"Orgulho Machadiano”
Brás Cubas, o defunto-autor de
Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos
e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele
percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente à intolerância
religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento.
Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste
intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis,
seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão
constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme
Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o
equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber
que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que,
embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos
devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade
religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões
diferentes.
Segundo pesquisas, a religião
afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o
preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com
Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir
essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso
se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma
família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência
em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa,
transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de
preconceito, perpetuando o problema no Brasil.
Infere-se, portanto, que a
intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe
ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra
religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de
aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre
as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as
diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso.
Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de
conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim,
poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um
legado de que “Brás Cubas pudesse se orgulhar."
TAREFA: Extraia o projeto de texto de exemplo. Siga o modelo apresentado em sala.
Por: Larissa Cristine Ferreira, 20 anos (Enem 2016)