde criança. Amo livros pelo que trazem em expansão de conhecimento e troca universal de idéias. Admiro as linguagens que expressam essas idéias e o suporte em que trafegam, o livro em seu aspecto físico, capaz de gerar uma atração que não difere da que se tem em relação ao design e a tecnologia de um iPod hoje em dia.
Um conto fantástico de Cortazar, dos anos 70, fala sobre o momento em que há tanta gente no mundo escrevendo e publicando que os continentes regurgitam montanhas de livros, transformando os mares em uma pasta de papel que seca ao sol, fazendo encalhar os navios. Meu filho Rudah o interpretou como uma premonição da internet de hoje, um ambiente em que todos são virtualmente autores.
Para além de outra imagem do conto de Cortazar, a do fim do mundo, não veremos tão cedo o fim do livro. Nenhum especialista em tecnologia prevê o fim do fogo, da roda ou do alfabeto, embora sempre haja alguém predizendo a extinção do livro, lembra-nos Gabriel Zaid,
Nós não aprendemos a ler, escrever e pensar melhor porque somos pobres ou somos e continuaremos pobres justamente por não sermos leitores? O que nos custa mais caro, combater a ignorância ou mantê-la? Seremos para sempre a grande plantation contratada para comerciar os recursos naturais até sua exaustão? Se há uma bandeira prioritária para construir um futuro sustentável, que seja em favor da educação básica, do acesso à leitura e à escrita. O que podemos fazer, imediatamente, para melhorar as bibliotecas e escolas?
Caco de Paula, jornalista, é coordenador e conselheiro do Planeta Sustentável
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