AS FACES DA BAJULAÇÃO
Carolina Destro Borges |
“Todo bajulador vive à custa
de quem lhe dá ouvidos”. Jean de La Fontaine revela que a bajulação é uma
relação de afeto mútuo em que o locutor é alimentado pela inocência da vítima.
A adulação é dotada de opiniões divergentes, ora é considerada um defeito, ora
uma virtude. Contudo, o ato de bajular traz consequências, e algumas dúvidas
surgem: quais os motivos de se tornar um bajulador? O que a prática da
bajulação pode acarretar aos envolvidos? Se afetada, como a vítima reage à ação
do outro?
O bajulador, vulgarmente
chamado de puxa-saco, age com propósitos vários, previamente estabelecidos. As
razões que levam um indivíduo a essa prática estão fundamentadas em um objetivo
final: o próprio benefício. A fábula “O Corvo e a Raposa” de La Fontaine aborda
esse tema envolvendo uma personagem que, geralmente, é vista como bajuladora, a
raposa. Esta elogia o corvo e consegue um pedaço de queijo, porém a bajulação
vai muito além... O lisonjeador pode ter motivos maiores, como elevar-se em um
grupo deixando os outros prejudicados, aquém daquele. Portanto, os aduladores
têm diversos motivos, porém sempre almejam tirar proveito da situação.
A bajulação massageia o ego
do bajulado e acaba por acarretar consequências. Por sua vez, o adulado pode
responder de diferentes maneiras: caso o ato de bajular influencie positivamente, a
autoestima da vítima aumenta, porém se o contrário ocorrer, isto é, caso a
influência seja negativa, pode causar depressão e o sentimento de ódio. Francis
Bacon, o fundador da ciência moderna, disse “a baixeza mais vergonhosa é a
adulação”, qualificando “adular” como um termo pejorativo. A bajulação é vista
como a necessidade de ouvir o que deseja e a incapacidade de aceitar a verdade.
Sendo assim, a lisonja virtuosa, ou não, resulta em consequências.
Dessa maneira, a adulação é enfrentada
de diversas formas e possui diferentes causas e efeitos. Por isso algumas
mudanças são imprescindíveis para que a honestidade prevaleça. Cabe às empresas
promoverem palestras de alerta à sociedade. Além disso também é necessário que
as escolas façam debates sobre prevenção à bajulação. Porém, a mudança mais
efetiva abarcaria a educação que os pais dão aos seus filhos, mostrando-lhes
que a sinceridade é sempre o caminho certo a ser seguido. Assim, poderíamos
viver em um mundo mais justo e verdadeiro.